Como é Amar? (#Wattys2017)

Capítulo 5.

Ayra.

Saio da escola, não antes de ver Isaac com ela.

É tão doloroso.

Alguns pássaros passam por mim. Eu gosto de pássaros. Eles sempre podem voar para longe quando surge algum problema.

Eu queria ser assim.

Vê-lo me faz perceber que muita coisa mudou de uns tempos pra cá e não foi para melhor, não.

Sinceramente, eu queria voltar a ser criança. Os joelhos ralados curam bem mais rápido que os corações partidos.

Eles se abraçam sorrindo.

Respirei fundo para não chorar.

Não é incrível como uma coisa pode mudar e de repente virar outra?

Mas, esse é o lance da dor, não é?

Sentí-la não faz com que ela passe... só te mostra que ainda está vivo.

Ele age como se estivesse tudo legal, mas não está. Bem, talvez esteja para ele.

Vai saber, ele nunca se importou comigo. Eu sempre senti como se estivesse incomodando.

Você já sentiu como se estivesse desmoronando?

Ela é como a única coisa que ele já viu. Ele nunca me olhou assim.

Ou olhou e eu não percebi?

Será que eu estou colocando toda a culpa nele só para me sentir melhor?

Que diferença faz?

Se nem ele se importa, por que eu deveria?

Mas eu quero que ele se lembre disso. Que ele me magoou.

Mas, eu gostaria de pegar todos os cacos que ficou do meu coração e cortar o pescoço dele.

Atravesso a rua, não quero mais ver isso. Mas eu não vejo nada, inclusive o ônibus que vem na minha direção.

Eu não gritei quando ele me acertou em cheio, só senti a força brutal do impacto.

Tudo tem um fim. Mas eu não sonhava que ia ser assim, enquanto fico caída no chão vendo Isaac correr na minha direção.

Eu não conseguia respirar mais, só que não doía. Nada doía.

Acho que aquele já não era meu corpo.

Não demorou para que percebesse que este era meu fim. O fim de tudo.

Eu me senti de certa forma aliviada.

Eu não precisava mais viver aquela vida horrível. Não precisava fazer mais nada.

A morte é um sono sem sonhos.