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II - Trio do Prazer

"Não quero morar novamente com esse homem. De jeito nenhum!"

VICTOR

Abro a porta do meu apartamento e entramos aos risos. Gui e Leda estão levemente alcoolizadas, mas eu continuo inteiramente sóbrio, porém, não quero que elas fiquem bêbadas, se isso acontecer não terá a menor graça. Estando as duas somente "levemente alcoolizadas" é o suficiente para toparem a ideia de fodermos os três juntos.

As luzes ligam automaticamente ao entrarmos. Noto que as garotas ficam, por um instante, impressionadas com o espaço. A piscina na área externa, à beira de uma visão panorâmica de Teresina, é realmente incrível. Nesse momento, minha cidade, capital do estado do Piauí, como de costume, está com a temperatura elevada, mas nada que o ar-condicionado não possa resolver.

— Kenai — chamo pelo meu cão, que vem aos meus pés. Me agacho diante do lindo pastor alemão negro, e faço o cafuné que ele tanto gosta. — Está com fome, né rapaz.
— Que lindo — comenta Leda, ela tem um sorriso realmente encantador.
— E grande — observa Gui. — Esse é o seu filho?
— Também — sorrio, ficando de pé, enquanto a ruiva acaricia o cachorro. — O primeiro se chama Apolo, e tem dezesseis anos.
— Ah sim. E esse, "Kenai", o que significa? — pergunta Gui.
— Urso negro. — respondo. — Podem ficar à vontade. Volto num instante — digo, seguindo para a cozinha, onde ponho a ração para o Kenai que corre para comer, abanando o rabo. Depois, sigo para o banheiro do meu quarto luxuoso, em tons escuros, molho o rosto na pia, enxugo na toalha, tiro o blazer e jogo na cama. Retorno a sala, e encontro as amigas sentadas no sofá, conversando e observando discretamente cada detalhe do meu apartamento, que tem um ar masculino.
— Você tem uma ótima visão do terraço, mas não sei se teria coragem de entrar naquela piscina, morro de medo de altura — comenta Gui, ao me ver.
— Gosto de alturas. — informo, enquanto pego uma bebida no "modesto" bar que tenho na sala, composto por um balcão, um freezer e algumas prateleiras na parede com várias opções de álcool. Coloco a garrafa dentro de um baldinho com gelo, pego as taças, e me aproximo das meninas. Ponho tudo na mesinha de centro, e sento na poltrona de frente para elas.
— Ah é, você gosta do perigo — comenta Leda, enquanto lhe entrego sua taça, lhe servindo. — De todos os tipos?
— Quase todos — respondo. — Mas diria que na juventude essa busca pelo perigo era mais forte. Hoje não, sou seletivo, não me envolvo mais com qualquer tipo de adrenalina, só com as que me tragam prazer sem culpa. Mas não se preocupem, não estou falando de drogas, não. — faço a piada e elas riem.
— Esse seu papo está muito abstrato e misterioso. Quando fala de perigo, é em algum esporte, por exemplo? — Guilhermina está curiosa, entrego-lhe sua taça cheia.
— Também — respondo, com um sorriso.
— Sexo? — Leda acerta.
— Sim — a miro profundamente, o papo chega aonde quero mais rápido do que pensei.

Elas trocam sorrisos e olhares sem jeito e eu gargalho.

— Relaxem — aconselho.

Não é a primeira vez que trago garotas a este apartamento, que parece mais o meu abatedouro. Já perdi as contas de quantas passaram por aqui enquanto solteiro, mas um ménage é mais raro acontecer.

Voltamos a conversar, sempre acho um caminho para que os assuntos não parem de fluir, e começamos a falar sobre a profissão da Gui.

— É o meu trabalho, defender bandidos, não há outra maneira de definir isso — diz ela, descontraída.
— Pensando bem, todos merecem ser defendidos, é uma maneira de haver democracia, né — comento.
— Está vendo Leda, ele entende, já você...
— Sobre esse assunto nem quero comentar, para mim criminosos devem pagar arduamente por seus crimes, mas vamos falar de outra coisa.
— O quê, por exemplo? — pergunto.
— Por exemplo... por quanto tempo você foi casado? — a ruiva quer me conhecer, faz tempo que sinto isso.
— Leda, como você é curiosa — repreende Gui.
— Quinze anos — respondo, e resolvo falar mais, antes de receber outras perguntas. — E depois de todo esse tempo... há dois anos, houve uma mentira criada contra mim — desvio os olhos para o chão por um instante, lembrando desse assunto que ainda me afeta.  — E não deu mais certo. É complexo. Mas me conformo com a ideia de que nada dura para sempre. O engraçado é que, mesmo assim, ela foi a única mulher que realmente amei até hoje.
— Jura? Nunca conseguiu se relacionar com mais ninguém? — pergunta Gui, agora interessada.
— Não... Mas não porque não quis, é porque deixo as coisas simplesmente acontecerem. Se for para ser... será, entendem? E até agora não deu certo com ninguém — miro as duas, e parecem sensibilizadas ou interessadas com a minha história.
— E você ainda a ama? — indaga a ruiva.
— Definitivamente... não sei. Já faz um bom tempo que não nos vemos.
— Essa questão de mentira é torturante — comenta Leda — Já fui muito machucada por vocês homens... Eu e a Gui na verdade — a morena concorda.
— E é por isso que nós... — elas trocam olhares, e saco algo que me surpreende imediatamente.
— São um casal? — indago, erguendo as sobrancelhas.

A P O L O - DEGUSTAÇÃO - Disponível na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora