Parte 1

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Abri os olhos e eles foram de encontro com a escuridão. Tudo estava preto - não um preto normal como a noite - um preto profundo e sufocante que pressionava meu coração e lembrava a morte. Sabe aqueles pesadelos terríveis onde você acorda dentro de um caixão? Sim, mas agora não era um pesadelo, era real! 

Eu não conseguia respirar e eu precisava respirar, porque - obviamente - estava viva. Talvez segundos antes estivesse morta - isso explica o fato do caixão - mas agora meu coração batia acelerado, a adrenalina percorria minha veia e o desespero tomava conta de minha alma. 

Usei toda força que tinha - o que não era muito, pois estava sem ar e fraca - para abrir o caixão e empurrar a terra que estava em cima de mim. O caixão foi fácil de abrir, a madeira já estava velha e podre, mas a terra foi a parte mais difícil... Estava quase desistindo até que minha mão encontrou o nada lá em cima e pouco a pouco a luz foi derrotando o escuro. 

Devo ter desmaiado no meio do processo, porque não lembro como sai da cova. Quando me dei conta já estava deitada na grama e respirando freneticamente. Abri os olhos pela segunda vez, a luz era tão intensa que queimava meu olhar, mas depois de um tempo tudo foi ficando melhor - tudo sempre fica melhor.

As árvores dançavam com o vento e o céu azulado era o único que me observava de longe. Levantei e tentei andar, o chão se movia junto com meus passos, mas ainda assim insistia. Avistei ao longe uma casinha e fui em direção a ela. 

"Doces Mystic Falls" estava escrito na placa vermelha acima da porta. Ao entrar corri através das longas pratilheiras de comida e peguei algo dentro de uma garrafa que parecia água. Tomei rapidamente toda água que estava dentro do recipiente, mas logo em seguida meu estômago começou murmurar e eu vomitei  - um líquido preto com alguns bichinhos e terra - foi nojento, mas pelo menos agora  me sinto melhor. 

Engoli um grito ao ver uma garota nua em minha frente, tão pálida e assustada que decidi me aproximar - afinal, ela parecia inofensiva - mas quando cheguei perto algo me impediu de tocá-la, uma superfície de vidro. Só então percebi que a garota nua e assustada na verdade era eu. 

Nunca tinha visto um espelho daquele tamanho. Minha pele estava branca, mais branca do que a neve. Meu cabelo loiro platinado -  sorri porque a cor do meu cabelo me lembrava alguém importante -  estava magra, bem magra. Meus olhos azulados e marejados, meu lábio sem cor:

- Bom dia Bela Adormecida - disse uma voz grossa atrás de mim - já era hora de acordar, estava te esperando!

Eu virei suspirando aliviada ao ver que tinha alguém para me ajudar.

-Uau - disse o estranho observando cada parte do meu corpo com desejo. Me senti envergonhada ao lembrar que estava nua. Mas a vergonha foi breve, em seguida o chão voltou a se mexer e eu apaguei. 


THE ORIGINALS - A garota esquecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora