A Profecia

Cap.3

Dentro do pomar, Nice estava encantada com toda aquela variedade de plantas e até árvores relativamente pequenas. O cheiro ali era agradável, parecia que cada muda possuia um perfume diferente e melhor que o anterior. Nice chegou perto do homem que procurava ficando ali alguns segundos esperando ser notada, quando percebeu que o senhor estava concentrado demais observando uma arvore de coloração escura pra poder nota-la, pigarreou alto.

-Ah, oi nice.- disse enquanto se virava pra ela - Gostou do pomar?

- Sim, é muito bonito.

- É sim, mas você não veio aqui pra falar dele, veio? - falou gentilmente

- Não, na verdade vim por que tenho muitas perguntas.

-Imagino. Fique a vontade pra perguntar o que quiser.

- Em primeiro lugar, que lugar é este e por que estou aqui?

- Isto vai ser complicado de intender minha jovem, mas você está na academia de treinamento magico e você está aqui porque é uma de nós. - Nice possuia uma expressão de confusão, que fez com que o senhor continuasse. - O mundo como você conhece na verdade é apenas uma parte dele, existem outras coisas q a maioria dos não possuidores de magia não conhece. Este lugar é como uma escola, aqui ensinamos a controlar seus poderes e se aprofundar na nossa cultura.

- Espera, o que quer dizer com "uma de nós"?

- Nós somos bruxos! Me surpreende que você não tenha notado coisas estranhas acontecendo com você. as artes mágicas são exatamente aquilo que praticamos, é o que conseguimos fazer que nos diferencia do resto do mundo, seja isto um feitiço, adivinhação ou outra arte.

-Ok, digamos que a magia realmente exista, por que eu nunca ouvi falar de nada assim antes?

- Tem certeza q nunca ouviu? Há inúmeras histórias sobre nosso povo por aí, pessoas q prevem o futuro estam espalhadas por todo lugar, bem a vista. O único problema é que vocês escolhem não acreditar, preferem dizer q é imaginação, estatística e inúmeras outras coisas.

Nice tentava digerir toda aquela informação, tudo bem que sua vida não era tão normal assim, haviam seus sonhos estranhos mas nada que pudesse ser classificado como magia. Aquilo tudo só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto.

- Bom, eu só acredito vendo. Sem ofensas. -acrescentou preocupada.

Sem dizer uma palavra o homem gesticulou na direção de uma muda ao seu lado, no mesmo instante começaram a surgir pequenos botões de rosas, que desabrocham e cresceram dando lugar a belas flores, que se desprenderam das mudas e comecaram a flutuar em torno de Nice. Tudo em questão de segundos.

Nice pasmou. Flores não cresciam do nada, numa velocidade como essa e muito menos voavam.

-Isso é impossível. - falou mais para si mesma que para o homem ao seu lado.

- Querida, aqui você vai descobrir que o impossível não é tão impossível assim. Venha, siga-me por favor, vou lhe apresentar o camp.

As flores cairam no chão assim q o senhor deus as costas fazendo com que Nice levasse alguns segundos para lembrar que deveria segui-lo.
Saindo do pomar e seguindo pelo caminho de pedras, Nice notou que o homem parecia não fazer nada para que a cadeira de rodas se movesse, nem empurrava as rodas e nem parecia apertar algum tipo de botão.

- Aqui é o nosso campo de treinamento. Não é obrigatório aprender a lutar ou a esgrimar porém acrescentará muito a você como bruxo.

Nice não achava que aquele senhor simpático tinha cara de bruxo. Olhou em direção ao que seria o campo de treinamento e notou que este era bem organizado, divido em áreas para artes marciais e para esgrima cada uma com uma estante no canto possuindo os equipamentos necessários, além disso havia um espaço onde jovens praticavam um tipo de tiro ao alvo, mas sem arma nenhuma.

- O que eles estão fazendo? - perguntou Nice apontando para os jovens.

- Estão praticando feitiços, de prestar atenção poderá ver que estão murmurando algo.

Era verdade, segundos antes do alvo ser atingido os jovens sussurravam algo, mas não parecia ser na língua de Nice.
Antes que ela pudesse perguntar mais alguma coisa o homem seguiu em direção à uma construção antiga de 3 andares.

- Aqui é a nossa escola, onde você vai aprender a aperfeiçoar seus dons. - e seguiu adiante.

- Meus dons? - disse enquanto se apressava para acompanhar o senhor.

- Sim - disse sem olhar pra trás - existem 3 dons que um bruxo pode ter além daquele herdado por cada família: a capacidade de prever o futuro, de fazer magia com a mente sem pronunciar uma única palavra e a habilidade de conjurar um animago. Porém é extremamente raro que um bruxo possua dois ou mais dons além do herdado.

Nice permaneceu calada, era muita coisa para processar, parecia loucura.
Olhando para frente avistaram uma imensa floresta. Era linda, com arvores que pareciam tocar o céu, com folhas coloridas desde o normal verde até o pink.

O caminho pelo qual seguiam não adentrava a floresta, apenas seguia pelos seus arredores.

- Esta é a nossa floresta, muitos jovens vêm aqui nas suas horas vagas, é considerada a área de lazer. Porém eu aconselho que não adentre demais, não se sabe o que pode encontrar.

Nice quase não escutou o que ele dizia, a beleza da floresta era grande demais para que ela prestasse atenção em qualquer outra coisa.
Viraram em uma curva e voltaram a enxergar o pomar, mas estavam perto das cabanas que Nice viu ao sair do quarto onde acordou.

- Chegamos aos chalés. Será a sua casa enquanto você estiver aqui, está organizado em ordem alfabética. Venha, o seu é este aqui. - e parou em frente a um chalé cinza escuro de tamanho mediano localizado no final da fileira de cabanas.

Nice olhou encantada, prestando atenção em cada detalhe e notou uma plaquinha a cima da porta.

- O que significa "iluminatto" ?

- Querida, este é o nome da sua família.

O coração se Nice parou por um segundo. Em sua mente ela reprisou toda a sua infância e adolescência no orfanato, sofrendo ao pensar que sua família havia lhe abandonado, sofrendo não saber se parecia mais com o pai ou com a mãe, sentindo-se péssima por acreditar que a pessoa que a colocou no mundo não dava a mínima pra ela. Nunca fora adotada, assim que atingiu os 18 anos foi embora do orfanato e começou a trabalhar como garçonete para se sustentar.
Pensar que sua família era de um mundo novo e diferente do qual ela não conhece minimamente fazia seu coração doer um pouco mais.

- Minha família? - falou num fiapo de voz

- Sim, uma família de bruxos poderosos, infelizmente você é a única que restou.

- Estão mortos? - Claro que aquilo ja tinha passado pela cabeça dela, mas ter a certeza era ao mesmo tempo aliviador e esmagador.

- Lamento dizer que sim.

Nice se calou, não tinha mais o que dizer, as perguntas que tinha desapareceram de sua mente dando lugar a uma única afirmação, seus pais estavam mortos. Eles não puderam cuidar dela, por mais que quisessem.

Depois de um momento de silêncio o homem continuou - Bom, naquela direção está a infermaria e o pomar os quais você ja conhece. Agora acredito que você precise de um tempo só, mais tarde mando o cronograma de aulas, claro, se você resolver ficar. - e começou a ir embora, mas se virou e acrescentou: - A propósito, meu nome é Thiago.