Passei o resto do dia em meu computador, verificando as próximas cargas e organizando planilha dos gastos e lucros que teria com as mesmas. Além dos 800 pacotes de cocaina que chegariam da fronteira de Coton, viriam 50 kg de maconha do México, não havíamos decidido o dia ainda. Não podia dar brecha e os intervalos para envio dos produtos precisavam ser de no mínimo 5 dias, envolvia muito dinheiro e apesar de subornar alguns políciais, tinham outros que fariam de tudo para pegar as drogas nas rotas. Falando em rota, troquei algumas, nunca podemos usar a mesma para transportar mais de 4 cargas se não podemos ser pegos. Mandei as planilhas para o Ryan e deixei ele informado sobre as próximas reuniões. O dia foi bem produtivo pra mim, mas não saia da minha cabeça que havia um pau no cu me rodeando e eu queria encontrar ele nem que fosse preciso procurar no inferno.
Sai do escritório e já estava anoitecendo, lembrei que toda quinta-feira Cassie vinha me visitar. Ela é minha melhor amiga, a conheço desde o tempo do orfanato. Quando fugi de lá, prometi a ela que voltaria para buscá-la, assim que me estabilizei financeiramente essa foi a primeira coisa que eu fiz. Ela morou comigo durante 4 meses, ajudei ela a abrir o próprio negócio de jóias e hoje somos ocupadas demais para nos vermos tanto quanto queríamos.
Subi pro quarto, tomei um banho rápido coloquei um vestidinho simples, deixei meu cabelo solto e desci para esperar a Cassie. Ouvi a campainha tocar quando cheguei na sala, Rose abriu a porta e já começou a gritaria.
— FAAAAALA SUA GOSTOSA – Disse Cassie, me abraçando enquanto apertava minha bunda.
— Sai vagabunda, não é qualquer um que pode ter o prazer de pegar aí. – Tirei a mão dela da minha bunda, recebi um dedo do meio em troca.
— Já pediu a pizza? Tô morrendo de fome –Ela sentou no banquinho que havia perto da bancada de mármore encostada na parede da cozinha.
— Ainda não, liga aí que eu vou ir pegar meu celular lá em cima – Sai da cozinha bem rápido antes que Cas me fuzilasse por não ter pedido a pizza ainda.
Cheguei no quarto e meu celular estava tocando, olhei na tela e era número desconhecido. Apesar de não atender ligações desconhecidas, pensei que podia ser Ryan, ele sempre troca de número.
— Alô? – Ouvi alguém cochichar do outro lado da linha.
— Olá, é a Amber? – Era uma voz doce, parecia ser de uma pessoa idosa.
— Sim, quem é? – Ja estava desconfiada.
— Meu nome é Margaret. Sei que já é meio tarde para entrar em contato – Ainda era 21:00 da noite, conclui que era alguém um pouco mais velho. — Mas estou te procurando a anos, sou sua tia minha querida - Gelei ao ouvir aquelas palavras.
— Ti....ti...tia? Que tia? – Não acreditava no que estava ouvindo.
— Sim, sua tia! Desde que você nasceu não sabíamos onde te encontrar, mas graças às tecnologias atuais nós finalmente conseguimos – Ela parecia bem animada.
— Como conseguiu meu número?
— É uma longa história minha filha, pretendo te contar em breve. Estou te ligando para convida-lá para passar uma semana em minha casa. Quero muito conhecer você, agora que te achei não podemos perder o contato – Eu não sabia o que dizer e acho que ela percebeu. — Vou te dar um tempo pra pensar, semana que vem seus primos estão vindo pra cá, me de uma resposta no domingo. Beijos fique com Deus.
— Ok, pode deixar. – Desliguei o telefone e tratei de salvar o número dela imediatamente.
Cai sentada na cama, fiquei parada olhando fixo para a janela pensando em como aquilo sempre foi meu sonho e finalmente esse dia chegou. Eu passava todos os dias naquele orfanato torcendo para que alguém me buscasse alegando que era da minha família. Um tempo depois de fugir eu tentei procurar alguém, mas nunca encontrei. Não sabia nem o sobrenome da minha família, Mike que me registrou com o dele. Após um certo tempo, acabei me conformando de que não ia encontrar minha família verdadeira e aprendi a lidar com esse problema, mas agora tudo veio à tona novamente. Não sabia o que estava sentindo, felicidade, medo, não consigo pensar em nada. Desci as escadas correndo para contar pra Cassie o que tinha acabado de acontecer, ela estava na sala assistindo TV.
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Different Souls
ActionÀs vezes a vida te faz repensar. Quais são os seus princípios? No que você acredita? O que faria para defender suas causas? São questões que danificam o consciente mais que uma bala da melhor arma. Viver à beira do perigo e injetar na veia o venen...