De mimado à maltratado

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Era um novo ano escolar começando, e eu só estava animado para saber das novas garotas que iriam entrar na  minha escola. Acordo cedo para tomar um banho e ajeitar meu cabelo em um topete, tomo café da manhã e vou de encontro a casa do meu melhor amigo (João) para irmos juntos, como fazemos desde pequenos.
Vamos caminhando e conversando sobre as gurias que transamos nas férias. Por conta de ambos sermos do time de futebol, não temos dificuldade alguma de arranjar uma transa. Nunca, até então, eu teria sido rejeitado por alguém, afinal, eu sou gostoso pra caralho!
Chegando ao colégio, nós já começamos a andar pelos corredores sorrindo e piscando para algumas novatas, causando habituais reações de timidez.
O sinal toca e, por conta do tamanho do local, estudantes começam a correr de um lado para o outro procurando pelas suas respectivas salas. A gente, por outro lado, conhece essa escola como a palma de nossa mão, então continuamos calmos.
De repente, um garoto esbarra em mim e, ao deixar cair todos os seus livros, acaba por torcer o seu tornozelo.
-Aí.... Desculpa, moço!
Meu olhar trava no dele e eu sinto algo muito esquisito.Seu cabelo era curto mas volumoso e ondulado na medida certa. Seus olhos verdes brilhavam ao contrastar com a pele pálida. Eu fiquei viajando em seu rosto até que:
-Não vai ajudar ele, cara?- Disse Joao em tom de reprovação, o qual abaixa-se para ajudar o menino.
-Hm... É... Desculpa eu viajei aqui!-Disse envergonhado, sem ter ideia do que estava acontecendo
Mas eu sabia que o João só estava sendo legal por que deve ter se interessado nele, pois se não estivesse teria deixado o guri no chão mesmo.
Ele me contou que era bissexual há um tempo e eu nunca me importei muito, cada um é cada um, além do mais são mais possibilidades de foda, né?
Ao me abaixar para recolher algo, percebo que ele e João já teriam arrumado tudo, e me sinto um lixo por não ter feito nada.
-Posso ao menos de te levar á enfermaria?-Digo
-claro...-Diz ele em tom de desprezo
Coloco sua mão em meu ombro para ele se apoiar mas ele recusa e decide andar sozinho.
Algo em seus olhos, em sua feição, me deixou muito intrigado.
-Entao... Você é novo aqui?-Perguntei
-Sou-Diz ele rispidamente
-Me chamo Arthur, e você?
-Felipe
Chegando na Enfermaria, a moça diz que não é nada para se preocupar e coloca um gelo para aliviar a dor.
-Já que você é novo aqui, eu posso te levar em sua sala, qual é o número?
-13, é perto?
-É a mesma da minha -Digo sorrindo
Não tinha motivos para eu estar feliz, mas eu estava!
Logo chegamos à sala, em que o professor já começou a sua apresentação, mas conseguimos entrar tranquilamente e acabamos por nos separar em dois extremos da mesma.
Sempre fui dedicado mas, por alguma razão, não conseguia focar, apenas observava o rosto delicado desse novato.
Durante o dia não houve mais nenhum contato, mas eu pensava loucamente em algum motivo para usar de desculpa para conversar com ele.
No caminho de volta à casa -com o João- percebo que, um pouco adiante, o Felipe andava no mesmo caminho que nós.
-Arthur, será que esse garoto mora na mesma rua que a gente? Gostoso pra caramba, tô é louco pra comer ele...
Eu nunca tinha me incomodado por ouvir o João falar de outros caras, mas o Felipe, doce e tímido, não! Ele não poderia cair nas mãos do meu amigo, eu estava decidido!
-Ele me disse que tem namorado, voltando da enfermaria-menti
-Ah é? Quem sabe o meu tanquinho não agiliza esse término!- Diz ele maliciosamente
-Tem mais! Eu perguntei se ele se interessaria por você, pra facilitar, e ele disse que achou você bem feio!-Menti novamente
-Eu? Feio? Duvido! Deve ser só cú doce.
Ele entrou em uma casa, aproximadamente, dois quarteirões da minha.
Me despeço de João ao chegar à minha casa e passo o dia todo sem conseguir me concentrar em nada, a não ser no novato!
Pela noite, recebo uma ligação da Alice
-Gato, vai rolar aquele jantar hoje?
Eu tinha me esquecido completamente de ter marcado com a Alice hoje
-hmm, claro. Que horas passo aí?
-Em meia hora?
-Beleza
Me arrumo pouco e vou buscá-la.
Paro o carro e, na frente da sua residência, conversavam Alice e... O Felipe?
Os nossos olhares se chocam e ele desvia com ódio. Ela se despede do amigo e entra no meu carro.
-Quem é ele?
-o menino que eu conversava?É o meu melhor amigo, Felipe. Ele morava em outra cidade mas eu o fiz mudar pra cá só pra passarmos mais tempo juntos! Ele me falou que já te conhecia, pelo que percebi o viado não gosta muito de você não!-Disse ela rindo
Viado? Será que ele era gay mesmo? Senti um alívio pois agora minhas chances tinham aumentado...
-Não gosta? Será que eu ligo ou mando mensagem pra ele para me desculpar?-Falo preocupado
Ela deu gargalhada
-Deixa de exagero, o viado é super sentimental, sempre é ele que termina os rolos e namoros com os boys
-ah... Ele já namorou com muitos?
-Já, ele é super conhecidinho lá na outra cidade... Mas por que tais tão interessado, é viado agora?
-Não! Eu só estava curioso...
A conversa tomou outros rumos mas eu só queria falar sobre o Felipe.O jantar logo acabou e começo a dirigir.
-Eai, queres ir lá pra casa pra gente se divertir um pouco-Perguntou ela
-Vamos!-Falei animado.Ao menos assim tiraria ele da minha cabeça
Ela abre a casa dela e o Felipe via TV e comia pipoca.
-Vamos lá pra cima, fê! Já sabe, né?-Disse ela
-Sim, eu aumento o volume qualquer coisa
Achei que ele ficaria irritado ou incomodado com a minha presença... Mas ele simplesmente ignorou. Será que só eu senti a ligação?
No quarto dela, trocávamos beijos tirávamos as nossas roupas, mas eu não conseguia me envolver com a situação. Tentamos transar algumas vezes mas eu não conseguia ficar excitado. Alice logo se irrita e me manda embora.
Eu desço as escadas sozinho e o Felipe me olha com dúvida.
-Posso falar com você, lá fora?-Perguntei
Ele levanta do sofá e percebo que ele usava apenas uma camiseta e uma cueca, algo que deixava ele muuuuuito sexy! Fiquei excitado rapidinho.
Ele fecha a porta atrás dele e me encontra no jardim.
-Escuta... Desde hoje de manhã eu não consigo parar de pensar em você, e eu nunca senti isso por um homem antes...
-Pode para por aí! Você tá mesmo dando em cima de mim logo depois de brochar com a minha melhor amiga?
Eu fiquei envergonhado
-Como vc soube?
-Qual é, eu não sou idiota.
-mesmo assim, por você eu fico durinho!
Ele me olha com aversão
-Credo, nojento!
Ele começa a andar para a porta e eu o pego pelo braço:
-Por favor! Eu não sei o que eu estou sentindo, não sei o que fazer! Me sinto extremamente sufocado e terei medo de conversar com qualquer um sobre isso... Me ajude a entender!
Ele me olhou nos olhos, andou lentamente na minha direção e me beijou. Eu fiquei sem reação, totalmente paralizado. A sua língua explorava minha boca enquanto a sua mão descia pelo meu peitoral até chegar na minha virilha. Eu estava muito duro!
Ele desencosta os seus lábios dos meus e fala calmamente no meu ouvido:
-Você não é hétero.
Ele entra na casa e me deixa parado com a boca aberta e ainda encarando o espaço onde ele antes ocupava. Foi isso? Tudo pra me mostrar que eu também gosto de homens? Ele não sentiu nada? Me senti usado, sujo.
Pela primeira vez me sinto feio, inútil. Toda a minha elevada autoconfiança foi destroçada por esse garoto... E eu queria mais!!

O novato da escola (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora