Abro meus olhos lentamente quando ouço o som do despertador. Desligo-o dando um leve tapa no botão. Meu celular começa a vibrar um pouco. São apenas mensagens caindo, mas não estou a fim de vê-las ainda. Sento-me na cama com um mínimo de esforço. Seis horas da manhã é a hora exata para me levantar. Amarro meu cabelo em um coque desajeitado, deixando algumas mechas caírem em frente aos meus olhos. Saio da cama super bagunçada e entro no banheiro cambaleando um pouco.
Consigo despertar-me com a água gelada do meu chuveiro. Debaixo dele, as lembranças da noite passada surgem à tona em minha mente. Pedro jantou comigo e minha mãe na sala; uma deliciosa macarronada é uma conversa adotável sobre nosso relacionamento interessou dona Bárbara. Não fico surpresa em saber que ela interessou-se pelas palavras dele ontem à noite. Minha mãe sempre se encantou pelo Pedro.
Saio do banheiro, já limpa e seca, e enrolo-me no roupão. Começo a arrumar minha cama rapidamente. Meu quarto é bem simples, sendo o menor cômodo da casa. Minha cama é de solteiro, fixa-se ao lado da porta, e havia uma escrivaninha onde tinha meus dez livros do curso e meu notebook. A bagunça de papéis espalhados em cima da escrivaninha é a prova de que estou estudando bastante para o vestibular.
Resolvo vestir uma calça marrom apertada, minhas botas pretas de couro, meu suéteres azul-marinho e ainda pus uma jaqueta preta como sobretudo. A cidade está em época de outono, então sabia que, em poucos minutos, iria cair um temporal.
Sem ajeitar o coque bagunçado, pego minha mochila preta e ponho o celular dentro do meu bolso. Ando pelo corredor da minha casa, com a esperança de não ter ninguém na casa. Contudo, ao virar-me na esquerda, entro na cozinha e me decepciono ao ver minha mãe e o seu marido tomando café, tranquilizados, na mesa da cozinha. Aproximo-me da cozinha, sussurro um "bom dia" para os dois e sou ignorada com um belo silêncio naquela manhã. Não ligo muito para isso. Sou ignorada várias vezes na vida. Jogo a mochila no chão e preparo meu café da manhã.
Ao terminar de tomar, dirijo-me à pia e lavo as loucas que sujei. Nesta casa, nos três temos funções regularas a se fazer todo dias, mas parece que sempre as funções do Luiz, marido dela, acaba ficando sempre para cima de mim, já que o mesmo é a pura preguiça em pessoa. Termino de lavar a louça, e sou surpreendida com a minha mãe aproximando-se da pia e de mim.
— Não se esqueça que sua Irma chegará hoje de viagem.
— Alice voltará a morar aqui? - sussurro, começando a me assustar.
— Lógico que não. Ela vem com o marido e o filho. Vão nos visitar e quero que o jantar seja maravilhoso é reconfortante, por isso, chegue cedo hoje.
Solto um sorriso frouxo.
— A última coisa que você verá entre mim e a Alice será algo reconfortante e maravilhoso. - digo. — E porque eu tenho que participar? Ela me odeia.
— Não, você a odeia. É totalmente diferente.
— O que? Mãe, você sabe que toda hora que brigamos é por algo que ela me diz. E você sabe que ela não é flor que se cheire.
— Anita, quer parar de invejar a sua Irma esta hora da manhã! Chega de papo. Você vai participar desse jantar, queira ou não.
— Mas eu não estou com nenhuma inve... - paro de falar, no mesmo momento em que ela me lança um olhar repreendido.
Resolvo me calar. Aliás, a melhor coisa que sei fazer nesta casa e nesta vida é ficar quieta e deixar as coisas acontecerem. É por isso que me dou tão mal.
Pego minha mochila e saio dali rapidamente, sem demonstrar raiva. Ao fechar a porta da entrada da minha casa, começo a caminhar na calçada rapidamente, pondo os pensamentos para mergulharem em minha mente. Não estou com raiva pelo fato dela não me escutar, nem surpresa, nem nada. A minha vida toda quem sempre me defendeu das brigas entre mim e minha irmã foi nosso pai. Ele sempre me defendeu; acho que ele sabia que quem sempre começava às brigas era ela e não eu. Além disso, eu e minha Irma mais velha nunca nos damos bem. A única coisa que fizemos juntas e com respeito foi nosso batizado, quanto tínhamos dois anos. Depois disso, tudo foi seguido em uma relação de cão e gato. E, depois do falecimento do nosso pai, não tenho mais outra pessoa para desabafar meus sentimentos. E sempre que brigo com ela, a culpa sempre vai toda em cima de mim, pois ela e minha mãe se entendem da melhor forma possível e se adoram. Não é uma relação como eu e minha mãe.
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Talvez Um Dia
RomanceA doce Anita, ao completar 20 anos, ainda está na fase de amadurecimento emocional quando vive uma relação de cabeça para baixo com a mãe. Tendo um namorado, no qual a relação é extremamente abusiva, tenta seguir em frente com seu "grande amor", mes...