Caminho para um continente perdido.
Por Antonio Henrique Fernandes
Amanhecia, quando o casal de mergulhadores saiu com o barco para mais um dia de mergulhos. Sandro e Patrícia faziam isso há muitos anos e ambos amavam o que faziam. E foi mergulhando que conheceram várias partes do mundo. E conheciam outros apaixonados pelo mergulho profundo, não aqueles em que se mergulha a poucos metros do fundo, mas vários metros abaixo, e gostavam principalmente de conhecer grutas ou cavernas submarinas.
Sandro tinha 35 anos e Patrícia 30 e se conheceram mergulhando em Fernando de Noronha, onde tudo começou, a paixão um pelo outro e pelo esporte.
O equipamento que usavam era de grandes profundidades e sempre mergulhavam com dois cilindros de oxigênio, o que duplicava o tempo embaixo d'água. E mantinham mais quatro no barco. E justamente por conta do equipamento, eles não entravam em lugares muito apertados, caso contrário não conseguiriam sair ou pior, danificariam o equipamento, o que pode resultar até mesmo na morte de um deles. E tomavam muito cuidado. Era a vida deles, mas não perderam a sua preciosa vida por nenhum descuido.
Agora estavam em uma pequena enseada, no Mar Mediterrâneo, praticamente onde fazia fronteira com o Oceano Atlântico. Era um lugar muito bonito, cheio de peixes ornamentais e um fundo com recifes de corais. A vida marinha sempre fascinara o casal. Claro que havia problemas, como bater de frente com um tubarão, mas eles tomavam cuidado e não mergulhavam em lugares perigosos, onde se costuma ter peixes agressivos demais.
E de qualquer maneira, o tubarão só ataca se estiver faminto ou for agredido. Como qualquer animal.
O local era conhecido pelos amantes do mergulho por ser fundo e ter várias cavernas marinhas, e Sandro e Patrícia ainda não tinham visitado o lugar.
Planejaram por seis meses e agora estavam prontos para começar o seu passeio profundo.
Checaram várias vezes o equipamento e quando estavam prontos, fizeram o famoso sinal de positivo, com o polegar para cima e mergulharam.
A água era muito limpa, e havia muitos peixes bonitos, mais ainda do que aqueles que se vê nos aquários ao redor do mundo. Tinha peixe de todo tipo, pequenos, médios e até alguns e grande porte, mas nenhum que pudesse oferecer algum tipo de perigo aos dois.
Pelas indicações que receberam e pelo "mapa" que fizeram, logo avistaram a primeira gruta. Foram em direção a ela e entraram.
Era espaçosa e iluminada, o que significava que mais à frente tinha uma abertura, ou melhor dizendo, um poço natural. Foram adiante e logo encontraram o poço, tiraram o respirador e a máscara e ficaram boiando, curtindo a beleza natural da gruta. Não dava para ver de onde a luz chegava, mas causava um efeito muito bonito, dando vários tons de azul da parede ao teto. Enfim, era um respiradouro natural. Logo recolocaram o equipamento e voltaram.
A gruta era pequena e isso só aumentou o apetite de Sandro e Patrícia. Queriam mais. E tiveram. Um pouco mais à esquerda o casal viu mais uma abertura subterrânea. Entraram e nadaram mais ou menos uns cinquenta metros, e esse era mais escuro, precisando usar as lanternas submarinas.
Como sempre se faz nesse tipo de mergulho, ao chegarem na entrada da gruta ou caverna, eles lançam mão de uma espécie de corda, ou novelo, para que não se percam quando entram, pois, o interior pode ter várias passagens, e o ar não dura para sempre. Uma medida inteligente e que realmente protege. Qualquer semelhança com o famoso e lendário Labirinto de Minos não é mera coincidência.
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LENDAS MARINHAS - contos extraordinários.
FantasyQuem nunca ouviu falar em lendas dos mares, no mínimo ouviu sobre uma sereia... Mas, há muito mais, na época das grandes navegações havia o Kraken, monstro que destruiu muitos navios, inclusive piratas. O canto das sereias, que fez muito navio naufr...