Três

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Cheguei na casa do meu pai, com um sorriso estampado no rosto, e de cara já vi Bettanie na sala, deitada no sofá, com a cabeça nas pernas do meu pai, a dormir.

"Desculpe por não te esperar, filha." Meu pai diz, fazendo eu o olhar, e voltar a sorrir. "Eu achei que você precisava de um tempo sozinha com seu novo amigo."

"Novo quem?" Perguntei um pouco confusa.

"Bom, vi que estava conversando com um moço, ele usava roupas pretas e..."

"Ah, o Matthew." O cortei. "Ele não é meu  amigo... Acabo de o conhecer. Ele me acertou uma bola bem no meio do rosto."

"E machucou?" Papai pergunta, preocupado.

Mexi a cabeça negando e sorri. Subi as escadas e fui para meu quarto, e tomei um banho. Deitei em minha cama, pegando meu celular que notificava mensagens não lidas da Ana. 

   Ana:  Ei garotinha, não te vejo na loja a dias!  

   Ana: Olie ? Você sumiu, está tudo bem? 

   Ana: Sinto sua falta. Quando vai me responder?

Sorri com a preocupação da Ana, e comecei a digitar minha resposta. 

Conheço a Ana desde quando eu fazia quimioterapia, estava na pior fase da doença. Ela sempre tentou me alegrar e me deixar confortável, era um doce de menina. Terminou recentemente do seu terceiro namorado, todos os caras que ela tenta algo sério, são idiotas. Não sei se eu digo que é azar da Ana, ou se todos os homens são iguais. Eu não tenho experiência nenhuma com garotos. O único garoto que eu gostei, também fazia quimioterapia. Ele tinha câncer nos rins, com apenas quatorze anos. Ele morreu semanas antes de completar quinze. Eu  tinha quatorze quando Hardin se foi. Esse era o nome dele, um anjinho. 

Quando percebi, ainda estava na metade da mensagem, me desliguei de tudo com esses pensamentos. Balancei a cabeça, afastando os pensamentos no Hardin e continuo a escrever.

   Olivia: Oi, Ana! Eu estou bem, esqueci de te avisar que viria para Malibu passar uma semana com meu pai, e sua esposa. Ew! Ah, tenho notícias! Conheci teu primo, Matthew. Ele parece bem legal. Saudades, beijo!   Olie x.

Bloqueei o celular e desci as escadas, senti um cheiro de comida e fui direto para a cozinha. A janta já estava quase pronta. Papai cozinhava muito bem, nem ao menos pagavam cozinheira. Ele me pediu para pôr a mesa, e assim o fiz. Sentamos todos na mesa grande que ocupava grande parte da cozinha. Meu pai na ponta da mesa, Bettanie no seu lado direito e eu na frente dela.

 "Você parece cansada." Bettanie disse e eu apenas assenti. 

"É mesmo. Por que não nos fala mais sobre seu novo amigo?" Meu pai perguntou me deixando um pouco constrangida.

"Porque ele é apenas um amigo." Suspirei, enrolando um pouco de macarrão no garfo. "Eu mal o conheço, pai. Amanhã vou vê-lo novamente, no mesmo lugar." Meu pai sorriu. 

"Se ele for né, gracinha?" Bettanie disse e riu sozinha. "É apenas uma brincadeira, precisamos de risadas nessa casa". 

"Eu espero que ocorra tudo bem, querida. Você é linda, então toma cuidado com garotos, eles são maldosos."

Sorri com o comentário e preocupação do meu pai, e continuamos a comer, em silêncio, o que chega a ser um pouco constrangedor. Termino de comer, coloco meu prato na pia, e peço licença para ir pro quarto. 

Tranco a porta do quarto e me aproximo do espelho. Linda?  Eu não acho. Não sei como Matthew me descreveu de uma forma tão amável, mas eu não me via assim. Sinto falta dos meus cabelos longos, que hoje chegam na altura dos ombros. São meio onduladinhos, depois que os perdi na quimioterapia, nasceram assim. Antes, eram tão lisos que mal conseguia prendê-los. Outra coisa que não me agrada em mim mesma, meu corpo. Eu era magra, bem magrinha. Apesar de Ana e mamãe falarem que meu corpo é lindo, de modelo, eu não me acho assim. Sorri forçado para mim mesma e sentei na cama. Liguei a TV e procurei um filme para ver, deitei na cama e adormeci minutos depois.

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⏰ Last updated: Jul 11, 2017 ⏰

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Os Olhos de Olivia - Por Eduarda X.Where stories live. Discover now