Capítulo 2

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Eu não consigo, eu não consigo olhar ao redor e sentir aquela alegria ao ver o que o mundo pode oferecer de bom. O silêncio. Palavra que antes para mim era tão simples, mas agora é tão significativa. O meu trauma. Uma coisa que me prende ao meu passado. O meu futuro? Bom, posso dizer que é uma coisa mais indecifrável do que o olhar de um desconhecido. Solidão, uma das coisas que me persegue e pode fazer com que lágrimas brotem dos meus olhos...

A praça perto da minha casa é o lugar em que eu posso refletir sobre a vida, sem ser atrapalhada por ninguém.

E apenas o som das árvores me embalam às profundezas da minha memória. Pensando bem, que memória? As únicas recordações que tenho antes do meu acidente de carro, são pouquíssimas. Só consigo me lembrar que eu estava tão feliz com os meus pais... e de repente tudo apagou. Depois eu acordei no hospital com vários rostos ao meu lado, que provavelmente, eram meus familiares.

Eu fiquei em coma por um mês, e ainda hoje meus pais me ajudam a recuperar cada fragmento das minhas lembranças.

Pelo o que meus pais disseram, eles queriam me levar à um passeio mas montanhas. Disseram que eu estava deprimida e que vivia trancada no quarto.

Minhas amigas, disseram que quando eu recuperasse a memória, elas iriam explicar o motivo da minha grande tristeza. Sobre elas, eu estou conseguindo me lembrar dos momentos que eu tive com as três.

- Ei! Joyce! O que você tá fazendo sentada sozinha nesse banco?!

- Não sei, talvez tentando relaxar um pouco. E o que você veio fazer aqui, Ambril? - dei um sorriso, ela é uma das minhas melhores amigas e sempre me ajuda muito.

- Não sei, talvez tentando levar uma amiga, a Joy, para passear comigo e com as outras meninas. - ela ri pela nossa ironia.

- Por que não me mandou uma mensagem? Eu já estaria lá.

- Não tive tempo, sai nas pressas.

- Dormindo?- eu rio.

- Dormindo. - eu e ela começamos a rir ainda mais.

Pegamos o metro, por alguma razão eu me sinto incomodada por estar aqui. Me sinto mal, no sentido emocional mesmo.

- Joy? Tá tudo bem?

- Tá, eu só...

- Conseguiu se lembrar de algo?

- Não. Só me sinto angustiada. Ei, Ambril.

- Sim?

- Por que, eu estava deprimida antes do acidente? - falo, e sinto minha voz ficar um pouco rouca.

- Por que pensa nisso?

- Eu... só quero saber a verdade. Por favor, me conta!

- Joy, a gente ainda tá no metrô, esqueceu? Olha, eu e as meninas vamos contar tudo. Só espera.

- Por que não me conta agora?! - falo com rigidez, pois sinto os meus olhos marejados.

- Se contarmos agora, seus pais poderiam ficar meio chateados.

- Me conta.

- Espera até a gente chegar na casa da Annie, a gente vai te contar tudo lá. Depois a gente vai no shopping.

Fiquei calada, eu sabia que ela não iria falar nada num metrô. Eu sei, que pode até ser um pouco dramático para outras pessoas, mas é o meu passado. Eu quero saber por que em certos lugares e momentos, eu me sinto tão angustiada.

Sem perceber, já estamos na casa da Annie depois de pegar um táxi.

- Já estão prontas para ir? - diz Annie ao nos receber.

- Ei meninas! Podem entrar!

- Isabela! A casa é minha!

- Então quer dizer que não vai deixar elas entrarem? - diz Hanna dando um enorme riso.

- Claro que eu vou!

- Meninas? - digo um pouco assustada pelo barulho da casa.

- Fala, Joy.

- Eu quero que me digam tudo o que aconteceu antes do acidente.

Além das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora