IV. Expedições

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Na manhã seguinte Loras acordou com disposição para subir até as Montanhas da Névoa. Mestre Arlan buscava levá-los ainda bem cedo para um bote abaixo do casarão, porque a Cidade do Lago tinha muitas embarcações. Zilar comeu rapidamente uma truta defumada com alcaparras, alguns alunos do mestre da cidade ansiavam por reconhecimento e o trabalho eficiente no casarão seria um bom caminho para atingir seus objetivos, por isso, não vacilavam na hospitalidade. O casarão era dividido em dois andares, os telhados eram triangulares, uma residência atípica para as moradas de Esgaroth.

Não demoraram a se arrumar, Hakon ainda estava reticente quanto às consequências desta aventura. O que poderia acarretar para ele e sua amiga na carreira de guarda? Zilar, ao contrário, tinha brilho nos olhos e rapidamente arrumou uma mochila para viajante. Sua espada fora devolvida e ainda o sol estava nascendo quando o pequeno bote seguiu seu rumo noroeste. Aos poucos as casas de Esgaroth foram ficando pequenas, dentro de si, Hakon questionava como poderia sair do Lago e subir a corrente das águas passando despercebido pelos pescadores. À esquerda da margem era possível ver os pescadores retirando suas redes do fundo do Lago e retirando muitos peixes, até mesmo os cavalos da patrulha da pequena cidade estavam pastando longe de suas baias. O que chamava a atenção de Zilar era o fato de o bardo azul jogar um pó esverdeado nas laterais do convés, hora a bombordo e outra a boreste.

— Pode perguntar, sei que você está pensativa não é? Deve estar se indagando: como é possível sair estas fumaças quando jogo parte da hortelã mirabá em pó na água. — O bardo mesmo de costas dava um leve sorriso no canto esquerdo de sua boca, seus cabelos ruivos dançavam ao toque da brisa da aurora. A provocação foi direcionada para Zilar, ele sabia que embora a moça fosse valente, era um tanto intempestiva. Não acreditava em magia.

— Sabe de uma coisa? — Ela sentada na borda do barquinho cruzava os braços e batia levemente os seu pé esquerdo na tábua. — Ontem à noite eu te achei fascinante, parecia um homem portador de um conhecimento admirável, mas hoje, tudo o que vejo é um belo convencido que procura a glória para si.

— Pelo menos ainda sou belo pra ti. E isso me agrada — estava rindo dela —, mas, precisamos de calma Zilar, seu inimigo não sou eu certamente.

— Você sabe as magias dos elfos? — perguntou Hakon com grande interesse. Até já tinha esquecido as consequências que poderiam vir com esta impulsividade por uma aventura, era o que parecia.

— O conceito de magia é diferente para os elfos, Hakon — disse o bardo azul. — Veja, por exemplo, este punhal — ele o tirou da bainha rapidamente e fez um gesto de malabarismo demonstrando grande intimidade para com sua arma, jogando-o para o ar em movimentos giratórios e pegando no tempo certo no punho. Zilar que estava absorta olhando para as aves multicoloridas na copa das árvores direcionava interesse naquela arma.

— Como assim? — perguntou Hakon. Tentava tocar na lâmina com curiosidade

— Observe a forma curvilínea da lâmina, veja! E a pedra no botão do punho? — provocou o bardo.

— É bem diferente de tudo que já vi. — Hakon suspendia a sobrancelha em admiração ao artefato.

— Quando ainda os homens das antigas terras de Beleriand viviam em florestas, coletando seus alimentos, e lutando pela sobrevivência num mundo de guerra contra o Senhor do escuro os elfos já sabiam dominar a natureza a favor de seu povo. — Loras apontava para as altas árvores que margeava o rio corrente. As brumas da manhã haviam sido dissipadas e já não era possível ver a cidade de Esgaroth. O rio Corrente era famoso por todos habitantes nas terras ermas e muitos mistérios estavam envolvidos em seu leito.

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⏰ Last updated: Dec 07, 2016 ⏰

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