Capítulo 23

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"No final das contas, há algumas coisas que não dá para evitar comentar. Algumas coisas que a gente não quer ouvir e algumas coisas que a gente fala porque não dá para segurar mais. Algumas coisas são mais do que você diz, elas são o que você faz. Algumas coisas você fala porque não há outra opção. Algumas coisas você guarda pra você mesmo. Mas às vezes algumas coisas falam por si só."

Luna's POV

Acordar naquele colchão maravilhoso me fazia esquecer da dor por alguns segundos. Observei cada detalhe do quarto, com as paredes pintadas de bege claro. Minha mãe falou realmente sério quando disse que me traria para a casa de minha tia, e cá estou eu. Leves batidas na porta foram feitas antes de Michael entrar.

- Dormiu bem? Como você está?

- Tem como dormir mal num colchão incrível desse? - sorri de imediato, sentindo seus lábios em minha testa.

- Como está seu braço? - a serenidade em sua voz me acalmava de maneira inexplicável. Michael é, é sempre foi o meu refúgio, o meu lugar favorito. Estar com ele é a definição de sorrisos, brincadeiras, doces e arco íris.

- Dolorido. Nada que eu já não tenha me acostumado. - dei os ombros, tentando fazer piada com a minha desgraça, mas meu primo não gostou nada disso.

- Então está na hora de se desacostumar, ouviu? Ele não vai te machucar de novo, Lu. Nunca mais. - me abraçou com força, acariciando meu cabelo ao mesmo tempo.

- Eu não posso ficar aqui pra sempre.

- Você vai ficar aqui o tempo que precisar. Vamos dar um jeito nisso tudo, ok? - segurou meu rosto delicadamente, me olhando no fundo dos olhos.

- Ok. Agora vamos tomar café antes que eu comece a comer os moveis desse quarto. - pulei da cama, o puxando pela mão.

O café da manhã... Ah, como eu estava com saudade disso. A mesa toda colorida, com diversas comidas.

- Você está bem, Lu? - tia Márcia perguntou cautelosamente.

- Honestamente? Não sei. Eu não consigo acreditar que as coisas chegaram a esse ponto.

- Tentamos fazer sua mãe ficar também, mas seu medo fala mais alto. Meu bem, por que não denunciamos Sam de uma vez por todas?

- NÃO! Se você fizer isso, alguém vai vir atrás de nós do mesmo jeito que vieram atrás de mim! V-você n-não pode fazer isso! - a essa altura, meu desespero estava mais óbvio do que 1+1=2.

- O que? Como assim, foram atrás de você? Luna Sawyer, o que aconteceu? - o tom de voz sério do tio Chris me fez querer bater a cara no chão. Por que essas coisas simplesmente saltam da minha boca?

- Sam devia dinheiro para um homem, e um dos capangas desse homem veio atrás de mim cobrando esse dinheiro, e caso eu não pagasse, ele mataria minha mãe. Ela não sabe disso, então por favor, não contem! Ela já tem problemas demais. - revelei a verdade com certo receio, sentindo meu coração ser amassado dentro do meu peito.

- Oh meu Deus! Luna, você não pode correr esse perigo! Por que não nos contou antes? Poderíamos ter feito algo! - Márcia falava rapidamente, com a voz cheia de indignação.

- Só me prometa que você não vai contar nada pra minha mãe, por favor. - apertei os olhos com força e joguei a cabeça pra trás, já exausta do assunto.

- Tudo bem, querida. Mas agora você está aqui, e é nossa responsabilidade. Não esconda nada de nós, tudo bem? Faremos de tudo pra te ajudar, Lu. Você é como nossa filha também. - minha tia colocou sua mão sobre a minha, me dando um olhar totalmente reconfortante.

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