Capítulo 1

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“SAI!” gritei com toda a minha força.

“Mãe…!” choramingou o meu irmão.

O Derek Kydd é o meu irmão mais novo, uma peste de 8 anos que me faz a vida negra. É pior que uma melga, raios! Ele é um rapaz razoavelmente pequeno, com uma carinha de anjo e basta um “beicinho” e tem tudo o que quer às horas que quer.

Nesse momento, a minha mãe entra no meu quarto com um pano nas mãos e um avental com uma ovelha a dizer “Méééé”, onde é que ela foi buscar aquilo?! A uma venda de garagem? Joane Paker, é o seu nome de solteira, é a pessoa mais linda que já vi, tanto por dentro como por fora. Tem uns grandes olhos verdes penetrantes, tornando-se verdes azulados quando a luz do sol embate neles. Tem 40 anos e parece que a idade não a atinge, e sinto inveja disso. Tenho reparado, que nos últimos dias, têm nascido pequenas rugas debaixo dos seus olhos. 

“Carrie! Não podes falar assim com o teu irmão!” lá estava ela a defender o menino de ouro. “Ele está a passar por uma má fase…”

“Oh, claro. Só e apenas o Derek é que está a passar por um mau bocado? E eu? Eu também não fui filha dele? Deixem-me em paz e não arranjo problemas para NINGUÉM. Porra, vocês não percebem isso? Querem que vos faça um desenho, é isso?” cuspi.

Viro as costas e olho para a pequena janela do quarto. Ainda ouço a minha mãe murmurar um “Desculpa” antes de se retirar. Odeio extremamente falar assim com ela. Depois da… morte do meu pai, a casa nunca mais teve a sua alegria. É só discussões atrás de discussões. Tudo aconteceu quando eu e o meu pai, Sebastian Kydd, fomos buscar o meu irmão ao treino do futebol. Eu e o Derek estávamos nos bancos de trás pegados, quase numa luta, o nosso pai retira o seu cinto e vira-se para trás tentando separar-nos, até que perde o controlo do carro e embate contra uma árvore, teve logo morte imediata. 

Para o Derek é difícil ver o pai a morrer mesmo à sua frente, mas eu também estava dentro do carro. Eu e o meu pai sempre fomos muito chegados, sempre conversei com ele sobre desgostos de amor, era tipo o meu segundo melhor amigo. Odeio sentir o vazio que sempre que chego a casa e não o ver na sala a ver um jogo de futebol. Este lar está cheio de recordações dele, desde as marcas dos arranhões no chão do corredor devido às correrias que fazíamos para tentar fugir das suas cocegas. 

Pego no telemóvel e a primeira imagem que vejo é a minha e do meu melhor amigo, Harry Styles. Conheço-o desde que nasci, porque as nossas mães conheceram-se no liceu e a partir daí foram inseparáveis, tal e qual como eu e ele, só que ele é mais velho que eu 4 anos. Tem o cabelo encaracolado que amo mexer quando ele adormece em minha casa, os seus olhos verdes intensos como os meus. Apenas temos uma diferença, ele é enorme e eu sou mesmo muito pequena e ele gosta de me chama “Tamanho Pequeno” é um nome horroroso, mas amo quando é ele a dizê-lo. Esteve lá para mim quando eu mais precisei, foi o meu “porto seguro” e jamais conseguirei pagar por isso. Sorrio, entre lágrimas, perante as nossas caras de retardados.

Marco o número dele e no segundo toque ele atende.

“Bom dia, Carrie” aquela voz rouca que se nota logo que acabou de acordar. Imagino-o mexer no cabelo despenteado.

“Bom dia, Harry!” respondi, mexendo numa madeixa de cabelo.

“Está tudo bem?”

“ É tu sabes, normal…”

“Princesa, minha rainha, meu diamante, minha pedra preciosa…”

“Harry…” chamei calmamente.

“Meu jardim de túlipas, meu oásis, minha Cleópatra…”

“HARRY, PORRA” gritei para o calar.

Ouvi o seu riso contagiante e é impossível não me juntar a ele. A partir dos meus 14 anos sempre senti por ele a “chama da paixão”, mas a diferença de idades e o medo de destruir a nossa amizade foi o problema. Mostro sempre que o amo, mas ele tenta sempre dar a volta ao assunto, assim tive sempre de aturar as suas namoradas, yap, por causa dele nunca tive namorado e o meu primeiro queria que fosse o Harry. 

“Eish, calma, rapariga. Precisas de alguma coisa?” mudou a sua voz de brincadeira para uma de “estou-a-falar-a-sério”

“Precisar, preciso… Precisava de ouvir a tua voz!”

“Carrie… Nós já falamos sobre isso. Ambos não queremos destruir o que construímos durante anos” 

“Eu sei, Harry, eu sei. Mas não consigo resistir-te” 

“Bem eu vou ter de ir. A minha mãe está a chamar-me. Adoro-te melhor amiga.”

Pouso o telemóvel em cima da minha mesinha de cabeceira. Desço à procuro da minha mãe e do meu irmão, ambos estão no piso debaixo, na cozinha. Vejo que ambos estão muito sérios e decido virar-me para ir embora.

“Carrie, precisamos de falar, os três” disse a minha mãe.

E lá vinha o assunto que eu evitei falar todo Verão!

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