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Jasmynne acorda com lágrimas nos olhos,ela se lembra como se fosse ontem,tudo o que ouviu de seu doce sogro. Olha pela janela desviando sua atenção para o sol que nasce através das nuvens. Tenta focar sua mente em boas memórias,como quando Henry lhe deu o anel de sua doce avó e lhe contou a história dos seus avós paternos. Uma história parecida com a deles,ela de classe inferior,ele da burguesia,e mesmo assim seu avô enfrentou o pai para casar-se com a mulher amada.  Uma linda história tenho que admitir- pensou Jasmynne. Vamos chama-la de Jasmy para encurtar o nome. Afinal vocês nem sabem quem sou eu! Que falta de educação da minha parte, prometo me apresentar cordialmente daqui uns capítulos,da história do casal. O relogio da cidade marcava 5:30, relutante se levantou,mais um dia de trabalho,sua tia ainda trabalhava como lavadeira e a situação financeira estava ficando apertada. O dinheiro de sua tia dava certo para apenas uma pessoa,mas Jasmynne era um gasto a mais,que sua tia não gostava de admitir em sua frente,realmente,a senhora Louise era um amor de pessoa. Saiu do pequeno quartinho que montou na casa de sua tia e foi tomar seu café. Um café forte e puro,teria que esperar mais um pouco para comer algo no café que trabalhava. Ganhava pouco para sustentar-se sem dar trabalho para sua tia,embora sentia-se evasiva em ficar lá,não tinha muito para onde ir, morou com ela durante toda a vida depois da morte dos pais,sua educação,alimentação, roupas, tudo foi sua tia que cuidou. Suspirou,enquanto saía da pequena casa que morava,no bairro mais simples de Londres. O café que trabalhava ficava um pouco longe de onde morava,mas ela gostava de andar um pouco,sentir o ar fresco de Londres,longe do centro da capital.

- Já vai querida?-- Dona Louise apareceu no portão de casa, certamente já estava indo entregar as roupas que ela arrumou.

-- Sim titia.

-- Vá com Deus meu amor.-- Jasmynne sorriu verdadeiramente pela primeira vez no dia.

- Fique com Ele também titia.

Andou rapidamente pela cidade,afim de chegar logo no trabalho,por onde passava às pessoas cumprimentavam ela dizendo: " Olá Jasmynne" ou " Bom dia filha". Este era o seu dia a dia,andar pela cidade até chegar no seu emprego.

-- Bom dia Jasmynne- O senhor de cabelos grisalhos,branco e rechonchudo cumprimentou Jasmynne quando entrou no café,ele sempre fora bom com ela,seu café era um dos melhores da cidade,desde sempre ele acolheu Jasmynne como filha,fazendo tudo o que podia.

-- Bom dia senhor Jhonson.

Seu dia era cheio,seu cabelo castanho chocolate já grudada na testa,o café era quente e o dia também estava quente,não só naquele manhã,mas de tarde também. Os olhos meigos e sorriso encantador,faziam os rapazes tomarem café no senhor Jhonson todos os dias, rapazes,senhores,todos,iam para ver a doce Jasmynne trabalhar. Até sua paixão, Henry ia vê-la trabalhar,sempre que podia. Tentava arrumar uma desculpa diferente para vê-la  todos os dias.

-- Bom dia senhorita.-- Jasmynne ergueu os olhos do pequeno bloco de anotações e sorriu ao constatar quem era,Henry.

-- O que vai querer bom senhor?-- Henry fingiu estar pensando. Jasmynne sorriu cúmplice,enquanto John,filho do senhor Jhonson,atendia os outros clientes. 

- Um café bem forte na companhia de uma bela moça. -- Jasmynne tentou evitar o sorriso.

-- Hum. O café nos podemos oferecer. Agora a bela moça.....

-- Ah não,não me diga que a bela moça está ocupada. - Jasmynne voltou a trabalhar, entregando os pedidos prontos ao John.

-- Ela está bem ocupada hoje senhor Francis. - John interviu na conversa ao perceber que Jasmynne estava meio perdida.

- E o senhor sabe me informar a hora que a senhorita ali sai?-- Henry perguntou ao informante.

- Certamente as 18:30 senhor.

-- Certo. Vou querer um café forte sem açúcar então.-- Henry sentou em uma mesa próxima enquanto esperava seu café. Ele sabia muito bem porque a sua amada estava tão abatida,seu pai havia a humilhado na noite anterior,e restava a ele tomar uma decisão que mudaria o rumo de suas vidas. Quem sabe em um futuro próximo eles se encontrariam? Ele não sabia responder,mas Henry sabia que seu pai tinha poder,afinal ele era Francis Montês,poderia ter tudo o que quisesse.

-- Aqui seu café senhor.-- John falou tirando Henry de seus devaneios.-- Foi feito pelas mãos delicadas e habilidosas de Jasmy.-- John se retirou antes mesmo que Henry pudesse agradece-lo. Olhou para onde o rapaz ia e viu o garoto conversar com Jasmynne.

Afinal-pensou ele- desde quando ele tem tamanha intimidade para chama -la de Jasmy?

Uma pequena chama de ciúmes tomou conta de Henry,e a possibilidade de perde-la para sempre o assustou,afinal fazia tempo que eles estavam juntos. Se não fosse pela ameaça de seu pai na noite anterior quando Jasmy foi-se embora.
Ele lembrava como se houvesse acontecido a minutos atrás.

" Mande-a embora Henryque Francis! Se não eu acabarei com ela e com a tia dela!"
" Eu a deixarei sem emprego e a tia dela ficará sem suas clientes tão presadas! Pobre e sem nada."

As palavras de seu pai o cortaram por dentro. Não poder casar com a mulher de sua vida? Isso era pior do que um pesadelo. Saiu do café sem dizer nada,deixou alguns euros na mesa e correu de volta para a empresa. Mergulhou no trabalho,não queria pensar em Jasmynne com outro homem, não queria pensar em acordar com outra mulher em seus braços,sem ouvir sua doce voz cantando melodicamente canções italianas ou até mesmo inglesas,velhas canções. Não ver ela cuidando de seus filhos,ou vê-la sorrir quando algo a faz feliz,saber que outro alguém teria tudo o que ele sempre quis,o que ele sempre sonhou. Ele conhecia a doce Jasmynne desde sempre,desde que seus pais morreram,ele ajudou-a superar e agora tinha que deixa-la?  Tudo o que fizera para ficarem juntos foi em vão? Ele não queria acreditar nisso. Não queria se lembrar todos os minutos do que seu pai falará. Não podia.

18:45.

Hora que todos saem do trabalho e voltam para o descanso de seus lares, confortáveis,de volta para suas famílias,e até para Jasmynne significava o fim do emprego.

-- Pode ir Jasmy,eu fecho tudo aqui.-- John seu melhor amigo disse. Sua família tinha dinheiro,não suficiente para receber o título burguês mas o suficiente para serem tratados um pouco melhor na cidade. Donos de cafés espalhados por Londres,a família Gusmão, uma família de italianos,tinham um no dinheiro,mas eram muito humildes,diferente do pai de Henry,ele e sua mãe,eram os únicos humildes dentro da enorme casa,onde se instalava a família Montês.

-- Obrigada John.-- Jasmy abraçou o amigo e saiu do café, a noite quente era convidativa, uma bela sexta-feira,onde as moças saíam para dançar,ou para encontrarem seus amantes. Jasmynne sempre ficava perdida com o fim da tarde,achava tão lindo o céu quando o sol saía de fininho dando lugar a lua,tinha lido em um livro qualquer uma lenda, que contava que o sol,era apaixonada pela doce lua,mas não podia ficar junto dela devido ao seu calor, então os céus com compaixão dos amantes,fez o eclipse,para eles se encontrarem uma vez ao ano, ou algo do tipo. Jasmynne amava ler,tinha coleções de livros em seu pequeno quarto, um quarto miudinho,feito na casa de sua tia,mas era tantos livros que tomavam uma enorme parte do quarto, haviam livros de baixo da cama, e em cima do pequeno armário, livros na pequena prateleira feita nas paredes nuas,parecia mais uma minúscula biblioteca do que um pedaço de quarto. Mas ela já havia lido e relido todos eles,e jamais se cansava. Contava as histórias para as crianças e também para os senhores do bairro que não sabiam ler. Sentou-se perto do enorme jardim,onde crianças brincavam no parque com seus pais. Respirou o aroma doce das flores,e voltou a olhar a linda lua no céu,que por um acaso refletia no pequeno lago ao seu lado.

-- Oh lua. Não é apenas você que não pode ter o amor de sua vida. As coisas aqui em baixo também são tristes,nem tudo é alegria.-- Disse mais para si mesma do que para a lua,pois sabia que tão longe,ela não á escutaria.

Não Me AbandonesOnde histórias criam vida. Descubra agora