Estava na enorme bancada da enorme cozinha desta enorme mansão, a comer simplesmente gelado que ela tinha para o lanche. Eu aceitei, até porque estava muito calor.

"Eu deveria de ter tratado das tuas feridas..."

"Estou bem, obrigado."

"Estamos bem-educados hoje pelo que vejo!"-ficou toda sorridente.

"Devias de parar de dizer essas coisas..."-dirijo o meu olhar para o gelado quase acabado.

"Porquê Lukey?"-sentou-se ao meu lado, fazendo algumas festinhas.

"Devias de parar de fazer isso também."-adiciono.

"Porquê?"-voltou a dizer.

"Não estou habituado a isto tudo?"-sinceramente não tinha muitos argumentos.

"Não é desculpa. Vá lá, ambos sabemos que estás a gostar desta atenção toda, e devo admitir que cuidar de ti é muito bom."

"Não era suposto os rapazes cuidarem das raparigas?"

"Então queres tomar conta de mim?"

"Não... Não sei cuidar de pessoas."-suspiro.

"Por isso é que eu mesma vou cuidar de ti!"

"Não deixo. Tenho que ir embora, até nunca idiota!"

Ía levantar-me, mas ela uma vez mais impediu-me de fugir.

"Eu sei que não gostas de ser assim, não és feliz. Sê como eras antes, eras tão fofo, basta olharmos para as fotos que tenho."-deu um sorrisinho.

"Mas-"

"Não aceito nenhum 'mas', vamos comprar roupa para ti, sim?"

"Não quero que gastes dinheiro comigo..."

"Eu não estava a perguntar-te mesmo, sabes... Apenas estava a ser educada, era uma pergunta retórica."

"Okay, estou a ver que não vou ter opinião sobre nada."

"Claro que vais Lukey, apenas não quando falamos de dinheiro."-piscou-me o olho.

"Tu não eras a criançinha irritante?"

"Parece que os papéis trocaram, amor."

×××

Saímos do shopping depois de umas longas três horas, com um monte de sacos de compras, maioritariamente de roupa. Comprei roupa nova para mim, eram diferentes dos que costumo usar, mas ainda dentro do meu estilo. Ao menos já não vou parecer um drogado como antes com aquelas roupas de cabedal, desde calças, camisolas... Era tudo praticamente assim.

Horrível, eu sei.

Mas estou deveras feliz por mudar um pouco.

"É melhor eu ir para casa..."-murmurei.

"O quê? Não, agora vais viver comigo, nem chamo aquilo onde vivias de 'casa', porque não se compara."

"Não podes simplesmente ser mandona depois de te ter deixado aproximar de mim..."-cruzo os braços, amuando.

"Não amues babe, mas devo admitir que ficas adorável assim."

Decidiu fazer-me cócegas, e mesmo que eu me tentasse aguentar do riso, falhei miseravelmente. No final toda a gente olhou para mim porque não parava de me rir que nem um idiota.

"Aww, o teu riso é tão adorável Luke!"

"Obrigado, acho eu..."

"Agora temos que manter esse riso, e sorriso, de acordo?"-abraçou-me.

"Boa sorte..."

Voltou a fazer-me cócegas e obviamente que não resisti.

"És boa."-acalmei-me.

"Desculpa? Sou boa? Mas ainda nem te beijei..?"

"O quê? Eu disse que eras boa, mas porque consegues tudo o que queres, não nesses termos. Porque eu não gosto de ti."

"Então porque estamos a evoluir na relação?"

"Não existe nem nunca vai existir!"

Decido ir até casa dela, deixando-a um pouco atrás. Como os portões tavam abertos apenas dirigi-me até ao quarto, pousei os sacos todos no chão e deitei-me na cama.

"Agora não queres outra coisa."-sentou-se nos pés da cama. "Agora, vou tratar das tuas feridas, como tinha dito antes."

Em dois minutos trouxe tudo o que era preciso.

"Não precisas disso."

"Agora cuidarei de ti, não aceito nenhum não como resposta."

"Estou a ver que não dá mesmo!"

Ela sentou-se ao meu lado e começou a desinfetar o lugar das feridas, isto é, onde arranquei cabelo de tão furioso que estava.

"Isso arde..."-choraminguei.

"Isso é bom porque está a fazer efeito assim!"-sorriu.

"Porque tem que doer? Eu não quero desinfetar nada, eu estou bem!"

"Luke Robert Hemmings, pára quieto!"-mandou.

Assim que usou o meu nome todo, que não fazia a mínima ideia de como ela sabia, parei. Fez lembrar-me do meu pai.

"Hey, que se passa amor?"

"Chamaste-me pelo nome inteiro. O meu pai chamava-me assim quando queria bater-me."-chorei.

"Oh, desculpa-me Lukey, não sabia... Desculpa mesmo."-abraçou-me com força.

"Está tudo b-bem."-acalmei-me.

"Bom, como já estás com as feridas desinfetadas, tenho que te perguntar uma coisa."

"Diz."-dirigi o meu olhar para ela.

"Costumas arrancar cabelo muitas vezes?"

"Não, só quando estou mesmo muito furioso, triste e stressado."

"Promete-me que nunca mais fazes isso."

Não queria responder porque não sabia se iria cumprir essa promessa, quando eu chego ao limite não há como me aguentar.

"Babe?"

"Não posso prometer uma coisa que posso não cumprir..."

"Está tudo bem Luke, eu agora estou contigo, vai correr tudo bem. Vou estar aqui para tudo, vou proteger-te."-abraçou-me com força.

Pensei duas vezes antes de dizer:

"Prometo."




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