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IV — A Nova Vizinha

"É a primeira vez que vejo uma mulher tão linda assim"

APOLO

Minha mãe está me ligando, e fico indeciso se a atendo ou não.

— Não vou desistir de você, meu filho — repete Victor, com ternura no olhar, e isso me toca profundamente, estou quase chorando, é difícil segurar a emoção. — Vou te deixar sozinho... para... falar com a sua mãe — ele sai do quarto e fecha a porta.

E assim, finalmente deixo algumas lágrimas descerem após segurá-las por tanto tempo em sua presença. Respiro fundo, controlando os soluços, a dor na garganta que me sufoca com força. O smartphone continua chamando, o pego e quase o atendo, mas alguma coisa me faz optar pelo contrário e a ligação cessa.

Me jogo na cama, respirando fundo, tiro os óculos e enxugo as lágrimas, não acredito que deixei estas poucas palavras dele mexerem comigo tanto assim. Que droga! É mentira, só pode ser! Não gosto do Victor, tenho certeza disso. Mamãe me liga novamente e mais uma vez olho para o celular que implora para ser atendido, mas meu dedo não se mexe. Penso em dizer a ela que vou sair daqui, porém, sei que vai me incentivar a ficar, mas se eu insistir, ela mandará vovô vir me pegar.

Por que estou em dúvida? Depois de tantas provas que esse homem que me chama de filho me deu, não devo acreditar em absolutamente nada que sai da sua boca.

Victor é um mentiroso! Não se importou comigo durante todo este tempo em que estivemos separados, por que se importaria agora? Ele quer me enganar, só pode ser isso. Minha avó está certa, esse homem não dá nenhum valor à família, só quer saber de farra. É um vagabundo que ostenta a herança do pai! Eu vi o quanto a minha mãe sofreu nas mãos dele, mas... aquelas palavras, nesse diálogo rápido e conturbado que tivemos, parecem agora entranhadas em mim, não consigo esquecê-las

Por que estou tão atordoado? Achei que seria tão fácil encará-lo, e joguei pelo menos uma pequena parte do que estava entalado na minha garganta em cima dele, e agora... meu comportamento, meus sentimentos, não fazem sentido.

Acabo me cansando com tantos pensamentos e adormeço. Desperto com Victor batendo na porta.

— Apolo... — me chama. — Vem almoçar.

Olho a hora no meu relógio de pulso, já é 13h, dormi cerca de uma hora. Me sento na cama.

— É... Não, não estou com fome — minto, passando a mão na barriga, ouvindo-a roncar, estou faminto.

— Vamos cara, sai desse quarto — me pede.

— Já disse que não — falo grosso. — Eu estou bem.

— Saco vazio não para em pé. Olha, não vou sair daqui até você descer comigo e almoçar — Esse cara gosta de encher o meu saco e bate mais vezes na porta ao notar o meu silêncio. — Apolo.

— Eu... vou tomar banho e... então desço — respondo, emburrado, me levantando.

bom, vou esperar, mas se demorar demais venho te buscar — avisa, e só então o escuto se afastando.

— Até parece que se importa comigo — penso alto.

Para isso não se tornar pior, após o banho, resolvo descer para comer e assim voltar depressa para o quarto, pois não cairei nesse papel de "bom pai" que o Victor agora decide interpretar. Comigo não vai colar, não mesmo.

Lá embaixo, me deparo com uma mesa repleta de comidas boas, o cheiro já domina todo o ambiente. Há arroz com cenoura ralada, feijoada, lasanha, frango assado no forno, salada, refrigerante, suco, farofa, ou seja, um banquete. Faz um tempo que não como essas refeições um pouco mais... populares. Na minha casa e na casa dos meus avôs, o cardápio é mais requintando, e vendo essa mesa, lembro que Victor sempre gostou desse tipo de comida, e recordo que eu também adorava, tanto que estou com água na boca.

A P O L O - DEGUSTAÇÃO - Disponível na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora