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      Sempre trabalhei na joalheria do meu primo menos preferido. Não era lá o melhor emprego do mundo,  mas felizmente era um saláro muito bom.
De vez enquando diziam que eu era a funcionária "preferida" dele, mas a realidade era bem, na verdade,  bem diferente.
       Meu primo é aquele tipo de parente que some no ano todo, aparece nas datas comemorativas, dá presentes e some novamente. A única exceção na nossa família era eu, cuja implicância ele não exitava em esconder e que nunca ganhava presentes.
Sempre me conformei pelo fato dele não gostar de mim, eu até curtia isso, porque afinal, não gostava dele também.
      Desde pequena eu mostrava minha indignação com a vida, e isso não agradava ninguém. Meu primo como sempre, me repreendia, eu com nove anos e ele com dezoito, já dizia que eu era uma criança mal educada, sem futuro e que não condizia com o emblema da familia St. Carlo, uma das famílias fundadoras mais condecoradas e tradicionais da cidade de St. Christ.
Aos quinze anos, eu já namorava, e minha mãe como de costume, concordava com meu primo sobre meu "mal comportamento", que na verdade condizia com o passado que eu tinha.
    Entretanto, ninguém nunca havia tomado decisões drásticas sobre mim até meus dezessete anos, quando o mesmo primo sarcástico e provocativo resolveu investir em uma marca multinacional de jóias,  que exportava para vários lugares do mundo. E somente uma pessoa poderia insistir tanto para mim trabalhar com ele. Minha mãe.
    Apesar de eu ter me demitido inúmeras vezes, quebrado coisas na empresa, ateado fogo em algumas roupas do meu chefe, ele nunca aceitou que eu saísse realmente do meu cargo na empresa. Um cargo tão próximo dele que eu sentia vontade de me matar. Eu era a secretária e assistente do meu primo.
    Apesar de odiar meu emprego, eu precisava dele. Saí de casa no mesmo ano em que fui contratada como assistente, e com minhas economias comprei um apartamento perto da empresa. Não tinha necessidades de nada, somente desejos. No movimento eu desejava muito comprar um DSK, um aparelho avançado de fotografia com funções  inéditas. Como eu havia acabado de começar minha vida, precisava juntar dinheiro, então eu precisava continuar no emprego, já que nenhuma empresa na cidade pagaria melhor que meu chefe.
      E até hoje, com quase dezoito anos, eu sou manipulada pelo meu tão amado primo. Mas isso irá mudar.

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