CAPÍTULO 02
Narrado por Yuri MartelAcabamos o nosso banho fomos direto para Punta. Era uma cidade não muito grande, mas bem movimentada, muito rica quando se fala em dinheiro. Considerada uma das cidades costeiras da américa latina mais ricas. Não cabia mais nos padrões Yuri Martel de ser, mas era, incondicionalmente, bonita. Tirando o fato de estar fazendo um dos dias mais frios da história, a cidade estava lotada com turistas cheio da grana aqui do MercoSul e fora dele. Os turistas eram nossa fonte de renda, pois, basicamente tudo o que era produzido no Uruguay, era para comercialização com turistas. Então keeping-smiling "sempre sorria" era nossa nova regra. Por mais que nossa história no Brasil tenha sido há mais de uma década, ainda haviam gatos-pingados que nos paravam na rua para perguntar como o "casal-sobrevivente-perfeito" estava. Respondíamos que "melhor impossível!".
De alguns anos para cá, o Cael adotara um estilo bem mais, como posso dizer, punk. Sua cabeleira e barba deram lugar a uma cabeça raspada, tatuagens pelo corpo e logo veio a idade. Ele ficara impagavelmente mais charmoso como tiozão de 45 anos. Ele era o novo dono das plantações da cidade. Se Cael tinha um dom, era mexer com tudo que se dava na terra. Ele convencia que tudo que ele plantava, cultivava e vendia eram as melhores. De fato, eram sem dúvidas, melhores hostifrutis. Gado, leitões e galinhas eram de consumo do pessoal da comunidade. Mas como dito, toda essas coisas que nasciam aqui, não davam para sustentar todas as famílias. Então muita coisa aqui funcionavas na base da troca. Temos também nossa própria comunidade de refugiados. Meio confuso, mas tudo ficará mais claro a adiante.
Paramos para tirar fotos em Las Manos del Punta. Monumento que fica na praia, que mostra uma grande mão saindo das areias. Quem passa por Punta, deve passar pelas Manos. Tiramos mais outra foto em meio aos turistas e ficamos contemplando o mar. Aquele vento gostoso, frio, que cortavam a pele de tão frio e faziam nossas olhos lacrimejarem. Mas ambos, sadomasoquistas, ficavam sentados lá por horas, se precisassem. Era maravilhoso ver o mar quebrando, o som das ondas, o Cael boquiaberto. O bom desse lugar, que o povo era mais liberal e permitia que andássemos abraçados há anos. Uma das coisas diferentes que não tinha ná época do Brasil.
O Yuri de agora era constantemente monitorado pelo meu marido e meu filho. Deveria dar satisfações de todas as coisas que tinha que fazer durante o dia, caso contrário, pudesse dar uma crise em meio a rua e "tchau familia". Eles não comentavam, mas ficavam felizes quando eu batia o record de dias sem ter crises. A última foi há 1 ano e 3 meses. Acho que uma das maiores da minha "vida".
Paramos para comer num restaurante bem caro para nosso novo padrão.
"Agora entendi o motivo de me trazer aqui sem o Ian, ele queria gastar menos."
- Não faça essa cara. É o nosso aniversário – disse ele pegando na minha mão e puxando para dentro.
- Aniversário? – perguntei sem me lembrar qual data deveríamos estar comemorando.
- Sim!
- Posso saber qual deles?
- huuuuuuuuum, aniversário de domar o Zebu! – respondeu ele num sorriso bobo.
"Ele estava mentindo! Tipo, eu tenho o dom de mentir, ele mal sabe o que é fazer isso!"
- Eu quero saber apenas se temos esse dinheiro, apenas isso e volto a sorrir.
- Então volte a sorrir, por favor!
Comemos frutos do mar, coisa que eu o Cael aprendera amar profundamente. Sempre que saíamos, tentávamos comer o mais diferente possível do que era servido dentro de casa!