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Renato acordou naquela manhã ao som dos pássaros cantando na árvore antiga que havia em frente sua casa, uma árvore semelhante a que havia na chácara de sua mãe, onde certa vez quebrara o braço e por esse motivo ficou um tempo em casa, acordava todas as manhãs com o som dos pássaros como naquela manhã de sábado, sim o tipo de som agradável que canta após uma boa chuva de verão, que completa o clima de calmaria.

Olhou para o lado e não havia nem sinal de sua esposa, apenas o lençol revirado.

Barulho de louça na cozinha, "ela deve estar fazendo o café",_pensou.

O dia estava ótimo, sábado... Apenas colocou os braços atrás da cabeça se sentindo em paz.

_ Já está acordado príncipe!_ disse Marcela a porta_ queria fazer seu café e trazer na cama pra você, mas claro que você tem que estragar tudo, não é mesmo senhor Nato?

E lá estava uma mulher baixinha com o cabelo preto comprido que prendia a um coque, vestia uma camisola branca que parecia bem confortável, levemente transparente, descalça, com uma bandeja que continha algumas coisinhas atraentes aos olhos, era sua esposa.

_ Desculpa estragar seu plano maquiavélico de me envenenar._ sorriu pra ela que respondeu com uma cara de pouco caso.

_ Idiota, toma seu café "princeso".

_ Obrigado, bom dia, também te amo "godinha"

_ Gordinha é sua mãe, "coiso"._ ela o beijou.

Deitou ao seu lado no mesmo lugar onde estava bagunçado, ela o olhava com um sorriso de admiração, era um prazer pra ela cuidar dele.

Ele a conheceu em uma praça, enquanto ele tomava café e lia um livro em frente seu emprego, na fabrica da Sawary; ela lia o mesmo livro que ele, "Escuridão total sem estrelas de Stephen King" uma das maiores obras dele. É raro acontecer de um livro recomendar alguém.

Ela o percebeu assim que ele olhou, os olhares se cruzaram e um sorriso referente ao livro surgiu.

_ Belo livro!_ disse ela.

_ Obrigado_ sorriu sutilmente, ele era o tipo de pessoa que fica vermelho com tal iniciativa.

Ela passou direto pelo seu lado, estava frio, ela vestia um sobretudo preto, calça leg preta, uma bota, o sobretudo preservava a beleza no rosto da menina, lindos olhos azuis atrás de um grande óculos retangular, o cabelo enorme preto e liso com certeza era sua marca registrada, com um gorro de lã, ela parecia uma escritora, nerd, bibliotecária, como queira chamar, apenas saiba que ele a achou linda.

Depois de uns dois dias ela sentou-se à mesa que ele costumava se sentar para conversar, sobre coisas sem foco algum, apenas jogar assunto fora. Ele era tímido, mas depois de alguns dias ele estava sorrindo com o jeitinho único que toda baixinha parece portar em seu DNA, jeito de mandona, de querer controlar a situação, cavala no ponto certo, carinhosa, bastante atenciosa, verdadeira e o melhor de tudo ela gostava da companhia de Nato, mesmo que ela estivesse estressada ele conseguia acalmá-la com apenas algumas palavras e alguns sorrisos.

Não demorou muito para começar a gostar dele e dar "sinais" pegando em suas mãos que eram bem maiores e grossas que a dela, também; ele um supervisor do corte, e ela atendente de uma padaria; ir mais vezes de cabelo solto ao almoço, ela sabia que chamava a atenção de Nato, logo estavam marcando para sair com uns amigos para ir ao cinema ver algum filme.

Esse dia foi marcado com o dia do primeiro beijo deles, onde estavam um do lado do outro, ele sempre a fazendo rir com piadinhas sobre seu cotidiano.

Ela pegou uma batatinha molhou no ketchup e levou a boca com barba de Nato.

Ele recostou no banco e puxou ela pra mais perto, ela aceitou e recostou em seu queixo; coma a mão esquerda ela passou-a no rosto dele e desceu pela bochecha e começou a acariciar sua barba, ela acabara de descobrir um ponto fraco, enquanto ela comia (com a mão livre), ele pegou o refrigerante e tomou um gole, desceu e ela fez a mesma coisa, ele puxou o copo trazendo o rosto dela pelo canudinho listrado do MC Donald's, de encontro a sua boca numa tática milenar antiga. O beijo fez as vozes parecerem pessoas bem longes, seria pouco dizer que os segundos pararam, foi o momento em que sentiram como se um raio atravessasse seus corpos, sentiu-se esquentar o coração e uma sensação de paz amor e confiança, dali em diante ele sabia que ela ia ser a mãe dos seus pivetes.

SleepwalkWhere stories live. Discover now