Prólogo

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Água, vento, ondas, chuva, trovões...
Água, vento, ondas, chuva, trovões...

O mar era tão violento como belo e eu sabia-o.

-Recolher velas!

Corri para junto dos mastros e recolhi as velas brancas que eram empurradas para trás devido ao vento brusco e irritado. Enrolei-as.

Água, vento, ondas, chuva, relâmpagos e trovões.

Senti as gotas de suor misturarem-se com as que salpicavam do mar, fazendo com que na minha cara se formasse uma mistura de água salobra.
A tempestade amainara e no Sol da tarde pude ver a pequena ilha. Nela, uma mãozinha acenava freneticamente.
Conforme a embarcação se aproximava da costa da ilha, a mão parou de acenar e pegando no vestido branco de linho, a menina correu com um sorriso. O sorriso de uma criança...

-Atracar o barco!

A tripulação obedeceu à ordem e vários homens saíram do barco carregando caixas de madeira cheias de peixe coberto em sal.

-Pai!...

O grito ouviu-se em todo o barco e apenas um homem ruivo com um bigode igualmente ruivo mas grisalho, olhou. Olhava com compaixão e alegria a menina que corria na sua direção. Largou a caixa que transportava mal chegou à areia e correu ele também para a menina.

-Pai, já chegaste a casa. - a voz da menina voltou a soar e desta vez o marinheiro pegou-a ao colo e beijou-lhe os longos cabelos encaracolados ruivos cor-de-fogo. -Estás em casa.

-Mas... O que é que estás a fazer aqui?! Ainda por cima sozinha! Charlotte, isto pode ser perigoso, a praia e o mar são perigosos!

-Mas, papá, eu queria ver-te...

O pai não reteu as saudades e voltou a beijar a testa pálida da filha.
Também ele sorriu.

-Eu não quero ficar sozinha, papá, tenho medo.

-Não tenhas, não precisas. Não vais ficar sozinha porque eu estou aqui.

-Gosto muito de ti papá!...

O RochedoWhere stories live. Discover now