capitulo 4

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A morena estava com medo que aquele beijo tenha mudado a dinâmica com a loira. Ela sabia que, de alguma forma, as coisas não eram mais as mesmas. Aquele beijo havia mudado muita coisa. Ao chegar ao trabalho, Arizona estava em pé em frente ao balcão com um enorme sorriso e um tanto empolgada sobre algo que ela havia acabado de descobrir. A morena se  aproximou devagar e a loira se virou para olha-lá nos olhos e mordeu o lábio. Callie corou e abaixou a cabeça timidamente

- o que há de tão excitante nesses papéis ? - a morena deu um sorriso

- meu paciente passou a noite muito bem - Arizona comentou, seguido por um meio sorriso que fazia suas covinhas saltarem em suas bochechas

A morena achava charmoso como aquelas covinhas combinavam com o rosto redondo de Arizona. Depois de alguns segundos admirando-as, callie percebeu que a loira a olhava intrigada

- eu preciso ir - callie disse desconcertada - o dever me chama
- nos vemos mais tarde ? - a loira deu uma piscadela
- sim, claro - a morena respondeu se virando para o corredor e tropeçando em uma das cadeiras de roda que estava parada no caminho

A morena estava caidinha pela loira, isso era fato. Qualquer um percebia que callie mal conseguia tirar os olhos da loira. Mark havia comentado que, na presença de Arizona, callie parecia um passarinho apaixonado. Apaixonada? A morena revirou os olhos para ele e Mark riu.
Tudo parecia diferente quando se tratava da loira, Arizona era um ser humano que se enchia de alegria muito facilmente e callie sempre foi do tipo amargurada que revirava os olhos para situações de estresse. Ela não tinha muita paciência pras pessoas, essa era a verdade, e por mais doloroso que fosse admitir, ela não se sentia feliz fazia muito tempo.
Depois que conheceu a loira a alegria em seu coração tinha dado um pequeno lampejo, mas ela tinha medo de que aquilo não fosse pra frente e guardou as esperanças para si, num modo quase de auto defesa.

Cansada, callie adormeceu em uma das salas do hospital, sua cabeça latejava com o estresse do trabalho e ela mal conseguia se concentrar em seus sonhos. Mais cinco minutos, pensou ela, ao ser acordada por seu paiger que dançava pela mesa de canto por causa da vibração.
Se levantou a passos lentos e foi até a porta suspirando, queria pelo menos um mês de férias numa praia ensolarada.
Arizona passeava com um paciente pelo hospital a caminho do raio x, ele tinha uma perna fraturada. O menino parecia muito confortável na cadeira de rodas e jogava uma bolinha colorida para cima que batia no teto e voltava. A loira não parecia se importar com isso, apenas sorria empurrando a cadeira pelos corredores. Sua empolgação às vezes era irritante, mas Arizona trazia um ar de leveza ao ambiente, fazendo com que tudo parecesse menos pior. O ambiente de hospital sempre teve um ar de tristeza, talvez porque as pessoas ali estavam sofrendo, mas a loira não parecia se afetar com isso.
Callie só havia a visto chorar uma vez, aquilo parecia um tipo de alarme que até a felicidade de alguém sempre feliz podia ser quebrada.
A morena a achava incrível, de tirar o fôlego. Arizona achava callie sensual, elegante. Elas se entreolhavam pelos corredores e trocavam sorrisos, as vezes até uma piscadela. Isso soava como um romance clichê antigo, mas a loira achava divertido flertar com as pessoas, fazia bem para o seu ego.
Passar horas no hospital era desgastante por mais que ela tentasse se manter sempre sorridente e os flertes davam um toque leve a seu trabalho diário. As vezes as crianças eram muito difíceis de lidar e os pais tentavam convencê-la de que o método deles era melhor e mais eficiente, o que deixava Arizona revirando os olhos internamente, ela sentia falta de trabalhar com adultos as vezes, eles não vinham com pais críticos no pacote, mas sua paixão pelas crianças a mantinha na pediatria.
Callie tentava manter a paciência enquanto um interno errava a veia do paciente pela quarta vez, empurrando ele e fazendo ela mesma. Internos, crianças que não sabem o que estão fazendo. Ela havia sido uma interna muito melhor que ele, pensou consigo mesma. Às vezes ela só queria que ele ouvisse os comandos dela, estava cansada de repetir a inclinação da agulha e ele fazer errado. A morena definitivamente precisava aprender a ter um pouco da paciência que a loira tinha com as pessoas. Arizona era sempre tão compreensiva. Ela só conseguia pensar em estrangular todos os internos por serem incompetentes.

Callie estava um pouco apavorada que Mark tivesse razão sobre ela estar apaixonada pela loira. Ela estava cansada de decepções amorosas que só faziam com que ela fosse abandonada. Tinha acontecido isso da última vez, mas Arizona era a única coisa que passava pela sua cabeça naquele dia, tudo rodava em torno daqueles cabelos loiros, covinhas e voz suave que a fazia esquecer do mundo. Seu estômago se revirava só de pensar que Mark estava certo, ele não podia estar certo

- callie ? - alguém bateu em seu ombro tirando-a de seus devaneios, era Mark. Ele riu ao perceber que ela estava imersa em pensamentos
- eu preciso de uma consulta, me procure quando não estiver pensando em você sabe quem - ele riu e callie se virou furiosa revirando os olhos para ele, que achou engraçado a amiga sair a passos duros da sala batendo a porta. Ela odiava quando ele tinha razão. Tomara que eu exploda, ela pensou enquanto ia a caminho da outra sala

Calliope era um nome engraçado, pensou Arizona enquanto encarava o raio x de seu paciente. Callie. Era tudo que Arizona pensou durante todo o dia, nos cabelos negros, na pele morena latina e no quanto Callie era sexy. Seus pensamentos estavam longe e ela sabia o que aquilo queria dizer, mas era difícil pra ela admitir que estava apaixonada. Ela tinha seus próprios traumas amorosos.

Ao sair do hospital, a loira se deparou com callie desesperada procurando as chaves e deu um meio sorriso. Pensou em ir lá falar com ela, dizer o que sentia e que queria outro beijo,que precisava dela. Mas seu corpo não se moveu e ela ficou parada encarando a morena. Assim que achou as chaves, callie acenou para a loira dando um sorriso e entrando no carro.
A loira sabia que a morena mexia com ela como ninguém havia anteriormente, as borboletas no estômago dançavam sem parar e ela estava certa que não era um bom sinal.

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