1. Como Essa Virtude Antiquada Pode Melhorar Sua Vida

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Querido Deus, rezo pedindo paciência.
E eu a quero IMEDIATAMENTE!
Oren Arnold

Veja isto:

● Alguns McDonald's prometem entregar o pedido em até um minuto e meio, ou o lanche é grátis.
● A duração média da consulta de um médico é de oito minutos.
● Um remédio vendido sem receita médica é anunciado para mulheres que "não tem tempo para uma infecção vaginal".
● Mesmo falando de assuntos complexos, atualmente os políticos levam apenas 8,2 segundos para responder a uma pergunta.
● Um popular bufê em Toquio cobra por minuto - quanto mais rapido você comer, menos pagará.
● O presidente da divisão de computadores portáteis da Hitachi motiva seus trabalhadores com o lema "A velocidade é Deus, o tempo é o diabo".
● Os construtores de prédios altos descobriram um limite para o número de andares - a quantidade de tempo que as pessoas estão dispostas a esperar pelos elevadores. Quinze segundos é o tempo ideal; Se ele se prolonga para quarenta, ficamos impacientes.

A grande maioria das pessoas passa hoje correndo de um lado para o outro. Estamos em movimento constante e esperamos que tudo e todos que nos cercam também andem mais depressa. Qualquer ritmo mais lento nos deixa exasperados. Sofremos da "doença da pressa".

Sei que a tenho. Não consigo suportar o tempo que o meu computador leva para ligar. Se demora mais de dois minutos, fico absolutamente tensa e me descubro com o maxilar cerrado e o corpo contraído. Sou aquele tipo de pessoa que aperta o botão do elevador mais de uma vez para fazê-lo vir mais depressa. E no microondas uso o botão de um minuto porque é mais rápido do que digitar o tempo.

Esse é o grau da minha doença. Certa vez, fui à loja onde costumava tirar cópias. Estava na fila, esperando para pagar. O jovem atrás do balcão procurava ajudar uma velhinha a descobrir como enviar um embrulho para seu neto. Havia uma outra pessoa na minha frente na fila. Meu monólogo interior foi assim: "Como eu odeio filas! Por que eles não colocam mais ajudantes aqui?" (Resmungo.) "Por que, pelo menos, não colocam cartazes com o valor de cada cópia para que eu possa pagar sem precisar esperar?" (Um minuto se passou. Mais resmungos.) "Como eu detesto esperar! Tenho coisas mais importantes para fazer. Não posso ficar parada aqui. Preciso chegar em casa para escrever meu livro sobre a paciência."

Não agüentei mais. Saí intempestivamente do meu lugar na fila.

- Quanto é uma cópia?

- Dez centavos - respondeu o jovem, aturdido.

Depois de jogar no balcão uma nota de um dólar para pagar minha compra de quarenta centavos, saí apressadamente da loja. Só me dei conta do absurdo da situação quando estava dentro do carro indo embora.

Outro nome para a doença da pressa é impaciência, e estou certa de que não sou a única pessoa que a possui. A fúria no trânsito, a violência de todos os tipos, as explosões de raiva no trabalho, o divórcio, os gritos com os filhos... todos esses comportamentos e muitas outras doenças no mundo podem estar relacionados, pelo menos em parte, à falta de paciência.

Recentemente, o estado da Califórnia colocou cartazes nas estradas com os dizeres: "Diminua a velocidade nos trechos em obras." Trata-se de uma campanha para fazer os motoristas diminuírem a velocidade de cem para oitenta quilômetros por hora nesses trechos, porque muitos operários estão morrendo atropelados. A propaganda informa que, no trecho em construção, a diferença de tempo entre oitenta e cem quilômetros é de apenas dez segundos. Pessoas estão morrendo porque não estamos dispostos a chegar a algum lugar dez segundos mais tarde!

Na verdade, parece que quanto mais depressa tudo anda, mais impacientes ficamos. Isso se torna um problema, porque a vida inevitavelmente nos impõe um certo grau de atraso sob a forma de filas, engarrafamentos e sistemas de mensagens automatizadas. O problema fica mais grave se pensarmos que os desafios mais complexos - doenças, incapacitação, conflitos de relacionamento, crises no trabalho, assuntos ligados às lunções paterna e materna, construção da convivência no casamento, para citar apenas alguns - exigem que pratiquemos a paciência não apenas para enfrentá-los, mas para adquirirmos mais amor e sabedoria.

Sem paciência, não podemos aprender as lições que a vida nos ensina e não conseguimos amadurecer. Permanecemos naquele estágio de bebês irritadiços, incapazes de adiar a obtenção do prazer e de nos dedicarmos à busca do que verdadeiramente desejamos. Se quisermos viver de forma mais completa e intensa, e não fazendo tudo às carreiras, é fundamental praticarmos a paciência - paciência com nós mesmos, com as outras pessoas e com as grandes e as pequenas circunstâncias da vida.

Constato que estamos todos ansiosos para colocar mais paciência em nossas vidas, porque, quando conto que estou escrevendo um livro sobre este assunto, as pessoas me repetem enfaticamente: "Preciso disso!" Nunca se precisou tanto de paciência quanto agora - e nunca o estoque esteve tão baixo.

Podemos fazer isso porque a paciência é uma característica humana capaz de ser fortalecida. Nós já a possuímos, pois a vida nos impõe uma série de situações que nos obrigam - queiramos ou não - a ser pacientes. O que nos falta é ter consciência do que nos ajuda a ser pacientes, do que provoca a nossa impaciência ou do que fazer quando nossa paciência está no limite.

O mais importante é saber que a paciência é algo que você cria. É como um músculo. Todos nós temos músculos, mas algumas pessoas são mais fortes do que outras porque se exercitam mais. O mesmo acontece com a paciência.

Este é o tema deste livro: a importância crucial da paciência e o que fazer para nos tornarmos mais pacientes. Compartilho com vocês minhas próprias histórias, assim como noções de sabedoria sobre o assunto colhidas do mundo inteiro através dos séculos. Este livro nasceu da minha busca para dar significado à vida e do meu desejo de ajudar os outros a fazerem o mesmo.

A origem deste livro remonta a dez anos atrás, quando, como editora executiva da Conari Press, publiquei um pequeno livro chamado Gestos de bondade: uma coletânea ao acaso, no qual reuni histórias reais de pequenos atos de bondade para com estranhos. Só me dei conta da importância daqueles relatos quando recebi uma montanha de cartas de pessoas me contando suas histórias e descrevendo a alegria que tinham vivenciado ao praticar ou receber aquelas ações.


A carta que jamais esquecerei foi a de um aluno do ensino médio que disse que ia se matar, mas, quando leu o livro, sentiu que talvez valesse a pena viver.

Fiquei fascinada ao ver como a prática da bondade pode gerar felicidade e decidi escrever uma série de livros sobre o assunto. Comecei também a procurar ser mais gentil com estranhos e com as pessoas mais próximas. E constatei que isso me fazia muito mais feliz.

Então me fiz a seguinte pergunta: "Se a bondade pode produzir efeitos tão positivos, quais são as outras qualidades que podem conduzir a resultados semelhantes?" Focalizei minha atenção na gratidão e descobri que quanto mais reconheço e agradeço tudo o que tenho, mais feliz e menos inquieta eu fico. Voltei a escrever sobre minhas experiências em Attitudes of Gratitude (Atitudes de gratidão) e novamente recebi muitas cartas, dessa vez sobre o poder da gratidão.

Seguiu-se naturalmente a generosidade - o ato de darmos nossos recursos e nos doarmos a outras pessoas. Depois de The Giving Heart (O coração generoso), resolvi dedicar-me a estudar a paciência. Verifiquei então que quanto mais a cultivamos, mais felizes e tranqüilos ficamos, mesmo quando as coisas não saem do jeito que queremos.

Se eu tivesse tido um pouco mais de paciência, poderia ter esperado calmamente pelos (talvez) cinco minutos necessários para pagar as cópias na loja. Evitaria aqueles sentimentos negativos de irritação e de raiva que me envenenaram e não teria desconcertado as outras pessoas que estavam lá. Minha pressão sangüínea permaneceria baixa, meu sistema imunológico, mais forte. Eu me sentiria muito melhor - mesmo enquanto esperava!

Na verdade, quanto mais estudo e exercito a paciência, mais a vejo como um fator crucial para termos ou não vidas satisfatórias. A paciência nos dá autocontrole, capacidade para parar e usufruir mais plenamente o momento presente. A partir daí, nos tornamos capazes de fazer escolhas sábias. A paciência nos ajuda a ser mais amáveis com os outros, mais confiantes nas circunstâncias de nossas vidas e mais capazes de obter o que queremos. Ela constantemente nos recompensa com os frutos da maturidade e da sabedoria: relacionamento mais saudáveis, melhor qualidade de trabalho e, sobretudo, maior paz de espírito. Ela consegue esse milagre reunindo três qualidades essenciais da mente e do coração: persistência, serenidade e tolerância.

O Poder Da Paciência Onde histórias criam vida. Descubra agora