Capítulo 2

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Já fazia um tempo desde que vira pela última vez a fronteira, sendo agora uma zona proibida, só os lobos da patrulha podem explorar essa área, agora Owen sabia o porquê. Toras de madeira empilhadas, pedras, matérias de construção... A fronteira do lado dos coelhos era uma verdadeira zona de construção. Não tinha visto isso do alto da árvore, mas previa que com o tempo iria visualizar, pois o que os coelhos estavam erguendo era algo grande... Pedras uma sobre a outra, aos poucos taparia a visão das colinas e fazendas dos coelhos.

– Uma muralha. – informou Adamastor antes que o lobinho perguntasse – Essa é a solução que o governo coelho para conter os ferozes lobos.

– M-mas... Assim os outros coelhos... A páscoa... – seu coração apertou, não conseguia nem expressar a tamanha tristeza que o preenchia, aquela muralha era mais um obstáculo para impedir que coelhos e lobos, que estão predestinados, de se encontrarem... E para que? Owen não entendia o objetivo do governo dos coelhos. O que eles ganham fazendo isso? Por que fazer os outros sofrerem?

– Quanto mais medo, mais poder. – comentou o professor.

Owen fitou os primórdios da muralha, ainda era apenas algumas pedras... Ainda. Contudo, algo se movia na neve. De início não pode identificar muito, mas logo discerniu um manto branco que se esgueirava pelas construções, quase invisível. O manto se aproximava, conforme o fazia, o lobo percebia que alguém estava por baixo, caminhando com dificuldade pela grossa camada de neve.

– Eles chegaram. – informou Adamastor, nisso pegou a mão de Owen o puxando – Vamos. Temos que nos afastar um pouco da fronteira, para o ponto de encontro... Os guardas podem nos avistar.

O lobinho se deixou ser guiada, seus olhos ainda focando na muralha ainda incompleta... Sentindo um calafrio percorrendo sua espinha.

Quanto mais medo, mais poder.

~~***~~

O manto fora retirado e duas e não uma (como tinha imaginando antes) figura ficaram expostas na clareira da floresta. Owen teve que conter uma exclamação de surpresa, apesar dos anos que se passara, ainda pode reconhece-los. Um coelho de cabelos cinzentos e orelhas grandes brancas, os cabelos cinzentos tinham crescido e agora estavam amarrados em um frouxo rabo de cavalo, seus olhos azuis se destacavam na brancura do ambiente, seu parceiro era um coelho alto e musculoso, apesar de que as feições do seu rosto exibirem sua juventude, tinha cabelos negros curtos e ondulados, penteados para trás, lhe dando um ar de superioridade, suas orelhas curtas e cinzentas se mesclavam nas mechas noturnas. Owen pode ter controlado sua boca, mas não pode conter o seu corpo que se movera rapidamente para saudar os velhos amigos.

– Early! Mathrew! – gritou enquanto se lançou no coelho menor, este tinha os olhos abertos, assustados pela a recepção repentina, ainda mais por receber um peso sendo lançado aos seus braços o fazendo cair na neve fofa.

– Mas o que...? – o outro coelho pegou a empunhadura do que parecia uma espada, mas antes que fizesse um movimento para retira-la reconheceu a bola de pelo loira e branca que jazia sobre o seu irmão, também reconheceu o rabo lupino que balançava loucamente para os lados. Um sorriso se fez em seus lábios e um leve corar tomou suas bochechas.

– Owen? – fora Early, entretanto o primeiro a sair da paralisia causada pela surpresa – É você mesmo? – nisso tomou a cara do lobo entre as mãos e observou, como se analisando se tivesse ainda ferido pelas pedras de anos passados, por fim sorriu aliviado a não ver nenhum vestígio de cicatriz no rosto animado do mais novo.

– Ué? Ainda continua nanico? Lobos não crescem? – provocou Mathrew ocultando a sua espada.

Owen se virou para dar uma grande estirada de língua para o coelho de cabelos escuros.

O lobo vs coelho - Estrela invernalOnde histórias criam vida. Descubra agora