Criminal

Criminal - Chapter Five

- Eu sabia que não teria coragem de me acertar.

Por mais que eu não estivesse olhando em sua direção, foi notável a risada de Aiden enquanto caminhava até mim.

Deixei a arma cair impulsivamente. O pequeno objeto havia feito com que minhas mãos estivessem suadas.

- Não foi tão ruim assim, Mendes. - Ele estendeu seu braço em forma de oferecer ajuda para que eu pudesse me levantar do chão, não hesitei em retribuir.

Já havia anoitecido quando Aiden pediu para que eu o acompanhasse em uma caminhada na rua do pequeno bairro em que morava.

Ele parou pouco antes da esquina, perto ao poste de luz, que por sinal era extremamente fraco, falhava em fornecer a iluminação necessária para que a estreita rua ficasse visível.

Aiden entrou na conveniência que se encontrava não muito longe e não fiz nada além de segui-lo. Caminhou até a enorme geladeira repleta por inúmeras bebidas e optou por um energético que não fui capaz de decifrar o nome.

Nos direcionamos ao caixa e Aiden se prontificou a pagar o produto que acabara de pegar, mas não foi a carteira que o mesmo retirou do bolso.

- Aiden, que merda você pensa que está fazendo? - Me aproximei a falei perto de seu ouvido, tornando um alto sussurro. Apertei fortemente seu braço para que ele pudesse pensar duas vezes antes de fazer o que eu achava que ele iria fazer, mas não foi o necessário.

Aiden pegou a arma que escondia e apontou para o vendedor, eu poderia estar tão confuso e em choque quanto o mesmo.

- Pegue o dinheiro do caixa. - Aiden ordenou e pude pensar mil vezes antes de obedece-lo. Não tive coragem de me mover, apenas fiquei parado enquanto o encarava.

- Você está surdo? Eu disse para pegar a merda do dinheiro! - Percebi o quão irritado ele havia ficado quando resolveu deixar o homem desacordado com alguns socos e chutes.

Aiden tomou frente e abriu a grande gaveta de dinheiro com apenas um tiro. Colocou tudo em um grande saco e segurou meu pulso com agressividade, me puxando para fora do estabelecimento.

Fomos em direção à rua e foi notável a nossa grande surpresa quando duas viaturas estavam aparentemente vindo até nós.

Aiden me segurou ainda mais forte e correu, fez toda a trajetória necessária para que chegássemos ao seu apartamento cautelosamente.

Estávamos ofegantes, tanto que mal podíamos falar ou sequer respirar. Aiden bateu sua porta e provavelmente foi audível por todo o prédio o grande estrondo que fizera.

- Qual é o seu problema, Mendes? - Ele estava irritado e nada escondia isso, tanto em sua feição quanto em seu tom de voz.

Me deixava ainda mais furioso quando Aiden optava por dirigir-se a mim pelo meu sobrenome.

- Qual é o seu, Aiden?! O que diabos você tem na cabeça?

Ele havia me deixado absurdamente enfurecido, mal acabara de me ensinar a usar uma arma, não podia achar que eu iria ajudá-lo a abordar pessoas e tomar o dinheiro delas. Aiden estava longe de ser um bom professor.

Acordei no dia seguinte com Aiden cantarolando pelos cômodos, ele notou que havia me incomodado e parou no exato momento.

- Vou fazer um teste com você. - Ele pareceu disposto, seu tom demonstrava confiança no que acabara de dizer e isso me deixou desconfortável.

- Do que você está falando, Aiden? - Passei as mãos em meus olhos para que minha visão ficasse mais nítida e logo em seguida o encarei fixamente.

- Amanhã iremos ao centro de Toronto pela madrugada, você precisa me trazer o máximo de grana que conseguir. - Aiden, desajeitadamente, deitou sobre o sofá que estava ao meu lado exalando um ar um tanto quanto determinado.

- Aiden, você não deveria…. - Fui interrompido por sua inquietude.

- Eu não estarei lá.

Aiden sabia que eu não tinha condições de fazer o que acabara de me pedir, mas ele pareceu confiar em mim. Não iria desapontá-lo, pelo menos tentaria.