01 A FILA

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Enquanto o dia ardia com o sol no alto do céu, sem nuvens a vista, o carro corria pela estrada quase deserta atravessando uma paisagem cheia de rochas e montanhas distantes, com o som de AC/DC e óculos de sol no rosto. Mark dirigia sua Hiundai K1000, o modelo recém-saído de fábrica, de cor vermelha e cheirinho de novo.

Mark não sabia muito de carros ou outro tipo de automóvel, mas aquele era um tesouro para ele. Com 25 anos, sem mais compromissos, Mark aproveitava sua vida com os amigos nas noitadas e passava os dias disfarçando suas enxaquecas e olhos avermelhados e inchados de sono.

Não era um mal rapaz, mas ainda não levava as coisas muito a sério, era um jovem, meio rebelde quando tentavam impor algo involuntário a ele.

O celular tocava sem parar, ele não gostava de atender quando dirigia, mas alguém estava insistindo muito.

Mark olhou o celular e a ligação de alguém desconhecido o aborreceu, mas atendeu.

– Estou no volante, fale logo! – disse, com urgência na voz.

– Mark, seu grande cabeção, é o Lui, já está a caminho? – perguntou.

– Ah, era você me ligando? Porque não tenho esse número seu gravado?

– Talvez porque eu não tenha te passado, comprei hoje, a Camila não parava de encher o saco, então tive que trocar o número.

– Bem feito! – disse Mark, rindo, debochando do amigo.

– Palhaço! – respondeu, sério. – Ande logo, você já está atrasado faz uma hora!

– Estou chegado!

Mark pisou no acelerador, tirou os óculos e os colocou descansando em cima da cabeça, e olhou o relógio do carro. Os olhos se arregalaram rapidamente.

– Acho que dormi demais.

O caminho se encurtou, a velocidade estava a mais de cem por hora, mas não havia carros para ultrapassar, até chegar na cidade.

Depois de deixar o carro no estacionamento, Mark correu até o encontro do amigo. Lui e outros dois rapazes e uma garota estavam sentados à mesa de um restaurante.

– Ufa, já era tempo! – disse um ruivo com sardas no rosto.

– Você sabe muito bem como sou pontual, Richard! – respondeu Mark, puxando uma cadeira de uma mesa vazia ao lado. – Como vai a donzela? – perguntou a moça do lado de Richard.

– Bem, obrigada! Mas você parece um pouco ruim de ontem.

– Você quem pensa, Kate! – respondeu, com um meio sorriso no canto da boca. – Ai, Miguel, você emagreceu! – perguntou a outro amigo, gordinho, tomando cerveja preta.

– Não enche, Mark! Vi uma aí? – perguntou, oferecendo o copo, já quase na metade.

– Não bebo, obrigado! – respondeu, irônico.

– Vocês leram as regras do jogo, não leram? – Lui puxou o assunto, mostrando um folheto impresso em preto e branco.

Todos assentiram que sim com a cabeça, enquanto comiam uma porção de batatas fritas e bebiam cerveja.

– É sério, gente! Eu estou super afim, ainda mais que agora não estamos trabalhando, o que torna nossa vida social mais difícil, porque raramente saímos agora. Mas não é só por isso, sabemos muito bem que nosso amigo Richard está precisando deste dinheiro para sua mãe, e é nossa chance de ajudar.

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