Capítulo 2

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Quando acordei estava em uma enfermaria com outras duas pessoas, jovens como eu. Uma delas dormia e a outra estava mexendo no celular e não percebeu que eu havia acabado de acordar.

Estava no hospital em que trabalhava, não tinha dúvidas. Minha cabeça doía de uma forma diferente, estava pesada, como se minha cabeça pesasse mais que meu corpo. Uma azia fortíssima me tomou e eu virei para o lado, expelindo tudo que havia no meu estomago. Um líquido amarelo chamou minha atenção. Comecei a tentar lembrar o que tinha acontecido, a pensar quanto tempo estava ali.

Apertei o botão na lateral da cama e chamei pelo enfermeiro.

-Caramba – Ele disse assim que me viu – Chama alguém da limpeza para esse quarto – Disse mais alto.

Ele caminhou até mim com o olhar de pena e preocupação.

-Dra. Vasconcelos, como a senhora está se sentindo? – Ele me perguntou ao mesmo tempo que verificava o soro.

Alguém tinha tirado minhas lentes. Não estava enxergando nada distante.

-Estou enjoada e com a cabeça dolorida – Respondi – O que tem nesse soro? – Eu perguntei, ele olhou para mim e não respondeu.

-A senhora lembra do que aconteceu?

-Apenas que estava com o Luiz e um assaltante entrou no quarto e me empurrou... – A dor de cabeça veio mais forte, junto com o enjoo.

O enfermeiro ajustou a cama, me colocando sentada.

-Onde está o Luiz?

-Ele está em outro quarto, está estável – Respondeu e eu continuei a encara-lo – Ele sofreu um ataque com arma branca, mas está bem agora.

-Eu estou muito enjoada – Disse tentando me manter sentada e não cair para o lado.

-Já vai passar doutora, é o soro. Quer voltar a dormir? A senhora vai se sentir melhor.

-Não... eu preciso ficar acordada, me dê um pouco de água e chame o diretor do hospital, por favor. Ele sabe quem sou.

-Sim, ele pediu para avisa-lo quando você acordasse.

Ele saiu rapidamente e voltou com a minha água e saiu novamente. Assim que ele saiu, juntei todas as minhas forças para combater aquele enjoo e a tontura. O nervosismo que estava se estabelecendo dentro de mim estava gerando uma onda de adrenalina, junto com a sensação que eu precisava me preservar, que ainda havia perigo.

O diretor do hospital não demorou para aparecer. Assim que vi o sr. João algumas lágrimas escaparam. Você se sente tão perdida e vulnerável em um hospital, aquilo mexe com você e ver um rosto conhecido dá uma sensação de alívio tão grande que chega a ser indescritível.

-Ah, Cecília... não sei por onde começar – Disse segurando minha mão.

Ele me olhava como se eu fosse filha dele. Aquele homem me viu crescer, sempre fui amiga do seu filho e em determinando momento fui sua nora. Eu tinha um grande carinho por ele, sabia que podia contar com ele.

-O que você se lembra? – Ele me perguntou.

-Lembro que alguém entrou no apartamento e me empurrou, era um assaltante! E só... isso aconteceu quando? Que horas são? O Luiz foi esfaqueado, pelo que soube, mas ele realmente está bem? – Perguntei e bebi um pouco mais de água.

-Tudo bem, você lembra de algumas coisas – Ele disse pensativo – Tudo aconteceu ontem, são 15h agora. Luiz está bem, está estável, está acordado.

Causa et effectusWhere stories live. Discover now