Luciana Point Of View
- Estranha! - levantei meu olhar e pude ver pelo reflexo de um dos espelhos Victória com um sorriso cínico estampado em seu rosto. Tremi de medo.
Me virei de frente para ela tentando parecer indiferente. E é lógico que isso foi patético.
- O que houve, nerd? - só quero deixar claro que eu não sou nerd, sou CDF, o que é muito diferente, mas prefiro explicar em outra ocasião - Não achou as roupas da sua avó e resolveu pegar as da sua empregada?
Que menina chata, responde ela, Luciana, aposto que você tem uma resposta na ponta da língua.
"Antes as roupas da minha empregada do que as de uma prostituta de luxo". Era o que eu queria dizer, mas ao invés disso só abaixei a cabeça.
Não chora! Não chora!
- Aiiiin, já vai chorar é? - perguntou com um tom debochado, dando alguns passos a frente enquanto eu dava alguns para trás batendo a costa na pia - Olha, aproveita que estamos no banheiro e ninguém vai te ver - sussurrou a centímetros de mim.
Até parece que essa menina vai te beijar!
- Não vai dizer nada, Lu? - pronunciou meu nome com nojo - O que é? Sua voz não pode ser pior que você, pode?
Onde já se viu, sua voz é incrível!
Odiava esses "encontros" com a Lins, ela era extremamente insuportável e sem graça.
- Olha pra mim enquanto eu falo, nerd! - ordenou intimidante. Eu me encolhi fazendo o que ela mandou - Estranha... Eu tenho pena de você, sabe? Por achar que um dia ainda terá uma chance com Pedro, meu namorado - deu ênfase a última palavra. Me senti quebrada, será que ela tinha sempre que jogar coisas do tipo na minha cara?
Quando eu achei que não era mais possível ela chegou mais perto ainda de mim, deu um beijo na minha bochecha fazendo minhas entranhas se revirarem, passou uma de suas mãos sobre a maçã do meu rosto e soltou uma risada sarcástica.
- Mas é uma loser mesmo - soltou de maneira debochada fazendo eu quase virar uma bolinha de tão encolhida que estava.
Victória levantou minha cabeça segurando em meu queixo e olhou no fundo dos meus olhos intensamente antes de cuspir na minha face com vontade. Arregalei os olhos não acreditando que ela fez isso.
- Eu devia te dar uma lição por desejar o que não é seu - eu já não aguentava mais, meus olhos estavam marejados e as primeiras lágrimas começaram a escorrer deles, junto delas deixei escapar um soluço baixo - Como você é fraca, garota, chora por tudo!
Me sentia humilhada, tinha raiva de mim mesma, eu poderia acabar com essa vadia rapidamente, deixar ela desfigurada, não tinha feito boxe atoa! Mas eu não conseguia, eu paralisava perto dela, só conseguia chorar como uma criança. Me vinha imagens dela tomando meus óculos e os colocando em um lugar alto, fora do meu alcance, e rindo de mim quando mais nova. Quando essa tortura ia acabar?
Sem perceber meus soluços já haviam aumentado e meus olhos se assemelhavam a duas torneiras quebradas que não paravam de vazar. Lins puxou meu cabelo com força e levantou a mão livre no intuito de me bater no rosto, fechei meus olhos com força me preparando para o impacto que nunca chegou, ao invés disso ouvi a porta bater e uma voz desconhecida.
- Hey, o que está fazendo? - abri meus olhos vendo uma menina de estatura mediana, cabelos negros e um rosto tão delicado que parecia de porcelana segurando o braço de Victória.
- O que você está fazendo?! - rebateu Lins irritada e eu soltei mais um soluço - Cala a boca! - disse pra mim sem tirar os olhos da garota.
- Sai daqui! - ordenou a menina de cabelo preto apontando para a porta.

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Sorry, Nerd
Teen Fiction"Eu gosto de um cara, Pedro Collins, meu vizinho... Sim, aquele que dá umas festas barulhentas quando os pais não estão. Eu sei, ele é um otário, mas o que posso fazer, se até quando ele me humilha - porque não sei mencionei, mas ele pratica bullyin...