O primeiro dia não foi nem de longe entediante. Bem, enquanto a Lucas, procurarei deixar tudo pra lá e com sorte ele também fará o mesmo. Já se passou alguns dias desde o acontecido, evitei-o o máximo que pude, mas não foi o suficiente, ainda encontrei-o algumas vezes, foram mais pra esbarros melhor dizendo, ele ficava todo nervoso e eu nem quero ver a situação de vermelhidão da minha cara nessas horas, somente nos comprimentamos, minha mãe disse que ele sempre gostou de mim, desde quando éramos pequenos, eu nunca notei, não sei se é realmente verdade ou ela só esta tentando nos juntar como casal, nem sei ao certo o que eu sinto, decidi dar um tempo ao tempo.
Quando acordei, meio rabugenta como sempre tive que deixar o mau humor de lado ja que notei belos raios de sol saindo das frestas da janela de meu quarto. Ja que hoje é sábado me senti desimpedida e resolvi dar uma caminhada, a ideia me pareceu irresistível. Me lembro que as manhãs de primavera da minha infância eram uma das minhas melhores lembranças.
Depois de tomar um café de "forrar o estômago" como diria minha mãe, saí sem rumo pelas ruas do vale, por conveniência depois de um tempo fui em direção à praça aproveitando cada segundo, cada rajada de vento refrescante, quando notei uma pequena aglomeração em uma das áreas da praça, alguns rostos empolgados e outros preocupados rodeavam algo e por curiosidade minhas pernas me levaram até lá quase que involuntareamente.
Ao chegar ao local me deparo com um livro com uma capa rústica, simples, mas com toque encantador. Tinha bordas douradas, capa de couro já gasto, um pouco de pó cobria o título e o que parecia ser uma ilustração. Pedi para segurá-lo e a pessoa que portava-o quase hipnotizada me negou com a cabeça, mas depois de um novo pedido com um pouco de relutância me concedeu, mas ainda não tirava o olho dele, parecia ter acabado de ser retirado do chão de terra e sem mais demora retirei o pó com a mão, no que tinha escrito em modelo de caligrafia um tanto peculiar: Terras de Nirpsas; uma bela silhueta do que parecia ser uma fada voando por baixo do título e tocando na letra N, me pareceu uma imagem cativante de primeira impressão, mas logo me desfiz dos encantos e pensei ser só mais um livro bobo sobre fadas, dos que ja não leio desde que virei adolescente, mas algo nele ainda me prendia a atenção, todos os que estavam a minha volta pareciam uns abobados, resolvi falar com o homem que portava o livro antes de o ter pedido:
- Onde encontraram isso?
- Não fomos nós, foi aquele homem ali - Apontando para um senhor que nos observava a distância - apenas estavamos de passagem quando notamos ele em suas mãos. - Agradeci-o e fui em direção ao tal senhor.
- Bom dia. - o comprimentei.
- Bom dia senhorita. - Fala num tom educado.
- Por favor, me diga, onde o senhor encontrou este livro?
- Estava logo debaixo daquela árvore, estava enterrado por meio das raízes e se não tivesse podando os arbustos que o cobriam, não o teria encontrado. - Observei aquela árvore e notei que nunca tinha visto alguma parecida.
- Por acaso sabe qual a éspecie dela? - O jardineiro me olha com uma cara misturando frustração e curiosidade.
- Olha senhorita...
- Raya, muito prazer.
- Prazer, senhorita Raya, me chamo Jairo. - Assinto com a cabeça. - Bom, pode parecer estranho ou seja provável que me ache um jardineiro incopetente ou coisa do tipo, mas não faço ideia de que espécie ela é, sempre fui um amante das plantas, flores e toda essa natureza criada por Deus, mas nunca vi ou estudei nenhuma outra parecida, é certo que a poucos meses começei à trabalhar no ramo de jardinagem por motivos de necessidade, eu na verdade era agricultor e modéstia a parte, próspero posso dizer assim.
![](https://img.wattpad.com/cover/74004106-288-k578064.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casa De Hortelã
PertualanganRaya é uma garota de 17 anos que vive em uma vila cujo imperador não governa muito bem por sinal, juntamente com seus amigos e o que restou de sua familia ela tenta sobreviver e viver no lugar onde reside, tendo que lidar também com suas insegurança...