Flirting With The Dark Side - Livro 1

The Last Chimera

Queria poder dizer que fui direto para a cama e tive uma maravilhosa noite de sono, mas não foi bem assim. Estava arrasada por dentro e por fora, foi uma das piores decepções que já aconteceu na minha vida, desde a traição do meu pai, era como se eu sempre tentava enxergar o melhor lado das pessoas e acabava esquecendo as partes sombrias e das atitudes repulsivas.

Quando entrei pela porta de casa e vi uma escuridão, a mesma escuridão que agora se encontrava dentro de mim, me bateu uma raiva imensa por ser tão babaca e querer mudar uma pessoa, mas nós não podemos mudar ninguém, é ela quem vai escolher se vai ser mudada ou continuar do jeito que é. Eu acreditei piamente que conseguiria fazer o Theo ver que ele poderia, sim, ser uma pessoa melhor, mas ele não quis.

Eu preciso colocar isso na minha cabeça. Ele não quis. Ele não quis. Ele não quis.

Ele preferiu continuar com esse plano idiota e lá estava eu, a trouxa que sempre acaba mal, lá estava eu com meu pijama de panda, o qual eu usava só quando estava triste, deitada no sofá de três horas da manhã assistindo Bob Esponja enquanto pensava no quanto a minha vida havia mudado de um mês para cá.

Vocês estão prontas crianças?
Estamos capitão!
Eu não ouvi direito...
Estamos capitão

Ohhhhhhhh......

Vive num abacaxi e mora no mar?
Bob Esponja Calça Quadrada
Tem a cor amarela e espirra água?
Bob Esponja Calça Quadrada
Se nenhuma bobagem é o que você quer?
Bob Esponja Calça Quadrada
Diabruras à bordo e problemas com peixe?
Bob Esponja Calça Quadrada
Todos Juntos....
Bob Esponja Calça Quadrada

Incrível o poder de um desenho animado quando você está pra baixo, eu chorava enquanto cantava com o capitão a musica do Bob Esponja, era uma visão patética e se minha mãe estivesse me vendo dessa maneira eu aposto que ela diria: “engole o choro, deixa de ser fraca. Levanta a cabeça e olha para frente, não vai adiantar de nada ficar chorando pelo leite derramado”.

Mas é bem mais difícil você seguir um conselho do que dá-lo. Toda vez que eu tentava parar de chorar uma nova onda voltava, o Patrick e o Bob estavam cantando a musica do “amendobobo”  e eu lá chorando, que ridículo. Como uma pessoa consegue chorar assistindo Bob Esponja? Tinha que ser a patética Luna Ferraz Nolasco. Incrível.

Nem percebi quando caí no sono.

***

Acordo com algumas batidas na minha perna, levanto a cabeça e vejo que é o meu irmão, o Lucas, eu havia dormido no sofá e a minha cara estava toda inchada, estava parecendo um zumbi, olheiras profundas, pele opaca e grudenta.

- Acorda Luna – diz meu irmão – a mamãe está uma pilha de nervos, parece que o namorado dela vai vir almoçar aqui hoje e você está parecendo um mendigo que se alojou aqui em casa.

Quando ele acaba de falar eu fico pasma. Mereço, um pirralho de nove anos me dizendo que eu estava parecendo um mendigo, só não mandei o troço para o raio que o parta, pois a minha mãe chegou na hora, senão seria o fim para aquele babaca.

- Acordou a margarida – minha mãe fala chegando na sala – Ih, tá horrível vai tomar banho!

- Até a senhora, mãe? Poxa ninguém pode ficar mal aqui nessa casa que já começam a menosprezar – eu falo com a voz carregada de drama.

- Oh, meu amor. Brigou com o namorado, foi? – ela fala com aquela vozinha irritante – como é o nome dele, Lucas? Ah lembrei! Theo – ela fala bem alto e eu me encolho ao escutar esse nome. Era só o que me faltava.

- Ai, eu mereço. Ele não é meu namorado e eu vou para o meu quarto vocês adoram provocar. – eu subo as escadas bufando de raiva e entro no meu quarto para pegar uma roupa e tomar banho.