3. Quem é quem?

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POV Lexa

-O QUÊ? Não seu Kane, isso é mega ultrapassado. Tipo século passado! -exclamou Lili e teve uma onda de concordância de todos.

-Eu sou um homem ultrapassado! –rebateu ele com seriedade

-Mas...mas você não pode fazer isso! -insistiu a garota e eu travei o maxilar para não rir. Essa garota me lembra a Octávia quando nova.

-Amor, eu... –tentou a esposa falar

-Não. Alguém tem mais alguma coisa para dizer?

-Eu tenho muitas coisas! –respondeu rapidamente a garota, mas com o olhar mortal que ele lançou a fez se calar no ato.

-Amor –exclamou novamente a esposa dele –Acho que não é justo. Eles não farão nada demais, não aqui! Sem falar que acredito que a senhora Graent ficará melhor sozinha –ela passou a mão nas costas dele e eu continuei calada ainda com o maxilar travado para não soltar um suspiro de alivio -Diga a ele Graent que com certeza é melhor! –Me limitei apenas a assenti levemente com a cabeça.

Kane sorriu para mim e o grupo de garotos e garotas vibraram de emoção.

-Porém, as divisões entre meninas e meninos continuam. Garotas para o quarto de Abby, garotos na sala de estar comigo.

-Acho justo –disse o japonês e levou um tapa da namorada.

-Tem a dependência de empregados –Observou a loira de olhos azuis e o diretor sorriu novamente contudo seu sorriso não era amigável. Olhar fixo demais para ser amigável.

-Ainda tem o empregado –falei tão baixo que me surpreendi ao ver o homem ao meu lado dizendo que não tinham associados naquela noite. E sentir um arrepio na espinha.

**

A chuva escorria pelas paredes de vidro fitei a paisagem banhada em escuridão. Tudo calmo, silencioso agora que o grupo adolescentes deixou a cozinha para colocarem seus encharcados colchonetes nos lugares designados pelo meu futuro chefe.

-Ei, a Abby pediu para que te mostrar o quarto –falou Lili tímida. Algo que definitivamente não combinava com ela. Assenti seguindo-a

Andamos pelo corredor dos quartos, vejo que em um a porta estar aberta. Olho pelo canto do olho e enxergo a leãozinha beijando a barriga da esposa do diretor. A mais velha rir, não aguento a minha curiosidade e viro devagar a minha cabeça em direção àquela cena, me arrependi por completo em fazer isso. Os olhos da loira encontraram os meus com tanta energia, ela tinha um sorriso nos lábios que aumenta enquanto me encara. É só por um milésimo de segundo que nossos olhares se encontram, um milésimo de fraqueza que faz meu corpo inteiro arrepiar por completo. Um arrepio diferente do que senti antes porque é como um déjà vu a sensação de que eu já a conheço me preenche.

Ela é linda mais que isso, pensei enquando me afasto.

Paramos em frente a uma porta branca que tinha uma enorme pintura de um guaxinim, uma ótima pintura. Lembra o meu apelido o que recebi quando os sonhos começaram.

Entramos e por um momento perdi o ar, o quarto não era tão grande quanto pensei, mas tinha um misto de organização e bagunça; a cama meio coberta com um edredom branco com algumas flores bordadas em um tom lilás, simples. Se precisasse definir esse cômodo em uma só palavra seria iluminado. Havia uma prateleira com livros bem organizados, um computador, saltos no chão, um abajur em cima do criado mudo que fica ao lado da cama, um violão encostado na parede e um violino.

O que mais me chamou atenção foi o quadro pendurado acima da cabeceira da cama, a pintura possuía cores vivas traçadas de modo incomum, perfeito. O branco que surgia ao fundo brilhava, brilhava enquanto os traçados em formas de espirais se ligavam, uniam-se mesmo que as finas linhas não se tocassem ou cruzassem-se. As verdes e azuis pareciam se completar totalmente sendo de um modo mágico iguais e completamente diferentes, isso me fascinou. Nunca fui crítica de artes, mas podia sentir a vida ganhando forma e pulsando com intensidade apenas fitando aquela obra de arte. Sem alternativa suspirei.

Um novo começoOnde histórias criam vida. Descubra agora