O touro mugiu alto e chegou a poucos centímetros do Yuri que não parava de chorar. O silêncio das pessoas da arena era de assustar. Acho que poderíamos ouvir os carros chegando em Poti a 20 kilômetros dali. Ele ia dando passo por passo e chegando perto do rapaz. O Yuri, que até então estava de olhos fechados, os abriu e encarou o animal. O Zebu ia dando passos assustados, pequenos. Ele estava apenas curioso com aquele homenzarrão ajoelhado. Eu entrava cuidadosamente no meio dos animais que também estavam parados, encarando o homem e o animal no meio da arena. Eu não podia assustá-los ou eles poderia facilmente pisotear o Yuri. Até eu fiquei parado para ver aquela cena. O maior touro do Brasil encarando o tão famoso Yuri. Foi quando meu primo, tremendo, estendeu a mão. O animal afastou assustado, mas voltou para cheirá-lo.
- Não faça movimentos bruscos – disse calmamente ao Yuri.
O Zebu deu mais um passo, depois outro, depois mais um até alcançar a mão dele. Ele a cheirou e começou a lambe-la. O Yuri estava estático vendo aquela cena que seria cômico se não fosse perigosa. Então, a coisa mais improvável e impossível que pudesse acontecer, aconteceu. O touro Zebu, naqueles pequenos passinhos se ajoelhou na frente do Yuri Martel. Meu primo acariciou sua cabeça e abriu um sorriso de alívio.
- MONTA ELE – berrou um cara da plateia.
Meu coração parecia explodir dentro do meu peito. Yuri se levantou, deu a volta pelos chifres e, cuidadosamente, subiu em cima do animal. O Zebu ficou de pé, com o rapaz no lombo e deu uma pequena volta em torno dele mesmo. A plateia explodiu em gritos, chapéus para cima, aplausos. Meus olhos encheram d'água e eu comecei a chorar.