LUCY DRACO surgiu de minhas lembranças da infância. De quando assistia (muitas vezes escondido) o "Cine Mistério" e outros seriados cheios de vampiros, lobisomens e demais personagens clássicos do terror exibidos às sextas-feiras à noite na antiga TV Bandeirantes dos anos 1970, dos quadrinhos de terror e das histórias de assombração que minha mãe contava para mim e meus irmãos quando éramos pequenos.
Minha mãe era uma excelente contadora de histórias. E ela adorava recheá-las com fantasmas, monstros, criaturas das trevas, viajantes perdidos em noites escuras pelas estradas do interior... Nós, crianças, ficávamos encantados com as narrativas de D. Irene enquanto ela, com gestos e caretas, descrevia cenas sinistras diante da vela acesa sobre a mesa. (Ah, quanto à vela... bem... geralmente mamãe contava essas histórias nas noites de tempestade quando acabava a energia elétrica e ficávamos no escuro, sem TV ou rádio — ou seja: nada para fazer!)
Ambientei a origem de Lucy em meados dos anos 70, em especial 1976, o ano em que as discotecas estavam no auge e no qual surgiram muitos sucessos internacionais da música, como "Dancing Queen", do grupo ABBA, "You Should Be Dancing", de Bee Gees, "My Baker", de Boney M, "You are my love", de Liverpool Express, "More, More, More", de Andrea True Connection, além de canções de Chicago, Bread, Diana Ross, Peter Frampton, e tantas outras. E, claro, não poderia faltar a "princesinha" dos bailinhos: Tina Charles!
Eu era bem criança, mas me recordo dessas músicas que tocavam nas festas de aniversário na casa de minha avó ou nos vizinhos. (Será interessante, se o leitor assim desejar, conferir essas músicas no Youtube durante a leitura para sentir o clima da história. Abaixo, os links de duas das mais famosas canções de Tina Charles.)
1976 foi especial para mim não somente pelas lembranças musicais, mas também pelo meu fascínio por quadrinhos de terror e mistério. Naquele ano, comecei a colecionar gibis de terror de todos os tipos, desde lobisomem, múmia, Frankenstein e Conde Drácula a monstros vindos do espaço.
Até aquela data, eu lia mais Disney, Maurício de Sousa, Hanna-Barbera, etc. Porém, com a descoberta das histórias de mistério e terror meu foco mudou. E eu morria de medo dessas narrativas! Sentia tremendo pavor de levantar no meio da noite para ir ao banheiro ou beber água (por isso, mantinha, de forma estratégica, um cantil cheio d'água ao lado da cama, he, he, he!).
E é dessa época que eu trouxe minha concepção para LUCY DRACO, cujas aventuras são repletas de músicas dos anos 70 — embora Lucy viva nos dias atuais, em plena virada de 2016 para 2017.
Foi no final de 2012 e início de 2013 que rabisquei as primeiras ideias para Lucy Draco. Foram vários rascunhos e até alguns desenhos (que incluirei no final deste e-book para você que está lendo poder conferir. Viu só como sou bonzinho?).
Sempre gostei de histórias de vampiros. Mas vampiros que dão MEDO. Vampiros assustadores, monstros da escuridão. Seres macabros. Do MAL. Sim, pois acredito que uma boa história de vampiros deve provocar calafrios em quem a lê. Deve fazê-lo angustiar-se pelas vítimas, tremer, ter medo de apagar as luzes antes de dormir.
E é isso que pretendo com as aventuras de Lucy Draco. Resgatar aquele medo do escuro. Se conseguirei fazer isso, só VOCÊ, caro leitor, poderá dizer.
Boa leitura! — E não se esqueça de deixar a luz acesa!
J. F. Wagner
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ILUSTRAÇÕES PARA O PROJETO "LUCY DRACO" (março de 2013)
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LUCY DRACO: Sede de sangue
VampireLUCY DRAKE era uma garota inglesa de 17 anos morando no Brasil. Ela amava dançar, curtir músicas do ABBA, Bee Gees, e se divertir em São Paulo. Vivia feliz com sua família: o pai, um professor inglês, a mãe brasileira e o irmão caçula, John, de 7 an...