Criminal - Chapter Two

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Haviam dirigido até o entardecer, não sabia mais onde estava, tudo que eu conseguia pensar era na minha mãe e o quão preocupada ela devia estar comigo e com meu paradeiro. Por um momento pensei em pedir para fazer uma rápida ligação, mas era óbvio que meu pedido seria negado.

Nós não vamos te machucar. A frase rondava pela minha cabeça, o que aconteceria em seguida? Pensava em mil coisas desagradáveis, meus devaneios me matavam aos poucos, eu não conseguia entender o porquê de tudo aquilo estar acontecendo.

   Durante a 'viagem' inteira, nenhum deles ousou dizer alguma coisa, muito menos eu. Qualquer movimento que eu fazia podia sentir olhares feios sobre mim dos dois homens ao meu lado.
  
Eles me faziam agir normalmente por todos os postos policiais que passávamos, mas qualquer um que olhasse diretamente em meus olhos podia sentir na flor da pele o tamanho do meu desespero.
  
Pouco depois, não demorou muito para que chegássemos em uma espécie de depósito abandonado. O garoto estacionou o carro e um dos homens me tirou de dentro do mesmo. Ele foi bruto, pude sentir fortes dores nos pulsos, a qual estavam amarrados desde a noite passada.

Eles abriram a grande porta e me guiaram até lá dentro. Logo me colocaram sentado em uma cadeira que localizava-se no centro do que pude chamar de galpão. Todos estavam à minha volta, como se estivessem esperando alguma reação, me encararam por alguns minutos até que cheguei ao meu limite.

- Vocês vão falar o que está pegando ou vão ficar me encarando como um bando de idiotas? - Tive receio que minha pergunta fosse gerar violência, e quase aconteceu.

- O que você disse, seu babaca? - Um dos homens estava vindo para cima de mim, por um momento o garoto, que eu estava curioso para saber o nome, colocou a mão em seu peito e apenas disse 'Não'.

Ele se aproximou de mim e apoiou-se em um joelho sobre minha frente.

- Você deve estar se perguntando que loucura é essa, no seu lugar eu sei que eu estaria. - Ele estava sereno, falava tão calmamente que parecia estar cantando suas palavras, mas mesmo assim continuou. - Você provavelmente deve saber quem somos. - Deu uma rápida olhada para seus colegas e logo voltou a atenção para mim, neguei, eu realmente nunca tinha visto aqueles caras antes. - Se não sabe, deixe-me nos apresentar, eu sou Aiden. - Ele soltou uma risada fraca, me fez arrepiar. - Aqueles são George, Andrew e Finn.

Antes que ele pudesse terminar, o interrompi.

- E vocês fazem o que além de abordar e sequestrar pessoas? - Eu realmente estava irritado por eles terem feito tudo aquilo e agirem como se fosse a coisa mais normal existente no mundo.

- Nós somos bandidos, assaltamos, rendemos pessoas ,explodimos bancos e todo esse tipo de coisa que pessoas com capuz e armas de grande porte fazem. - Gelei. - E nós precisamos de você pra isso, Mendes.

Não tive reação, fiquei paralisado olhando diretamente em seus olhos. Isso tinha que ser um mal entendido. Ele não podiam estar falando sério. Como ele ao menos sabia o meu nome?

- Isso é algum tipo de piada, aonde vocês colocaram as câmeras escondidas?. - Não contive um suspiro debochado ao olhar em minha volta procurando por qualquer coisa que fosse parecido com uma aparelho de filmagem, mas sem sucesso.

  Aiden se levantou e foi até uma porta não muito longe dali, pegou um grande saco, voltou até onde estávamos e jogou o mesmo em minha frente. Notas e mais notas de dinheiro caíram de dentro. Eram tantas que eu não tive outra reação a não ser encará-las com os olhos arregalados. Podia jurar que somente ali haviam mais de milhões de dólares.

- Isso por acaso é piada para você?. - Ele cruzou os braços e pareceu sério, o medo voltou a tomar conta de mim novamente.

Eu fiquei intacto e calado. Não conseguia dizer absolutamente nada. Eu tentava falar, mas as palavras de algum jeito pareciam não sair. Isso realmente estava acontecendo.

- Por que eu estou no meio disso?. - Eu havia tantas perguntas pela minha mente mas aquilo foi o máximo que eu tinha conseguido dizer. Damn, Shawn! Você já foi melhor.
 
Ele pareceu dar um longo suspiro, mas antes que pudesse começar a falar, pôde-se ouvir um grande barulho nos fundos do galpão. Aiden exclamou 'Eles estão aqui, soltem-no e peguem o dinheiro, nós saímos pelos fundos'. Assim foi feito. Enquanto Finn soltava as cordas que ainda estavam amarradas em mim, Aiden tirou um grande pano na qual havia sido colocado por cima de um carro, que aparentava já estar a nossa espera, e entrou no mesmo.

No segundo que eu olhei para trás para certificar-se que os outros homens já estavam prontos para partir e fugir de qualquer coisa que estivesse tentando nos alcançar, o grande portão principal foi invadido pelo que presumi ser um daqueles veículos parecidos com tanques.

Eu corri o mais rápido que pude até o carro. Corri como se minha vida dependesse daquilo naquele momento. Ouvi Aiden gritar inúmeras vezes para eu me apressar, até que finalmente cheguei no meu destino. Antes mesmo de eu conseguir fechar a porta, ele saiu cantando os pneus.

Dei uma última olhada pelo retrovisor e notei que Finn,Andrew e George haviam sido pegos. Passou pela minha cabeça a possibilidade de eu estar no mesmo lugar que eles estavam se eu tivesse demorado um segundo a mais.

- O que faremos agora? Aiden, quem são aqueles caras? - Encarei-o, ele parecia tranquilo, diferente de mim que estava quase entrando em colapso. Meu coração ameaçava sair pela boca.

- Eles são de uma potente organização criminal russa, querem acabar com a gente porque pegamos toda a grana do banco central de Saint Petersburg um dia antes deles. Eles estavam há anos planejando a explosão dos caixas.

Eu não conseguia entender como ele estava calmo com toda a situação, a cada palavra que saia de sua boca meu coração palpitava mais rápido. Adrenalina e medo tomavam meu corpo por inteiro, estremecia cada vez mais intensamente.

Decidi deixar o silêncio reinar pelo carro. Aiden dirigia cada vez mais rápido e fazia com que o vento passasse cada vez mais forte pelas janelas escancaradas. Deixei que todas as minhas dúvidas sobre os acontecimentos e todas as minhas preocupações fossem embora e tentei esfriar a cabeça. Seria um trabalho difícil, mas era tudo que eu precisava pelo menos naquele momento.

O vento se chocava contra meu rosto me causando pequenos arrepios, mas que de algum modo, me traziam prazer. Sem perceber, acabei passando as mãos em meus braços em forma de expressar a sensação fria que estava sentindo, mas vi que Aiden não pareceu se importar com o pequeno gesto. Isso, indiretamente, me afetou. Não que eu estivesse esperando que ele tirasse seu casaco e o oferecesse para mim, mas parte de mim poderia esperar.

- Ei, Shawn?. - Fiquei surpreso com o ato de Aiden, meus pensamentos haviam me mantido inconsciente por algum tempo, não hesitei em levar um pequeno susto quando voltei à realidade. Apenas o encarei. - Eu acho que agora é uma boa hora para saber o que traz você aqui.

Engoli seco, todas as minhas dúvidas iriam desaparecer naquele momento, eu não sei se estava preparado. Mas eu precisava estar.

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