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BEATRIZ POV

Abri os olhos com hesitação e, no mesmo instante, voltei a fechá-los, ao sentir a luminosidade que se exponha através da janela. Remexi-me na cama tentando encontrar o meu aparelho telefónico, este que certamente encontrava-se perdido no meio dos lençóis. Passado alguns minutos, estando mais lúcida e acordada, observei a decoração do quarto em que me encontrava notando que não era o meu quarto mas sim o quarto de André, colei a minha atenção no outro lado da cama, totalmente vazio, contendo apenas um bilhete que presumi ser do jogador portista.

" Bom dia, quando vires este bilhete já sai de casa e o Afonso também.Ontem adormeceste no sofá depois da Kate ter ido embora. Não quis te acordar por isso levei-te para a cama. Não te preocupes que dormi na sala e não aconteceu nada. Vem ter comigo de tarde, depois mando-te mensagem. Beijinhos sua burra"

Solto uma gargalhada após a ultima sentença de André. Deixei-me ficar um pouco mais na cama do jogador, levantando-me quando deparei que o adequado era voltar para casa e arranjar-me para o dia que ainda tinha pela frente.

Chegando a casa, fui rapidamente para o duche e num espaço de duas horas encontrava-me pronta para ir ter com André que, me tinha avisado da sua presença numa esplanada local da cidade. Caminhei até ao meu carro iniciando uma viagem de cerca de dez minutos até ao ponto de encontro que o portista me tinha indicado.

Quando cheguei, respirei fundo, ajeitei a saia de cor violeta que trazia vestida e caminhei na direcção à esplanada. Assim que me encontrava lá, olhei em volta e localizei-o numa mesa um pouco distante, assim que os nossos olhares se cruzaram sorrimos um para o outro, aproximei-me com o coração aos saltos, cumprimentei-o e sentei-me a seguir.

— Queres tomar algo? — Começou por perguntar chamando pelo trabalhador do estabelecimento.

— Pode ser um café, por favor. — Alternei o meu olhar entre André e o funcionário daquela esplanada que aparentava ter a nossa idade.

— Já decidiste o que vais fazer? —Começou por questionar, neguei à sua pergunta sabendo perfeitamente do que se tratava. —Tu sabes o que é o melhor para ti Beatriz.

-— Eu sei que preciso de o fazer, mas tenho receio. E se estiver errada em não lhe dar uma oportunidade?  — André muda completamente a sua expressão facial,visivelmente irritado com o que eu acabara de proferir, suponho. Debruçou-se sobre a mesa, aproximando-se de mim sem deixar de ter uma cara de zangado

— Tu és burra Beatriz Cardoso? Não se perdoa uma possível traição, e tu sabes disso. Não te estou a reconhecer. 

Reviro os olhos e desvio o meu olhar, concentrando-me no ambiente ao redor, este que se encontrava bastante movimentado. Ato este feito para ter a expectativa que o assunto fosse finalizado, não me contentava com a falta de respostas na minha cabeça.Derrotada e completamente cansada daquele assunto, encosto-me confortavelmente na cadeira, retorno o meu olhar para o jogador internacional, este que já me observava porém com um olhar diferente, um olhar indecifrável. Talvez nostálgico

— Que se passa? Estás muito observador.

— Nada. Só estou a tentar aproveitar o tempo que me resta. — Dou uma pequena gargalhada perante a sentença enunciada pelo jogador, porém a sua expressão séria sem qualquer tipo de reação mantinha-se.

— Não me vou embora para sempre. Pretendo vir mais frequentemente

— Não me refiro só a isso Beatriz.— Franzi o sobrolho esperando uma resposta pela parte do rapaz natural de Baguim do Monte, freguesia portuguesa do concelho de Gondomar. — Para quem é inteligente tu consegues ser muito tapada e burra às vezes.

Data Inicial: 2017

Editado a: 02.07.2020