Christmas Lights || l.s

VI

E a resposta é? Sim. Sim, tem como ficar pior.

Porque como se não bastasse todo esse azar na pior data do ano para ele, ainda tinha que aguentar o atendente. Ou melhor, o irritante atendente positivo, otimista e amante de Natal que não para de falar por um segundo sequer.

Tudo o que Louis queria naquele momento era pelo menos um pouco de paz. Já tinha terminado de atacar seu quarto bolinho de chocolate e sua segunda caneca de seu chocolate quente com marshmallows e agora desenhava, com o dedo, rostos tristes no vidro da janela embaçada do lado da sua mesa. Mas fez tudo isso na presença do atendente, que mesmo já tendo falado de tudo possível para tentar animar Louis desde que este ainda estava no primeiro bolinho, ainda não tinha dito nem mesmo seu nome.

- Vamos lá, se anime! É véspera de Natal, não pode ficar triste - disse com a mesma voz animadora de sempre, mas dessa vez mudou de lugar, saindo de frente a Louis e se sentando agora do seu lado.

- Quem disse que eu não posso ficar triste? É meu aniversário também, então eu posso fazer o que eu quiser...

- É seu aniversário hoje? Na véspera de Natal?

Louis não respondeu, mas parou com os desenhos que estava fazendo, cruzou os braços e deitou com a cabeça sobre eles. Não tinha paciência nem ânimo o suficiente para conversas, muito menos com alguém que estava feliz. Ele estava triste e chateado, a felicidade até mesmo dos outros o incomodava no momento.

- Por que não quer falar comigo?

Louis afundou ainda mais sua cabeça, agora o suficiente para conseguir mexer em seu cabelo com seus dedinhos, mas permaneceu quieto, ignorando o outro.

- Me diz pelo menos seu nome? - silêncio - Meu nome é Harry...

Mais silêncio. Harry não sabia, mas nesse momento uma triste e solitária lágrima escorria dos olhos de Louis.

- Olha, pode ser que agora você não queira falar comigo, mas se quiser conversar eu vou estar ali nos fundos, na cozinha... Se precisar desabafar com alguém... - não obteve resposta - Se ainda estiver com fome, pode pegar alguma coisa... Tipo, qualquer coisa mesmo... Eu sou o dono daqui, não vou me importar, tudo bem?

O único som que foi ouvido fora o motor de um carro que passara na outra rua.

- Eu vou precisar fechar a porta aqui da frente, mas só vou trancar por dentro, qualquer coisa você pode abrir... Mas pode ficar o tempo que quiser, não vou para outro lugar mesmo... - Harry encarou Louis com pesar e suspirou - Não se preocupe menino de olhos azuis, vai ficar tudo bem... No final sempre fica...