Capítulo 23

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O vento embate na minha cara e afasta o meu cabelo loiro dos meus ombros. Só agora é que reparo como estou cansada, mal consigo andar, tenho de fazer um enorme esforço.

Viro na direção da casa da Mirian, passo para o outro lado, lembrando-me como tenho saudades de a ver e de falar com ela… Ela era tudo o que tinha aqui. Vejo-a no banco de jardim da casa dela, a brincar com a irmã mais nova e hesito. Será boa ideia ir falar com ela? Afinal de contas, não fui correta com ela, mas a culpa também não é minha.

Chego perto do portão e saudo-a com um certo nervosismo.

“Olá”

“Oh, olá” ela diz e mexe no cabelo.

“Tu tens razão, no que disseste esta manhã, só que eu sou muito orgulhosa e… pronto, desculpa também.”

Espero por uma resposta dela, mas não a obtenho, assinto e vou afastando-me, e sei, neste preciso momento que perdi a minha melhor amiga por não a ter perdoado neste manhã. Se o arrependimento matasse, eu já estaria morta e enterrada.

“Carrie…” ela chama e viro-me “Estás desculpada, sempre estiveste”

Ela sorri e corre para os meus braços. Dá-me um abraço e como ela está com saltos altos, está alguns centímetros mais altos que eu, dá-me um beijinho no topo da cabeça. Sorri, uma vez mais e volta para junto da irmã, mais contente, acho.

Chego a casa e deparo-me com os amigos do Derek, uns três. Meu deus, aturar o Derek é difícil, aturar… três provavelmente, parecidos com ele, eu darei em tola. Eles estão a correr por todo o lado, com brinquedos no ar.

“DEREK” grito e todos param, olhando para mim.

Ele aparece no meio dos sofás e sorri como quem diz “Faremos pouco barulho”.

“A mãe?” se a minha mãe estivesse aqui, era melhor. Ela odeia barulho.

“Foi às compras, eles vão jantar aqui” ele responde, triunfante.

Fico tão feliz por ele ter arranjado vários amigos e por aquele receio de nunca ter amigos desaparecesse.

Pego no meu telemóvel e abro o contacto do Harry. É agora ou nunca. O meu coração bate a mil. Estou a alguns segundos de o perder, de o poder perder para outra ou até mesmo de perder o meu melhor amigo. Ele nunca irá perdoar-me, nem ele, nem eu a mim própria por fazê-lo sofrer, desta maneira, o que pior que pode acontecer é a traição. O que é se passa comigo?

“Amor…” a voz rouca soa.

O meu coração parte-se e começo a chorar. Porque é que eu fiz isto? Eu amo-o, é a ele que eu amo, não ao Zayn. Ele nunca esteve lá para mim, o Harry sim. O Zayn é que me provoca e como eu estou vulnerável por não ver o Harry há mais de 3 semanas, eu fui na onda dele. Não, nada do que fiz tem uma desculpa possível.

“Harry, e-eu… fiz… uma coisa… terrível” eu choro, e sinto um aperto na minha garganta.

Ele está em silêncio, provavelmente à espera que prossiga, mas eu sou incapaz.

“Harry, eu…” paro-me. “Eu amo-te e é por estares longe e vulnerável que fiz isto, e eu sei que aquilo que fiz não tem desculpa, mas… eu beijei o Zayn”

Ouço um suspiro de surpresa por parte dele, e sinto-me a desmoronar-me.

“Carrie…”

“Não, Harry, ainda não acabou. Lembraste daquilo na casa de banho, quando nós…?” coro assim que me lembro do grito-gemido que dei. “Pronto, eu estive atrasada e…”

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