Dias Atuais

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Claire

QUANDO EU ERA PEQUENA MEUS AVÓS CONTAVAM histórias sobre anjos para me fazer dormir.

Eu estou sonhando novamente com Ele. Droga. Os sonhos estão ficando cada vez mais frequentes e isso me assusta um pouco.

—Senhorita Daves!—sou interrompida dos meus sonhos pelo professor de ciências que está surtando ao lado da minha classe. —Dormindo novamente em aula senhorita Daves? Acho que já passou dos limites senhorita. Direção, agora!

Ótimo levaria uma advertência.

Eu não estava dormindo na aula por estar entediada, mas porque esses sonhos me perseguem. Ninguém nunca entendia, nem mesmo meus pais entendiam. Eu era perseguida por aquele sonho.

O professor Starks ordenou que eu me levantasse e fosse até a direção. Revirei os olhos, indiferente e me levantei, caminhando lentamente até a porta. Algumas meninas ao fundo riam e cochichavam baixinho. Senti vontade de socar o rostinho cheio de maquiagem delas, mas me controlei, pois uma advertência já era o suficiente.

Enquanto andava pelo corredor alguns bocejos denunciavam o sono que eu precisava recuperar. Ouvi um grito do senhor Starks que me apressava.

Depois de passar na diretoria e pegar minha advertência voltei à sala de aula para pegar minhas coisas.

—Tchau dorminhoca. —disse Mona, uma garota filhinha de papai que me detestava por ter beijado o seu namoradinho de infância, enquanto eu saia pela segunda vez pela porta. —Cuidado para não babar novamente na mesa.

Franzi os olhos para ela e mostrei meu dedo do meio com um sorriso cínico.


—Deixe-me adivinhar Claire, você levou outra advertência?

Minha mãe estava de braços cruzados e postura firme. Assenti com a cabeça, indo até a cozinha e pegando um copo para tomar água. Mamãe foi até a cozinha, esperando para ouvir a desculpa que eu daria. Mas, dessa vez, não inventei desculpa nenhuma.

—Me desculpa mãe. Prometo que vou melhorar.

Eu a abracei para reconforta-la e ela, retribuindo ao abraço, acariciou meus cabelos louros. Mamãe era do tipo "prepotente" apenas quando eu fazia algo errado, e isso acontecia o tempo todo, pois eu não era uma garota muito "responsável". Papai trabalha no hospital de Skye Falls e minha mãe é advogada, acho que talvez seja por isso que ela está sempre tentando argumentar comigo.

Depois do nosso abraço maternal eu subo para o meu quarto com outro copo, mas esse está com refrigerante de uva não com água. Meus pais e meus avós são maravilhosos comigo, devo minha vida a eles, que me adotaram e me criaram, mas me sinto como se faltasse algo; sinto-me incompleta.

Deito-me na minha cama e coloco os fones de ouvido. Meus pensamentos começam a pesar e acabo pegando no sono novamente. O sonho volta...

Estou sendo carregada por alguém. Um homem. Um homem de barba branca e pele um pouco bronzeada. Eu sorrio para ele e ele sorri de volta acariciando minha bochecha. Ele está me levando para algum lugar. Uma voz... Feminina. Ele me entrega para a mulher que me pega com cuidado e me dá um beijo na bochecha.

—Durma. E sonhe com os anjos meu amorzinho.

Palpitações tomam conta do meu coração e eu acordo. Ainda estou na minha cama e sinto algo escorrer do meu rosto. Suor, muito suor. O ar falta em meus pulmões e me sinto gélida. Levanto da cama procurando meu celular e vejo-o jogado no chão. Está quebrado. Como isso aconteceu? Não faço a menor ideia. Ao passar pela janela vejo um garoto da mesma idade que eu, aparentemente, passar de bicicleta. O entregador de água mineral, diz minha consciência. Pego algumas peças de roupa e entro para o banheiro para tomar um banho quente.

A Rainha dos Caídos-OriginalOnde histórias criam vida. Descubra agora