A heroína

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Os olhos cor de âmbar carregados de delineador preto eram bonitos, porém arrogantes sob um nariz perfeitamente arrebitado

_ O-obrigada! Consegui dizer, mas não consegui me mover

– Não foi nada... – respondeu a ruiva de cabelos despontados, limpando a meleca preta que ficou na lâmina de uma espécie de lança que ia ficando cada vez menor enquanto ela dizia algumas palavras incompreensíveis.

Ela era intimidante, sua roupa estilo "não se aproxime se eu não convidar" incluía jeans rasgado preto, flexível e colado, um tênis converse all star de cano alto, uma camiseta de banda, Nigth Wish, com as mangas recortadas e amarradas em nó sob os ombros e uma jaqueta jeans preta.

– O que foi que disse? Perguntei.

– Eu disse "Ehty'sinta" . Significa lança pequena. Se eu quiser que ela volte a ficar grande só preciso dizer "Ehty'anda" – disse ela como se fosse óbvio, levantando uma das sobrancelhas, como se me desafiasse.

– Ah! É claro! – disse revirando os olhos na direção do Sith.

– Ah-Oi! Eu sou Erico Sith e essa é Nayara Alfares, e você deve ser quem esperávamos... – Sith se aproximou com a mão estendida, todo sem jeito, com cara de bobo embasbacado, mas rah! Ela apenas olhou para a mão estendida e voltou-se novamente para a lança.

– Sou Lara, sem sobrenome. E ainda está faltando um, pelo visto.

– Por que sem sobrenome? – perguntou Sith.

– Não lhe interessa! – Lara respondeu, dando de ombros.

– Sem querer atrapalhar as apresentações, será que alguém pode ajudar a tirar essa coisa fedorenta de cima do meu pé? – perguntei sem saber se era porque eu estava com nojo do bicho ou se era pra tirar a atenção do Sith sobre a moça. Os dois vieram. – você sabe o que é isso, Lara? – ah, e também porque era uma coisa horrenda, vinda, com certeza, de filmes de terror. Era da minha altura, corcunda, nodoso e de pele dura e acinzentada. Tinha olhos brancos sem íris, como se fosse cego, dentes pontudos e amarelados para fora da boca rachada e o nariz era quase inexistente, apenas uns furinhos sob um leve calombo no meio da cara magrela e descarnada.

– Sei, mas não muito. É um orkul, uma criatura do submundo, criada a mando das fadas escuras. Pode machucar esse aí, é grandinho...

Fadas escuras? Perguntei pra mim mesma, não queria que ela se achasse muito especial sobre o fato de eu não saber nada sobre nada....

– E, por que nunca vimos um desses antes? – perguntei ajudando a empurra-lo pro lado enquanto os dois o puxavam pelos braços.

– Boa pergunta Nay...ara, né?! Mas deve ter algo a ver com esse terremoto de hoje, e acho bom nos abrigarmos melhor porque se tinha um desses por aqui, podem haver outros e, pelo jeito vocês não têm treinamento nenhum...

– Só soubemos que somos fadas há pouco tempo. Você também é, não é? E que tipo de treinamento? – perguntou Sith.

– São muitas perguntas, não tô afim de contar historinha agora. Precisamos queimar o corpo – continuou a ruiva.

– Mas se queimarmos o corpo a fumaça pode revelar nossa posição! Vamos esperar quem está faltando, assim queimamos depois que pudermos deixar o local marcado para nos encontrar – argumentou Sith, querendo parecer ainda mais inteligente do que era... ou seria impressão minha? Ai, céus! Será que estou com ciúmes? Não pode ser...

Um Conto de FadasWhere stories live. Discover now