10

1.2K 112 1
                                    

Marie narrando

Já estava preparada para vê-la, estava contando as horas para a escola acabar e vir as férias para visitá-la. Mas não achei que esse dia ia chegar tão rápido e não sabia que seria desse jeito.Estou no avião para o Rio de Janeiro. Minha mãe cresceu lá e sempre me dizia que iria morrer lá, então vou fazer o que ela me pediu.Estou no avião com meus fones de ouvido, Henri veio me acompanhar, está sentado ao meu lado, sinto o seu olhar sobre mim a cada minuto. Rachel, Kauan, Eduardo e Carla vieram para nos acompanhar.Me aconchego na cadeira e respiro fundo. Começa a tocar uma música lenta e acabo lembrando da minha mãe, começando a chorar.

Henri: Ei, princesa, não fica assim - ele me puxa para ele e me dá um beijo na cabeça - Não conheci a sua mãe, mas eu sinto que ela era uma pessoa boa. Acho que ela não queria te ver assim, triste - faz carinho na minha cabeça.

---Sinto lábios molhados na minha bochecha.

Henri: Princesa, acorda - sussurrou no meu ouvido - já chegamos - abro os meus olhos, e os passageiros estão se levantando. Levanto pegando a minha bolsa, e Henri me ajuda a levantar. Ele passa os braços em volta do meu pescoço, e eu passo em volta da sua cintura.

Saímos do avião e vamos para o desembarque, pegar nossas bagagens.Esperamos o pessoal aparecer. Vejo Amanda agarrada com Gus vindo na nossa direção, e atrás deles estão Rachel e Kauan, Carla e Eduardo.

Rachel: Vamos?

Henri: Vamos.

Carla: Onde vamos ficar?

Gus: Meu pai tem uma casa aqui, vamos ficar lá.

Kauan: Quando vai ser o funeral?

Eu: Hoje à tarde.

Eduardo: Mas tão cedo, achei que seria amanhã.

Amanda: Quanto mais rápido, mais o sofrimento acaba - pegou a mala e saiu na frente.

Eu: Espero - sussurrei - Amanda - chamei, corri até ela e a abracei.

Pegamos o táxi e fomos até a zona sul, chegamos à casa, era enorme e de frente para a praia. Entramos na casa.

Gus: Como não temos muitos quartos, vão ter que dividir.

Eduardo: Não vai ser problema - beijou a cabeça da Carla.

Gus: Podem escolher qualquer um - subi as escadas e fiquei parada no corredor.

Henri: Vem - me puxou e fomos para um quarto ao lado da Amanda e do Gus, e de frente para o da Carla e do Eduardo. Entrei no quarto e sentei na cama, enquanto o Henri me olhava em pé.

Eu: O que está olhando?

Henri: Você está tão triste.

Eu: É claro, minha mãe morreu - ele me olhou com um olhar triste e abaixou a cabeça - Desculpa - levantei e fui até ele - é que é difícil acreditar que ela se foi, que não vou vê-la mais, que ela não vai mais pentear os meus cabelos e não vai mais preparar o bolo de chocolate que eu mais amo.

Henri: Eu sei como você se sente, já aconteceu isso comigo.

Eu: Que?

Henri: Não igual, mas a minha mãe me largou, foi embora quando eu tinha 5 anos. Meu pai disse que ela fugiu com um cara, fiquei arrasado, cresci sem um amor de mãe e de pai porque ele só trabalhava. Fui praticamente criado pela doida da Jessie e cresci com o Gus. Mesmo sendo criado por ela, sentia que faltava algo, até agora não descobri.

Eu: Você nunca me disse?

Henri: É uma história que eu odeio lembrar - dei um selinho demorado nos seus lábios - vai tomar banho, precisamos descansar - fui no banheiro e tomei um banho rápido, vesti um conjunto de moletom e saí do banheiro. Henri estava sem camisa e sem calça, só de cueca, de barriga para baixo e com os olhos fechados. Deitei do seu lado e coloquei meu rosto no dele e fechei os olhos.---Já são 16:00, estou me preparando psicologicamente e emocionalmente para vê-la.O céu está nublado e está caindo gotas finas. Todos estão em volta do caixão com suas roupas pretas, o padre está fazendo a cerimônia. O pessoal não está entendendo nada, só o meu pai e o Gus, mas mesmo assim estão aqui. Não consigo entender nada que o padre está falando, fico vendo a minha mãe ali deitada.

Padre: Alguém quer dizer alguma coisa? - todos ficaram em silêncio.

Eu: Eu - desgrudei do Henri e fui até o seu caixão.

Padre: O que você é da falecida?

Eu: Filha - olhei para a minha mãe e sorri - a minha mãe sempre foi uma pessoa de um coração gigantesco, sempre ajudou muita gente mesmo que precisasse de ajuda. Nunca se deixou levar pelo que as pessoas pensavam ou falavam dela, sempre fez o que ela queria, nem ligando para comentários ofensivos. Sempre foi uma amiga verdadeira e companheira. Ela sempre estava comigo, ajudando em muitas coisas, mesmo que algumas ela nem entendesse direito. Ela sempre me ensinou que se eu estivesse certa era para não ligar para ninguém que me dissesse que estava errada, porque eu sabia que estava certa. Ela era a minha inspiração, ainda é a minha inspiração, e é nessa mulher que quero me tornar. Forte, batalhadora, guerreira, e que não liga para o que o pessoal pensa. Faz o que quer, faz o que acha melhor para si mesma, e sei que ela está em um lugar melhor. Ela vai estar no meu coração e no meu pensamento.

Votem é comentem

O Cara que eu odeioOnde histórias criam vida. Descubra agora