III

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Quinta-feira. Pareço aliviado de um peso, mas para falar a verdade, não curado de tudo. Ainda tem muitas coisas para serem resolvidas e organizadas. Começando pelo o que vou vestir na festa fantasia da escola, e ainda nem consegui o dinheiro para colaborar. A festa vai ser no salão de festivais da, vão servir champanhe e vinho tinto, e fora os tira gostos. O colégio tem cerca de quinhentos alunos, e aproximadamente mais da metade vão, provavelmente os calouros que não, alguns sentem medo daqueles que procuram encrenca. Já dá para imaginar o tamanho desse salão. Ah, tem um detalhe, o Josh vai ficar com uma menina que está conhecendo, Nicole estará acompanhada de seu namorado, e eu estou sozinho, não seria uma má ideia chamar Aline para ser minha companheira na festa. Ela disse "até outro dia", e esse dia pode ser sábado.

Visto meu casaco, vou rumo ao centro da cidade à procura de um lugar onde eu possa alugar uma fantasia. E não quero aquelas que chamam muita atenção, ou até mesmo de super-heróis, algum tipo de disfarce mais básico, no estilo de um detetive misterioso ou até mesmo um clássico como o do Zorro. Hoje o centro está movimentado, com minha falta de atenção nas coisas quase fui atropelado com um tiozinho de bicicleta. Ia ser irônico, atropelamento de bicicleta. Depois de horas rondando, encontro uma placa na porta de uma casa... A placa dizia: "Aluga-se fantasias, e criamos uma para seu perfil", é nesse lugar mesmo. Toco a companhia três vezes; parece não ter ninguém. Após a quarta tentativa, saí uma senhora já de idade com um rolo de lã na mão, me olhando de baixo para cima pelo seu tamanho minúsculo. A senhora não parava de me olhar, e não dizia uma palavra, chaga a parecer que aquela placa era engano, mas resolvo perguntar:

- Olá, aqui é onde confecciona fantasias?

Ela parece as pessoas da escola, me olhando como se fosse um estranho de outro mundo. Ou talvez era a idade que tinha gerados problemas de audição, ou quem sabe os neurônios não funcionam mais. Por pensar que está acontecendo algo de estranho, pergunto novamente:

- Senhora? Está tudo bem? É aqui onde confecciona fantasias?

Ela dá um riso sarcástico, parecendo aqueles psicopatas,

- Me siga, meu jovem. -Diz a velha.

Depois desses segundos de suspense acabo querendo não entrar mais naquela casa. Mas não tinha muita escolha. Iria sair correndo com medo de uma velha caindo os dentes? Ah, bruxas não existem!

Seguimos por um corredor um pouco longo até a chegada de um barraco de madeira, que aparentemente não era um ateliê. Ela com cinco passos na minha frente chega primeiro até a porta, e a abre para que eu possa passar. Entro direcionando os olhos para todos os lugares. Me surpreendo. A casa era totalmente organizada, diferente do que aparentava pelo lado de fora. Mas isso não esconde o fato de isso tudo ser bastante estranho, o riso sarcástico, a demora no entendimento. Mas o que se esperar de uma senhora de uns 70 anos?

Sento em uma cadeira que ela própria ofereceu para mim. Intrigado pelo silêncio, vou direto ao ponto:

- Eu gostaria que você costurasse uma fantasia para mim. Tenho uma festa sábado e estou sem nenhuma vestimenta.

Ela afirma com a cabeça.

Eu fico pensativo sobre qual tipo de roupa vou querer para a noite de sábado. Logo penso em algo escuro, como se fosse homens de preto, mas não, muito clichê. Também veio ideias em minha mente de algumas de estilo ninja, mas não, muito infantil. Acho que um terno e uma máscara seria suficiente, mas com certeza outros que nem eu, confusos e indecisos também escolheriam essa. Se fosse em quadrinhos apareceria uma lâmpada sobre minha cabeça, tive uma ideia.

- Já sei qual vou querer - Explicou detalhe por detalhe para que não haja desentendimento.

Ela balança a cabeça negando e diz:

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