" — Filha, por favor, sai dessa vida que você leva, um dia pode acontecer algo muito ruim com você! – Ouvia uma moça falar, e não a reconhecia de jeito nenhum.
— Quem é você? De onde me conhece? – Tentei dialogar com ela mas parecia que a moça ficava cada vez mais distante de mim.
Uma escuridão enorme se formou a minha volta e eu só ouvia risadas e choro de crianças. Tentava gritar e não conseguia, já estava agoniada, uma voz fina e medonha ecoava em minha cabeça dizendo "se cuide Amber, você vai morrer do próprio veneno", ficando cada vez mais forte e aguda."
Abri os olhos ofegante, tive um pesadelo horrível e acordei completamente apavorada. Percebi que a claridade não invadia meu quarto, como de costume. Olhei no relógio que fica em meu criado mudo, eram 18:00. Resolvi tomar um banho para esquecer o que havia sonhado. Esperei a banheira encher, me despi e entrei. Fazia muito tempo que não sonhava com coisas relacionadas ao meu "trabalho", odiava quando acontecia, pois me fazia lembrar de como cheguei até aqui, parecia que algo de vez em quando tentava me tirar desse mundo do crime. Comecei a repensar minha vida toda e lembrar de quando tudo começou.
FLASHBACK ON
— Você pode lucrar muito com isso Amber, é esperta e sabe negociar, podia investir. – Olhava para aquele senhor alto, que me dava calafrios na espinha.
— O senhor vai querer a cocaína ou não? Tenho outros clientes para tratar! – Disse ríspida, querendo cessar o assunto.
— Eu posso te ajudar pequena, é só confiar em mim que te farei crescer nesse mundo em que você tanto sonha em ser a rainha. – Ele olhava no fundo dos meus olhos.
FLASHBACK OF
Depois que fugi do orfanato onde vivia, resolvi que deveria encontrar algum modo de sobreviver, era vender drogas ou sentir o cheiro podre dos ratos que habitavam nos becos em que fiquei. Foi assim que tudo começou, vendendo o mínimo que podia para aqueles viciados nojentos que faltavam vender os órgãos por uma pedra de crack ou um punhado de maconha. Até um dia em que conheci Mike, não fazia ideia de quem ele era e nem o poder que possuía. Ele gostou muito de mim, disse que tinha determinação e jeito para cuidar desse tipo de negócio mas era muito nova para administrar algo tão grande, na época eu acabava de completar meus 16 anos. O tempo foi passando e eu fui aprendendo a lidar com esse mundo podre que é o meio do tráfico, a despistar os tiras, matar quem ousava chegar perto de mim e fui criando meu império. Mike nunca me deixou na mão, me ensinou tudo que sei hoje, foi muito difícil pra mim ver ele morrer, por mais que tenha conseguido me vingar sua morte com minhas próprias mãos. Ele foi a única família que eu tive na época, me moldou e me tornou em quem eu sou hoje, a maior traficante de Atlanta, quem manda e desmanda em todos os tipos de drogas que entram e saem daqui sou eu. Dois meses após a morte de Mike, eu soube que ele já sabia que não duraria muito tempo pois possuía HIV, devido às várias relações sexuais com desconhecidas que já havia tido, então resolveu me lapidar como um diamante, para ficar da forma que ele quisesse, pois precisava de alguém para cuidar dos seus negócios. Fiquei com tudo o que era dele, os seguranças, casas, galpões, até mesmo o seu sobrenome, inclusive, foi assim que conheci Ryan. Ele era o braço direito de Mike e agora é o meu. Não deixo Ryan por nada nesse mundo, o defendo com unhas e dentes e sei que ele faria o mesmo por mim. Apesar de pensar em desistir às vezes, esse é o meu mundo, eu nasci pra isso e não me vejo fazendo nada além de contar bons dólares arrecadados de carregamentos milionários que entram e saem por todas as vias comandadas por mim. Não foi nada fácil chegar até aqui, levei muito tapa na cara, ameaça de morte e já tentaram descobrir minha identidade milhares de vezes, graças a Mike isso ainda não foi possível e não vai ser tão cedo. Já se passaram cinco anos desde que Mike me deixou, e hoje em dia, se alguém ousar entrar no meu caminho e atrapalhar meus negócios, eu arranco a cabeça fora e mando de presente para família.
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Different Souls
ActionÀs vezes a vida te faz repensar. Quais são os seus princípios? No que você acredita? O que faria para defender suas causas? São questões que danificam o consciente mais que uma bala da melhor arma. Viver à beira do perigo e injetar na veia o venen...