BELLA

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Já tinha se passado um pouco mais de um mês de aula e eu estava acostumada a me desconcentrar nas aulas do professor Rafael. Ele parecia ser bipolar. As vezes, chegava um tanto fechado, frio, dava sua aula sem ao menos direcionar seu olhar para nós alunos. Outras vezes, ele chegava sorrindo e não tirava os olhos de mim. Eu não o entendia. Na verdade ninguém entendia. Estava a caminho de sua aula, quando parei para ir ao banheiro. Assim que fechei a porta e me sentei no assento, escutei uma voz conhecida de uma das garotas da minha sala. Era Samanta. Já havia escutado alguns boatos que ela estava saindo com o professor Rafael, mas eu sabia que eram apenas boatos.

-Ele me deixou em casa com o carro dele. -a voz irritante dela dizia.

-E sua mãe? Ela não perguntou quem era? -pude escutar a voz de uma de suas amigas.

-Claro que não, ela não se mete na minha vida. -Samanta era um nojo de pessoa. Desprezível, mandona e nariz em pé. -Então, como eu estava dizendo antes de você me interromper, ele me levou em casa, mas antes disso nós fomos para o apartamento dele...

Eu não queria mais ouvir isso. Os boatos já estavam esclarecidos. Não eram boatos. Abri a porta com força e ela bateu fazendo as garotas se assustarem. Samanta me olhou com aquele olhar de repulsa e se aproximou de mim.

-Escutando conversa do outros é? Sua estranha! -ela me empurrou, enquanto sua amiga ria daquilo.

Não conseguia acreditar que em uma universidade, com pessoas adultas e responsáveis, ainda existia esse tipo de coisa.

-Não vai responder, aberração? -ela disse, ainda me empurrando.

-Desculpa, eu me esqueci que estava na escola de novo. -terminei de falar e empurrei ela para longe.

Eu abri a porta do banheiro e caminhei para fora. Assim que entrei na sala de Rafael, ele estava parado em sua mesa. Estava quase me sentando quando vi que ele se aproximou de mim.

-Isabella, posso falar com você depois da aula? -esse professor safado já queria dar encima de mim?

-Não posso. -disse, enquanto me sentava e abria meu notebook.

-É importante. -seus olhos me encaravam de uma forma tão estranha. Seu olhar era profundo e me fazia querer olhá-lo por muito tempo.

-Tudo bem. -que droga! Me cedi.

Ele sorriu com um de seus maravilhosos sorrisos e caminhou de volta a sua mesa. Samanta passou rebolando por ele, o que só me fez revirar os olhos. Ele nem sequer olhou para ela. Vê-lo sentar na beirada da mesa no meio da sala e arregaçar suas mangas todos os dias, me fazia pirar. Quando suas tatuagens apareciam, meu olhar nem sequer se movia se seus braços e eu acho que ele percebia isso.

                               ***

A aula demorou tanto a passar que eu já estava começando a ficar maluca. Permaneci na minha cadeira, enquanto observava todos irem embora. Principalmente Samanta, que não deixou de rebolar na frente de Rafael. Ridícula. Olhei para trás e não vi mais ninguém ali. Estávamos só eu e ele na grande sala vazia. Seus passos foram apressados até chegar até mim. Ele não se sentou, ficou ali em pé ao meu lado.

-Que bom que esperou. -ele cruzou seus braços e me encarou. Seu olhar era tão intenso.

-Eu não sou como as outras alunas, não sou igual a Samanta. -bufei.

-Eu sei que você não é igual a elas, por isso te chamei aqui. Eu tentei, juro que tentei. Tentei ficar longe de você, merda. Eu não posso fazer isso. -ele começou a caminhar de um lado para o outro parecendo nervoso e confuso.

-Eu não estou entendendo. -disse, me levantando.

-Eu não sou assim. -ele parou em minha frente. -Trabalho aqui há anos e nunca me interessei por uma aluna, até você chegar. -que mentiroso! O que ele estava falando? -Por favor, entenda que estou lutando muito para me afastar.

-Professor Rafael, eu não estou entendendo. -quando terminei de falar, ele se aproximou de mim.

-Me deixe terminar. -ele segurou minha mão e eu deixei. Eu deixei. -Você é diferente. Não deu encima de mim. Eu gosto do seu sorriso, ele me faz querer rir sempre que você ri.

Eu abri minha boca para dizer algo, mas ele não permitiu.

-Não posso fazer isso, mas eu preciso. Encontra comigo essa noite, por favor.

Eu soltei sua mão da minha e me afastei. Soltei uma risada irônica e peguei minha bolsa na mesa.

-Pare de mentir. Eu sei muito bem que você sai com todas suas alunas e eu não sou como elas. Por favor, pare com isso.

Minha paixão platônica por ele não podia falar mais alto, eu não deixaria esse safado se aproveitar de mim.

-O quê? Onde ouviu isso? -ele disse, confuso.

-Não seja cínico, pare. -eu tentei caminhar para fora da sala, mas ele me segurou.

-Por favor, Isabella. Acredite em mim, eu não sou isso que eles falam. Nunca sequer saí com uma dessas alunas oferecidas. Nunca nem pensei que sairia, mas quando te vi, minhas idéias mudaram completamente. Prometo que não vai acontecer nada, se não quiser é claro. -ele riu. Droga, ele riu! -Um cinema e nada mais.

Meus pensamentos se debatiam entre eles tentando chegar a alguma conclusão. Eu não estava acreditando no que eu estava prestes a fazer, mas eu iria fazer.

-Tudo bem, só um cinema.

Ele me olhou desacreditado e o canto esquerdo de sua boca saltou quase despercebido.

-Salva seu número no meu telefone, te ligo mais tarde. -Rafael estendeu sua mão e me entregou o celular.

Eu salvei o meu número e fui embora pra casa.

                                 ***

Todos os rostos dos "meninos da Mila" como ela gostava de deixar bem claro, estavam voltados para mim. Eu estava deitada na cama confortável da minha melhor amiga, como eu previ desde o início, e o teto estava repleto de pôsteres da banda Black Birds, a preferida dela. As paredes em minha volta também estava coberta deles. O garoto do meio, que eu estava cansada de saber que era Harry, o marido da Mila, sempre me chamava a atenção. Todas as fotos a pose de maioral, o sabe tudo, sempre falava mais alto. Ele com certeza é um idiota que se acha o cara mais especial do mundo. Ridículo.

-Bella! Bella! Bella! -a porta se abriu e Mila entrou saltitando com dois papéis nas mãos.

-Você está passando mal? -eu perguntei, enquanto me sentava na cama.

-Eu fui uma das primeiras, uma das primeiras... -ela alternava entre tentar respirar e tentar falar.

Eu empurrei seu frágil corpo para se sentar na cama.

-Respira, sua louca. Você foi uma das primeiras o quê?

-COMPREI! -ela berrou e se jogou na cama, enquanto balançava freneticamente suas pernas. Definitivamente ela não estava normal.

-Quando agir como uma pessoa normal, vá até o meu quarto. Preciso te contar uma coisa. -eu me levantei e ela me puxou, fazendo com que eu me deitasse na cama.

-EU COMPREI DOIS INGRESSOS PRA GENTE IR NO PRIMEIRO SHOW DOS BLACK BIRDS NO BRASIL! AH EU VOU MORRER. -ela gritava e se contorcia, enquanto me balançava loucamente. Eu apenas a encarava tentando segurar a risada.

-Eu vou sair com o professor Rafael. -ela parou de se mexer e me olhou séria.

-O quê?

BORBOLETA - HARRY STYLES FANFICTIONOnde histórias criam vida. Descubra agora