-Vocês foram embora tão cedo...-Encostei na parede em busca de apoio.
Eu tinha apenas 13 anos quando elas foram embora. Me disseram que elas tinham morrido. Eu não acredito no que meus olhos estão vendo.
-Não aguentávamos mais.-Lena falou.
-Nossos pais são pessoas horríveis. Não queríamos envolver você nessa história, pois achávamos que iam achar nós duas e piorariam as coisas. Mas...Parece que descontaram em você.-Lara disse. Eu havia me esquecido que ainda haviam hematomas espalhados por meu rosto e pescoço.
-Agora só temos o nosso pai.-Sussurrei. Eu matei a nossa mãe. Eu sou um monstro.
Era isso que eu queria falar.
-Como assim? Aconteceu alguma coisa com ela?-Lena falou o "ela" com desprezo e nojo.
-Ela morreu. Eu presenciei.-Eu matei ela.
-Eu...sinto muito.-Lena veio mais para perto. A irmã acompanhou seus passos.
-Está tudo bem. Já passou.-Forcei um sorriso. Eu tive muita intimidade com minhas irmãs quando éramos pequenas, elas eram meu porto seguro.
Então elas foram embora.
Levaram minha coragem, minha felicidade, tudo.
-Seu cabelo ficou lindo azul...-Lena comentou. Acho que foi um comentário que saiu sozinho, pois ela corou depois.
-Obrigada.-Dei um sorriso de canto.
-Não querendo estragar essa cena linda, mas...a aula já vai começar.-Dom chegou perto da gente. Eu peguei a mão dele e entrelacei nossos dedos.
-Dom, essas são minhas irmãs. Lara e Lena.-Por mais que parecesse impossível, eu conseguia diferenciar elas facilmente. Não por roupas, elas se vestiam sempre iguais. Eu sabia pelo jeito delas e por causa dos olhos.
-Oi.-Dom não era muito bom em se apresentar, então sorriu torto. As duas retribuiram o "oi" em coro.
-Ele é o meu noivo.-Sorri, um pouco envergonhada. Quando se tem 18 anos, dificilmente já se tem alguém na qual quer carregar para a vida toda. Dominic era diferente. Não estávamos sendo precipitados. Estendíamos os sentimentos um do outro mais do que os de nós mesmos.
-Certo, então vamos para a aula!-Lara falou, sorrindo.
Talvez eu fosse destinada a ser feliz depois de sofrer tanto.
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Menina depressiva
Ficção GeralTristeza define Florence.Nunca fora uma menina de muita conversa,mas sim muito agressiva.Não está sozinha mas...se sente assim.Ela vai encontrar a felicidade com um pouquinho mais de fé.