PARTE I

52 2 1
                                    

  Faz três semanas que ele se foi,ainda não acredito que nunca mais o verei...choro praticamente 24 horas por dia desse que aconteceu.... mas,se tem uma coisa que aprendi com ele é que a vida não para. A forma que eu o perdi... Não vou superar isso, mas preciso continuar, é o que ele iria querer...
    A casa que compramos pra morar  havia sido mobiliada a pouco tempo , em vão infelizmente, ficar dentro dela me trazia memorrias horríveis,não vou morar em um lugar como este, conseguir vender ela semana passada, e comprei uma casinha pequena mas bonita no interior da cidade, hoje vim pegar meus pertences na casa, ela fora vendida com a mobília incluída, mas todas minhas roupas, joias,fotos, tudo, tudo ainda estava la, peguei uma caixa e comecei pela sala, peguei uns quadros de quando era adolescente, DVDs, e uns álbuns de fotos que estavam no sofá... lágrimas desceram quando eu vie uma foto nossa do dia que nos casamos na estante,ele estava de terno preto,com uma gravata azul escura e seu típico boné pra trás, fora eu que escolhera a roupa dele , então ele estava lindo, eu vestia um vestido branco, curto(ele adorava quando eu vestia coisas curtas...) com uma coroa de flores na cabeça, ele beijava minha testa na foto, não me aguentei e desabei em lágrimas, de joelhos na sala sombria e solitária da casa que seria o nosso lar para sempre...
     Meu celular tocou enquanto eu pranteava, e o som da banda de rock americana slipknot me fez focar novamente na  tarefa a qual eu executava antes. Enchuguei as lágrimas do rosto com meu braço esquerdo( ainda bem que não tinha colocado maquiagem) e pus o quadro na caixa ao meu lado, o celular continuava a tocar, mas eu havia acabado de chorar, não estava afim de atender ligação alguma, seja la quem fosse que estivesse me ligando, e assim joguei o celular no sofa e peguei outra caixa. Após uns 40 minutos aproximadamente, eu havia preenchido quatro caixas com coisas que valiam a pena levar pra casa, agora vinha  a parte mais difícil, nossas roupas, agora estava com uma mala vazia em mãos indo em direção a um quarto de casal enorme com uma janela com vista incrível para um jardim, entrar no quarto é claro, me trouxe mais lembranças, mas dessa vez segurei as lágrimas, fui em direção a cama, onde coloquei a mala aberta, pronta para receber meus inúmeros vestidos, blusas, calças e etc. Ver as roupas dele ali juntas ou proximas as minhas foi tão desconcertante e igualmente doloroso a ver o nosso retrato, dessa vez não fui forte o suficiente, e agora organizava e dobrava as roupas enquanto lágrimas saíam de meus olhos.
    - ah, vejam so o que eu encontrei... Disse eu ao ver uma das blusas favoritas dele - ...eu fico sexy com essa, com certeza vou usa la. ( tenho o mal hábito de falar sosinha)

   Como ele usava praticamente 24 horas por dia a blusa, o cheiro dele não saía nem que encharcassem aquilo com álcool , era tão bom sentir aquele aroma doce que me fazia se sentir segura que eu tirei a minha camiseta azul e pus a blusa do Aiden , e foi quando me vi falando sozinha enquanto me olhava no espelho usando uma blusa de um game sobre assasinos que meu falecido marido adorava. As 10:30 da manhã não sobrava muita coisa pra fazer, tudo de importante ja estava nas caixas e quase todas as roupas na mala que eu trouxe, vie mais umas blusas que ele gostava e decidi leva las também, seriam as últimas coisas que eu colocaria na bagagem, eram três blusas pretas de bandas de rock, dobradas e ainda cheirosas, apenas as tirei e coloquei na mala, e então puxei os dois zippers e a coloquei fora da cama, estava prestes a leva-la para fora da casa, mas vi algo estranho no guarda roupa, algo  eu nao me lembrava de ver quando morava ali, atrás de onde se encontravam as blusas havia o que parecia ser uma pequena escotilha, um fundo falso para sei lá o que, e saindo de dentro daquilo o que parecia ser um esconderijo para lanches noturnos, havia uma fita vermelha sangue que podia ser vista claramente do lado direito, pude ver três separações, duas horizontais e uma diagonal, que provavam que aquilo era de fato uma espécie de porta secreta, tentei abrir mas não obtive sucesso, e ali fiquei por eu acho uns 5 minutos, chingando e batendo na esperança de que ela abrisse magicamente sozinha

  - ABRAKADABRA... SHAZAAM.. ABRA TI SEZAMO...   Gritei inutilmente para a estranha porta  -Hum. .. o que será que tem aí dentro ?... se ele escondeu comida de mim não vou perdoa-lo jamais. Hm, e essa fitinha vermelha aqui ? ... quando coloquei minhas mãos na fita  um mostro horrível subiu em minha mão
   -AAAAAAAAAAAAH ...   a vizinhança inteira escutou meu berro quando uma terrível barata subiu em minha mão direita, e com o susto puxei a fita vermelha , algo caiu em cima de mim e sai correndo em disparada para o banheiro, e la fiquei, por uns 10 ou 12 minutos ( baratas são o meu maior medo)

  - Ain... e agora ? Como vou sair daqui ?... SOCOORROOO ... ALGUÉM MATA ESSE DEMÔNIO PELO AMOR DE DEUS
   
   Lembrei que havia uns três ou quatro spray contra incetos espalhados pela casa,  e para minha sorte, um deles estava no banheiro.
    Com ele em mãos tive coragem de sair do banheiro, e como uma agente secreta dos filmes, sai pela casa com um baygon em mãos e uma toalha amarrada em meu rosto, deixando meu nariz e boca impossíveis de serem vistos.

  - Você vai desejar nunca ter nascido seu demônio... RECEBA!!!    E assim disparei baygon pelo quarto inteiro, e pela quantidade, qualquer barata que ousar colocar as patas imundas ali morrerá instantaneamente.

   No chão podia ver o que havia caído em mim, era uma caixinha, repleta de camisinhas e  uns dadinhos eróticos.   - ... Safado.   Dei uma risadinha
 
  Conseguia ver mais coisas dentro do buraco/esconderijo de camisinhas , uns papéis com desenhos e uns livros, três deles com uma fita vermelha amarrada, a capa aparentando ser de um daqueles livros antigos de bruxas que apareciam nos filmes, e eu achei que fossem isso mesmo, já que ele mencionara diversas vezes amar magia e algo sobre querer virar um bruxo ou algo parecido, comecei a ficar meio tonta, e não era pra menos, com a quantidade de veneno pra incetos que eu usei o quarto ficaria inabitado por dias. Abri a mala e coloquei a maioria das coisas que estavam no esconderijo dentro, então a fechei novamente, assim como as portas do guarda roupas, e então sai correndo com a mala pesada em mãos, ainda com medo da barata pular em mim e abrir a minha garganta com presas monstruosas ( minha imagem das barata é tipo o alien fundido com o godzila).
    Retirei a toalha do meu rosto e fui para a cozinha tomar um pouco de água, a aparição repentina do inceto demoníaco afastou todo pensamento negativo de mim, mas em contrapartida me fez sentir calafrios e soar pra valer, com a velocidade de um altleta jamaicano levei quatro caixas e uma mala para o carro, então correndo tranquei a porta de entrada da casa e fui embora, dirigindo meu celta Preto em direção ao centro da cidade, levando na mala os tres livros estranhos.
      
     Cheguei na rua da casa da Ana as 13:40, tão cansada que poderia ficar dormindo mais tempo que um urso pardo no inverno.  
    - Com certeza a Ana deve ter saído ... nem pra me ajudar com as malas... que amiga.   Reclamei ao me aproximar da casa dela, uma casa rosa com garagem lateral, parecia pequena por fora mas era enorme por dentro. A Ana sai todos os dias as 12:00 para fazer sei lá o que com o namorado,e so volta a noite, como to morando com ela eu não ligo muito, embora tenha perguntado milhões de vezes o que ela  apronta, mas sempre recebi a mesma reposta..."um dia voçê  vai saber". Estacionei o carro em frente a garagem da casa,e em vão buzinei e gritei o nome dela.
  -AANAAAAA... Nem a Pau que vou levar toda essa bagagem pra dentro sosinha... hum, vou levar so as roupas, o resto eu levo pro quarto quando aquela vadia chegar.   Temos o saudável ato de nós chingar, é amor de amiga...
     A mala estava no acento ao meu lado, posta de uma forma que a fazia parecer  um passageiro e não uma bagagem, retirei com um pouco de dificuldade o cinto de segurança que havia posto para evitar que minhas preciosas roupas fossem jogadas para fora do carro, aquela mala continha as coisa que mais amo nesse mundo: roupas , claro que deveriam ser bem protegidas, com a mala em mãos deixei o carro ali e segui para o meu quarto, abri a porta da casa com a  chave que Ana me dera após me deixar de madrugada sosinha do lado de fora a duas semanas atrás,mas isso não é história para agora... joguei a mala em cima da cama, tirei os meus sapatos e minha calça, fiquei apenas com as meias e a blusa do Aiden, estava prestes a ir para o quarto da Ana deitar na cama e dormir sem hora para acordar(a cama dela é muito melhor que a minha), mas lembrei dos livros estranhos, e como sou curiosa, abri a mala e peguei um deles, o número "1" estava na capa... - Bom, começarei por esse aqui então.   Deixei a mala de qualquer jeito, agarrei o livro, fui  Direção ao magnífico quarto da Ana e me joguei naquela cama divina, e abri o livro. A primeira página estava em branco, o que fez minha mente fértil instantaneamente imaginar um livro de feitiços ou algo do tipo, mas a partir da segunda página as palavras me fizeram compreender do que aquilo se tratava ...
   
        "Querido diário...."
 
 

LinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora