Fatos reais de mimimi

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O pior caso de massacre de estudantes no Canadá aconteceu no final dos anos 80 na escola de engenharia da Universidade de Montreal. O responsável pela tragédia foi Marc Lepine, um homem de 25 anos, que "odiava feministas". Segundo o relato do crime, ele entrou em uma sala da faculdade com um rifle semiautomático e uma faca de caça e ameaçou um grupo de estudantes de engenharia mecânica. Depois de expulsar os homens, enfileirou as 9 mulheres da turma e disse: "Estou lutando contra o feminismo. Vocês são mulheres, vocês serão engenheiras. Vocês são um bando de feministas". E abriu fogo. Além das nove mulheres baleadas na sala de aula, outras 18 foram feridas nos corredores da faculdade. 13 morreram. Depois de 20 minutos de terror, Lepine se matou.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as taxas de feminicídio no Brasil é a quinta maior do mundo - 4,8 para 100 mil mulheres - perdendo apenas para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Segundo o Código Penal brasileiro, feminicídio é o "homicídio cometido com requintes de crueldade contra mulheres por motivações de gênero". Ou seja, a matança produzida pelo único e exclusivo fato de a vítima ser mulher.
Esse massacre contra as mulheres vem crescendo. Em 2015, conforme os números divulgados pela OMS, por meio do Mapa da Violência sobre homicídios entre o público feminino, o número de assassinatos de mulheres negras cresceu 54%, de 2003 a 2013, passando de 1.864 para 2.875. Na mesma década, foi registrado um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade branca e negra. Do total de feminicídios registrados em 2013, 33,2% foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

No quadro geral da política nacional e internacional, de forte instabilidade e crise, a mulher é um dos principais alvos, pois, em uma escala de opressão, ela se encontra no topo. O golpe de Estado ocorrido no ano passado foi uma demonstração cabal dessa política. A direita não só expulsou o PT do poder político, como fez uma ampla campanha miogênica contra a primeira mulher eleita presidenta da República. O resultado dessa cruzada pode ser constatado com a chacina promovida em uma festa de Réveillon, na cidade de Campinas, em São Paulo.
O técnico de laboratório, Sidnei Ramis de Araújo, matou a tiros a ex-esposa, Isamara Filier, e outras 11 pessoas (mulheres em sua grande maioria). Em carta, o assassino anunciou que, ao contrário de um crime passional, a violência teve motivações de gênero (ódio contra as mulheres) e política, com uma forte influência da campanha direitista contra a Frente Popular. Em um dos trechos da carta, o assassino afirma: "A justiça brasileira é igual ao Lewandowski (um marginal que limpou a bunda com a Constituição no dia que tirou outra vadia do poder), um lixo! Se os presidentes do país são bandidos, quem será por nós?"
A chacina promovida em Campinas é apenas uma demonstração do crescimento da mentalidade fascista, uma pequena amostra do que está por vir no próximo período.
Eu lhes pergunto agora onde estava a mídia neste momento? A crise econômica irá aprofundar a dificuldade de emancipação das mulheres trabalhadoras. O conservadorismo que acompanha a política da direita contra a classe trabalhadora irá crescer assustadoramente, assim como o massacre da classe trabalhadora, principalmente o das mulheres.
O caso acima citado denuncia a negligência do Estado em dar a devida proteção para as mulheres que são ameaçadas e sofrem com a violência doméstica. Não existe segurança para as mulheres agredidas pela violência familiar. Não há abrigos e nem locais em que essas vítimas possam se apoiar. A Lei Maria da Penha é uma conquista democrática para a luta da mulher contra a violência, mas ainda não é o que pode garantir que vidas sejam salvas. Leis são criadas sob a pressão da sociedade organizada, mas o controle do Estado pela burguesia não permite que a legislação supere questões classistas.
Enquanto o Estado autoriza a matança das mulheres, a esquerda pequeno burguesa está mais preocupada com questões "comportamentais" e "linguísticas" do que com a luta que realmente deve ser travada. A preocupação pautada nas liberdades individuais ou nas pequenas mudanças na língua para "incorporar" as mulheres, não levará ao fim do feminicídio, tampouco irá reduzir o massacre e a opressão dessa parcela da população. A emancipação feminina está ligada diretamente com a emancipação da classe trabalhadora.
Os meios de produção são propriedade privada dos grandes capitalistas. A mulher, seu corpo e sua vida estão à mercê desse sistema controlado pelo Estado através de seu aparato repressor. Assim, o fim do feminicídio não depende da conscientização e nem de uma luta isolada. A situação da mulher só mudará por meio da derrubada do capital e por meio da implementação de medidas materiais que coloquem fim à exploração da mulher a partir da luta contra o embrutecimento doméstico, tais como creches, restaurantes públicos, lavanderias, emprego, saúde, educação etc.

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