Prólogo- DEGUSTAÇÃO

21K 1.9K 103
                                    

LIVRO RETIRADO PARA DEGUSTAÇÃO, DISPONIVEL NA AMAZON.

PRÓLOGO

Estava difícil respirar! O ar estava preso em seu pulmão e não conseguia soltá-lo. Ficar naquele ambiente estava sufocando-a de uma forma quase esmagadora. Segurar as lágrimas tinha se tornando uma coisa quase que impossível. Quando você pensa que já viu de tudo nesta vida, algo vem e te derruba de seus pés. Mas hoje não foi uma queda que machucou ou feriu sentimentos. Porem foi uma queda que trouxe dor! Uma dor por alguém que ela nem mesmo conhecia.

Uma pessoa que ela não pode salvar.

Caminhando rápido pelos corredores, encontrou seu armário ofegante, vestiu o casaco do hospital e saiu pelas portas deslizantes. O ar frio da madrugada quase a fez voltar para trás e se esconder em algum lugar quente. Mas ela continuou a andar, precisava encontrar um frescor para sua alma naquele momento, pelo menos aquele frio fazia suas emoções mudarem um pouco, endurecerem para o gelo da baixa temperatura local e congelava suas lágrimas.

A vida era muito curta, às vezes, pessoas lutavam para viver o tempo todo. Ou talvez, nunca dessem importância para como a vida poderia ser curta. Alguns arriscam seu próprio ar para salvar a vida de outros e muitos não dão valor ou reconhecem a importância daquilo.

Quando o peso de manter a vida chega, é como se levasse um mundo nas costas sem nem mesmo saber se poderia aguentar tal coisa.

Você percebe que há coisas muito mais importantes do que o dinheiro e todo luxo que ele pode oferecer. Percebe-se que ter um carro caro e morar em uma mansão se tornam coisas tão pequenas que não tem a menor importância quando se luta para manter seu o ultimo fôlego de vida.

Todos deveriam viver a vida intensamente.

Viver a vida com prazer e aproveitar cada momento. Como o cheiro de um bom café passando. Ou o delicioso aroma de um bolo de chocolate assando. É ser feliz vendo como belas são as flores. É se deliciar em um banho quente a cada noite depois de um dia de muito trabalho. São as boas risadas em família, risos por coisas idiotas. Ou apreciar uma bonita borboleta voando e pássaros cantando. E principalmente as coisas comuns dos dias que nunca reparamos, como as torradas pulando. O cachorro correndo atrás de um carteiro. Um velinho sentado em um banco de praça lendo seu jornal. Crianças se divertindo em parques com seus brinquedos. A neve e a chuva caindo. O sol brilhando e uma lua rodeada de bonitas estrelas.

Viver a vida é ser feliz vendo os pequenos e quase invisíveis detalhes do dia-a-dia.

Mas tudo isto estava sendo sufocante demais para aguentar. Às vezes nem sempre tinham a oportunidade de percebe o quanto a vida é realmente curta e o mais importante, era que muitos deixam de ver as pequenas belezas do dia que se passam despercebidos diante dos seus próprios olhos.

Apresando os passos pela rua fria e vazia, Milena, puxou o ar com força. Ela tremeu com a estranheza dos sentimentos conflitantes dentro do seu peito e forçou sua mente a acalmar sua alma perturbada. Precisava achar seu equilíbrio novamente e fazer com que aquela dor sufocante deixasse seu corpo.

Ela paralisou em seus passos duros e rápidos quando se deparou em um beco e seus olhos arregalaram-se com o que via naquele exato instante. Vários homens cercavam um rapaz muito bem vestido que no momento parecia embriagado e com certeza ele estava em um grande problema.

O ar que tanto prendia desde que saiu do hospital se soltou imediatamente chamando a atenção de todos os indivíduos e ela se sentiu paralisada com o medo. Seu olhar correu pelos rostos escondidos nas sombras daquele local e depois caiu ao ver um corpo caído ao chão. Parecia estar sangrando muito e quase por instinto ela queria ir ajuda-lo. Porem, Milena continuava congelada no lugar percebendo que também estava com um grande problema.

Um arrepio passou por sua espinha quando sentiu o gelado do cano de uma arma em sua nuca. Quase podia rir e pedir para pararem com a brincadeira se não fosse pela gravidade da situação.

-A princesa não deveria estar na rua uma hora dessas.

Ela não tinha nenhuma ação alem do tremor de medo e a adrenalina correndo furiosamente em suas veias. Lembrou-se da ironia da vida, há segundos atrás estava divagando sobre como a vida é curta.

E ali estava ela, entre bandido onde poderia não estar mais respirando nos próximos segundos.

-Depois resolvermos o problema dela...

Antes que o cara terminasse de falar o rapaz embriagado lhe acertou um forte soco no olho, fazendo-o tropeçar para trás com o impacto.

-Ops!

Ele disse com a voz arrastada e todos os homens foram pra cima dele e o derrubaram.

Milena estava horrorizada com o que via, com tamanha brutalidade diante dos seus olhos, o rapaz bêbado pouco depois estava no chão desmaiado e levando alguns chutes covardemente.

-Bêbado igual uma moça Apolo, seu merda. O cara do olho roxo disse e cuspiu no homem desmaiado.

Milena queria gritar e pedir por ajuda, mas não podia fazer nada. O grito estava congelado em sua garganta assim como todas as reações do seu corpo. Nada funcionava como deveria.

Reaja! Corra! Grite e pesa ajuda Milena! Ele gritou em sua mente.

Seus olhos se arregalaram quando o homem olhou em sua direção com ódio e certa malícia. Se ela não se mexesse imediatamente seu destino seria cruel e impiedoso. Mesmo ainda estando congelada no lugar, ela acreditava que seu corpo a obedeceria em algum momento e alguém a ajudaria.

Amaldiçoou-se por ter saído da segurança do hospital e descobriu que nada esta tão ruim que não possa piorar.

-Agora é com você boneca.

Milena saiu do choque, em pânico tentou correr, mas era tarde demais, uma dor forte explodiu contra sua nuca e a escuridão a derrubou rapidamente enquanto caia sobre o chão duro e sujo daquele beco.

-O que vamos fazer com ela?

-Ela viu demais, vamos nos divertir e depois nos livramos de seu corpo. Baul disse enquanto cobria seu olho inchado com a mão.__Esse fodido acertou meu olho.

-Ela deve ser médica, olhe suas roupas. Hospital Universitário. Ézio disse sério conseguindo a atenção de seus comparsas.

-Então ela vai ter que salvar a maldita vida Guido. Baul disse furioso por lembrar-se do que Apolo tinha feito ao seu irmão.

Jurou que o mafioso pagaria por cada gota de sangue do seu irmão que caiu sobre o chão e com certeza pelo olho roxo.

AMAZON - APOLO - Irmãos Da Máfia -Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora