Logan Lambertini:FLASHBACK ON
Anos atrás:
Acordo em um pulo quando ouço alguma coisa cair no chão do lado de fora do meu quarto. Ouço vozes, elas estão agitadas como em uma discussão, meu quarto está escuro e me causa calafrios, nessa escuridão medíocre só havia uma minúscula brecha da janela pela qual entrava um pouco de luz e vento.
Decido que vou levantar para tentar ouvir melhor a discussão, coloco minha pequena orelha encostada na porta, mas as vozes continuam abafadas. Mesmo com medo de ser pego eu abro a porta, tentando não fazer barulho algum.
Na sala vejo meu pai provavelmente bêbado outra vez, um vaso de vidro que minha mãe tanto amava quebrado no chão... - Lembro que fui fazer compras com minha mãe e ela o amou tanto que comprou. Nele tinha suas flores preferidas, lindas orquídeas violetas, ela ficou radiante e sua alegria contagiava. Colocou o vaso bem no meio da estante pra dar o destaque devido a ele. E agora lá estava o lindo vaso em centenas de pedaços - ...minha mãe está no chão derramada em lágrimas, com uma parte do rosto bastante vermelho, como se ele novamente tivesse lhe batido, dói meu coração vê-la daquele jeito.
Mas eu não consigo me aproximar. Sou incapaz de tentar fazer algo. E por mais que eu tente, nunca seria forte o suficiente pra enfrentá- lo.-Então você quer ir embora sua estupida? Acha que vou deixar? Que vai me largar depois de tudo que lhe dei? O conforto, as jóias, seu filho e tudo mais? - ele gritou e a olha com raiva enquanto um sorriso malicioso dançava em seus lábios.
Minha mãe continua calada, se levanta e o encara, ela nunca tinha o enfrentado mesmo em todos os anos humilhada, agora em seus olhos não demonstravam medo, e sim uma coragem invejável.
-Já lhe disse Marcus, vou embora e levar meu filho comigo, ele não merece crescer aqui com uma pai merda como você, deixe-me ir embora e nunca mais saberá de nós. - deu uma leve pausa, respirou fundo, e continuou: - Aliás vai ser bom pra você, finalmente será feliz com suas putas de uma vez por todas. - ela disse determinada.
Marcus, meu pai, pareceu surpreso por instantes, mas em dois míseros segundos, uma arma estava apontada para a cabeça da minha doce mãe.
-Cassie, Cassie, - ele riu com desdém - se pensa que vai sair assim rápido se engana amorzinho, você vai sim sair daqui... Mas em um saco preto. -seu sorriso abriu mais - Quer que eu fale algo pro garoto? Suas últimas palavras serão para ele, que vai pensar que a mãe estupida fugiu sem se despedir.
Minha mãe não exitou um só segundo, e respondeu a ele:
-Diga que o amo.-Claro que direi, cara Cassie. - ainda rindo Marcus disse.
E depois disso só ouvi e vi meu pai tirando a vida da minha mãe. Vi o sangue, vi ela parada e sem vida, e ainda pude ver seus olhos se fechando, e uma última lágrima solitária descendo pelo seu delicado rosto, todo seu sofrimento acabava alí em um lugar que um dia chamei de casa.
Fiquei estático e nem percebi que estava com o rosto banhado em lágrimas silenciosas.
Olhei para meu pai, nele não havia um pingo de remorso, só um sorriso maléfico.
E naquele momento só me via fazendo uma pergunta: porquê?
Fechei a porta do meu quarto, torcendo para não ser escutado, passei o trinco na porta com medo de ser o próximo, e escorreguei pela mesma se sentando naquele chão frio e solitário.
Seria assim de agora em diante, sem ela para cantar quando não conseguísse dormir, sem seus carinhos quando tivesse pesadelos ruins, sem o seu abraço quando algo desse errado,sem sua voz dizendo que tudo ia ficar bem, sem seus sorrisos, sem seus beijos quando eu caísse e sem suas brincadeiras inexistentes, e o pior de tudo sem ela mesma.Memories before death:
-Vamos lá, corre filho. - minha mãe corria em minha frente, estávamos apostando corrida em um parque próximo ao centro, ele era todo gramado e tinha um parquinho cheio de brinquedos, e não podia faltar toda quarta-feira os vovôzinhos que jogavam baralhos nas mesas do parque.
O tio Ben, uns dos vovôzinhos, até me ensinou um pouco, amava esse lugar.
Vi que minha mãe já estava bem longe, juro que tentei acompanhar, mas ela ganhou.
Quando ia começar a ficar emburrado, ela falou:-Olha o tio Dunga. - ela apontou para um anão que vendia sorvete. Na verdade o nome dele é Patrick, mas eu o apelidei assim porque me lembrava de um dos 7 anões da Branca de neve, conheço ele a muito tempo e ele sempre me dava sorvete de chocolate quando me via.
-Tiooooooo Dungaaa?? - corri até ele e dei um abraço apertado, claro que depois não podia faltar nosso toque especial com as mãos. Ah, e claro que também não podia faltar meu sorvete de chocolate.
-E ai garotão,tudo bem? Já aprendeu a andar na sua bicicleta nova? - falou sorrindo.
-Tudo tio, ainda não, mamãe prometeu que iria me ensinar hoje. - falei de boca cheia e todo sujo de sorvete, e olhei para minha mãe, que sorriu concordando.
Mamãe conversou um pouco com tio Dunga, enquanto tentava me limpar. E logo depois fomos andar de bicicleta, na verdade ela estava me ensinando, e eu tava quase lá. E de repente não senti mais sua presença do meu lado, quando olhei para trás vi ela correndo e sorrindo pra mim.
Foi assim que aprendi a andar de bicicleta.-Ei filho, você conseguiu. E pra comemorar, que tal fazermos um bolo? - falou entusiasmada me pegando no colo e me rodando. Sorri e concordei freneticamente com a minha cabeça.
[•••]
Chegamos em casa e não tinha ninguém, minha mãe já foi jogando sua bolsa no sofá e correu pra cozinha me puxando pela mão.
Ela pegou os ingredientes, e eu a ajudava.-Pegue 2 ovos, por favor. - diz ela. Peguei os 2 ovos e aproveitei e peguei a margarina também, já tinha ajudado ela a fazer bolos antes e quase sabia de todos os ingredientes.
-Obrigado meu amor. - ela diz passando a mão na minha cabeça, o resultado no final foi desastroso, nos dois estávamos cobertos de farinha de trigo, foi engraçado.
Ela olhou o nosso estado, gargalhou balançando a cabeça negativamente e me fez ir tomar banho enquanto colocava o bolo no forno.
Quando terminei de tomar banho, fui até a cozinha.
Mamãe ainda estava do mesmo jeito e estava parada na frente do fogão fazendo a cobertura e o recheio do nosso bolo. Na pia tinha morangos cortados, fui lá e peguei um escondido. Eu amo morangos, é a minha fruta preferida.
Nessa tarde comemos o delicioso bolo e depois caímos na cama exaustos.E só acordamos horas depois com barulhos no andar de cima. Sabíamos quem era, e provavelmente ele estava acompanhado de uma de suas muitas mulheres do cassino. Eu e mamãe decidimos que iriamos ficar ali, mamãe cantou uma de suas músicas, ela amava cantar, me deixei levar por alguns minutos pela sua graciosa voz e quando finalmente terminou ficamos quietos e juntos até a manhã seguinte.
End.
Agora tudo seria diferente e sem cor, sem vida, e eu não sabia se saberia lidar com isso. Não sabia o que seria de mim no dia seguinte, ela não estaria lá para me proteger como sempre.
Está doendo tanto que é impossível de descrever, depois de alguns muitos minutos, as lágrimas secaram e fiquei repassando os momentos de minutos atrás, a raiva me consumia e soube naquele momento que nunca perdoaria meu pai, vingaria minha mãe. Ela não iria morrer em vão. Ele iria para uma vala tão funda que nem o próprio Hades iria encontra-lo, era uma promessa, e eu a cumpriria com êxito.
FLASHBACK OFF.
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What Do You Hide? (REVISANDO)
RomansaO que faria se seu emprego dependesse de uma revelação que afetaria outra pessoa? Ou melhor, a moral de outra pessoa? Verônica tem essa decisão em suas mãos. E está cada vez mais difícil ser razoável, as opções são poucas. Seu tempo está acabando...