⭐ Inocent ⭐ lrh ⭐ mam ⭐

05

Estava no meu colchão enquanto que a louca estava num canto da parede, no lado oposto ao meu. O meu casaco era enorme comparada a ela, então estava a tapá-la completamente.

Eu não sou assassino para deixá-la morrer.

Decido voltar-me para a parede, tentando adormecer. A chuva tinha parado à alguns minutos, deixando-me descansado.

"E-Estás melhor?"-susurrou.

Estou tão, mas tão farto de a ouvir dizer isto. Não muda a merda do disco? Não preciso de ficar com a voz de treta que ela tem presa na minha cabeça.

"Estou."

Pode ser que ela se cale de uma vez. Preciso de dormir.

[...]

Sinto algo a puxar-me, mais precisamente o meu cabelo. Abro os olhos e olho para o céu, ou era suposto porque apenas reparei na cara de amuadinha e levantei-me de repente, batendo com a minha cabeça na sua.

"Merda, para que foi isso!?"-grito.

A rapariguinha afastou-se de mim, metendo-se no canto em que estava antes e enrolou-se no casaco novamente, encolhida. Depois reparei no galo enorme na sua testa e eu apenas ri-me da sua figura.

"Já parou de chover, baza daqui."-abro a porta.

A rapariguinha nem disse nada e saíu porta fora, deixando-me deveras feliz. E eu não sou tipo para ficar feliz.

Ela só é irritante e prefiro a solidão do que estar na mesma divisão que ela.

[...]

E mais uma vez estava a dirigir-me para a sala de aula. Já era um hábito vir todos os dias de manhã, ter aulas e ir para o meu lar.

Ah, tão engraçado chamar a algo de 'lar', uma vez que nunca tive um lar antes. Que se foda.

Entrei na sala e pus-me num canto com as mãos nos bolsos. Todos estavam com os pares, menos eu. Nunca quererei aturar aquela louca. Nunca na vida.

"Luke, junta-te com o teu par."-a professora santa diz com uma voz super melosa. "Para fazermos um exercício em conjunto."

Limitei-me a revirar os olhos e aproximo-me dela, contrariado. Bufo e reviro os olhos uma vez mais, querendo que alguma alma caridosa me levasse para o inferno em vez de estar a menos de dez centímetros desta louca.

"Muito bem turma, o exercício que têm que fazer é simples, devem de ter uma conversa civilizada e procurar por gostos em comum!"-sorriu no final.

Não acho que esta miudinha goste de fumar, ou roubar, ou foder com uma diferente todas as noites, ou se drogar, ou não-sei-mais-o-quê.

Limito-me a suspirar, pois sei que fugir da sala não me vai levar a lado nenhum e sento-me no chão, ao pé dela e ao pé das coisas estranhas com que ela brinca.

Durante os cinco minutos que se passaram apenas nos encaramos, sem nenhum abrir a boca para nada. Quero dizer, eu fiz isso, para bocejar pelo menos três vezes de tão tedioso que me encontrava.

A professora santa aproximou-se de nós, com um pequeno sorriso, e meteu conversa connosco.

"Então, como está a correr as coisas?"