15 - "Ameaça?"

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Acordo com uma leve dor de cabeça. Uma dor chata e irritante, mas apesar de tudo, era possível suportar. Fico enrolada entre os edredons e com os olhos abertos, olho pro nada. Aos poucos, minha mente e meu peito começa a agonizar novamente. Respiro profundamente num ar pesado. Olho para o teto e fecho os mesmos que estavam abertos. Me reviro pela cama toda, nenhuma posição ficava confortável. De todos os jeitos e modos, algo me impedia de se aconchegar. E eu sabia o que era.

Josh não fazia a ideia do tamanho carinho que eu sentia por ele. Mesmo antes de acontecer certos "acasos", a sua presença era a parte do meu dia em que eu mais amava. Sei que eu nunca sou clichê ou ligo tanto pra esse lado "fofo" do amor, mas é que de um tempo pra cá eu me sinto completamente sensível. E eu estou odiando isso.

Vejo pelo relógio que está pendurado na parede do meu quarto, que já são praticamente 11 horas da manhã. Eu acordei tarde sim, mas não entendo o porque de não estar com fome. É estranho - muito - pois eu nunca consigo ficar sem comer nada minuto após minuto. Essa situação está me matando.

Levanto e vou direto para o banheiro. Lá faço minhas higienes e necessidades rapidamente. Saio e vou para sala e coloco qualquer coisa na televisão. Com o controle, passo diversos canais, e por mais que eu não goste muito de assistir, escolho. Não passa nem se quer dois minutos, e as cenas de romance começam a aparecer pela tela. Sem paciência, desligo.

Caminho pela casa toda, "caçando" o que fazer - e nada. Vou para cozinha e pego um sorvete de chocolate e começo a por colheradas cheias em minha boca. No mesmo instante que estava comendo, eu não tirava os olhos do celular. Por mais que o tempo passasse, nada adiantava. Eu não conseguia prestar atenção em absolutamente NADA e nenhuma mensagem chegava - isso é o que mais me irritava - e como me irritava!

Escuto o "ding - dong" da minha campainha e bufo. Imagino diversas coisas - até mesmo quem poderia ser. Mas para minha surpresa, pasma, observo:

- Posso entrar - Diz Cláudia, com um sorriso forçado

- Pode - digo tremula

Caminhamos até a sala. Peço a ela que se sente e ela agradece, fazendo a ação.

Ficamos num "encara/encara". Eu já estava nervosa. Minhas mãos juntas, sobre a outra.

- Bem - Diz Cláudia, quebrando o silêncio.

Afirmo e continuo-a olhando

- Sei que não somos tão próxima e nem algo parecido, mas sei de uma coisa que relaciona nós duas. - pausa - Não vou brigar ou te "estapear " - Ri - mas tenho que dizer que você estragou minha vida.

Engulo seco e digo:

- Eu sei. Me desculpa.

- Você sabe que pedir desculpas não ira adiantar muita coisa, não é?

- Eu sei- Falo firme - Mas também sei que nesse momento eu não posso fazer mais nada. Eu errei, e errei muito. Você não merecia e nem merece, mas - me perdoe - não há nada que eu possa fazer. - Gaguejo - me enrolando nas palavras.

- É fácil dizer . - Ironiza

- Pelo que eu entendi, é que você não iria fazer nenhum estardalhaço e muito menos me "estapear" - Digo, ficando irritada - Mas apesar de tudo, você está na minha casa. Mesmo que eu tenha ou estou fazendo "cagada", você esta aonde eu moro, e não quero fazer furdúncio nenhum - Protesto.

- Tudo bem - Levanta umas de suas sobrancelhas - Não vou fazer nenhum "barraco" - diz, repetindo varias vezes, os sinais de aspas com os dedos.

- Então tranquilo - Ironizo mais ainda.

Passa alguns segundos, e percebo a inquietação de Cláudia, não me aguentando, pergunto:

- Cláudia, -Proferia - Qual é motivo da sua presença, se me xingar não estava em seus planos?

- O único e verdadeiro motivo é Josh - Sussurra

- Eu não quero mais saber - Sai de minha boca com um tom surpresa - Ego.

- Ontem, quando eu fui na casa dele - Começa a falar, sem se importar com o quê eu proferi - e por acaso, você estava lá - Engole seca - Josh me falou, que você achou que a gente tinha voltado. Bem que eu queria que fosse verdade, aliás; ele era e é o grande amor da minha vida. E apesar te todo ódio que tenho por vocês, por terem feito isso com a minha pessoa, quando Josh, no meio de nossa briga, disse uma coisa, eu entendi. Não ficou curiosa em saber essa "coisa" - Pergunta, mas não respondo - Ele disse, que apesar de tudo que nós passamos, por mais que ele sinta um imenso carinho por mim, quem ele realmente ama é você. . .

Enquanto Cláudia continua falando simultaneamente, não consigo focalizar em mais nada. As palavras que ela " jogou na real " - que apesar de tudo que nós passamos, por mais que ele sinta um imenso carinho por mim, quem ele realmente ama é você. - Me tocaram profundamente. Eu gostei de ouvir isso, mas me senti mais "nojenta" ainda. Como deve doer: A mulher que ama um rapaz, dizer que o mesmo ama outra?

Finalmente volto do mundo da lua, e só consigo ouvir.

- E é por isso que eu estou aqui - Dizia com um tom abalado - É porque ele te ama que eu vou me afastar dele, mesmo que doa muito, eu sei que é o correto.

- Me desculpa - Falo - nunca quis que ninguém sai-se machucado dessa história. Eu agi por impulso, mal sabia o que estava por vim. Não pensei nas consequências. Me perdoe mesmo - Insisto

- Tudo bem - diz ela, fazendo-me estranhar, alias, quem aceitaria uma desculpa tão rápido assim? - mas eu te digo um coisa...

No momento em que Cláudia vai falando, ela chega cada vez mais perto de mim, fazendo me arrepiar com o seu tom áspero e seco.

- ...Mas eu te digo: não é porque eu vou ficar longe dele, que eu vou desistir de nós dois. Eu não vou desistir, até te ver fora do caminho - Diz, apontando o dedo indicador na minha cara.

Quando articulo uma resposta, Cláudia, dispara e sai com brutalidade de minha porta. Fico olhando a mesma, e não caia a ficha. Aquela "ameaça" me espantava. Saio de onde estou e vou a procura de meu celular. Encontro sobre as almofadas que estão desarrumadas no sofá. Vasculho e acho o numero mais apropriado para aquele momento.

- Alô - diz a voz rouca e grave.

- Você pode vim até aqui?

- O que aconteceu Jenn ? - Pergunta ao perceber o tom de minha voz.

- Só venha aqui, Blaine.

- Já estou quase chegando - Desliga

Ninguém melhor para ficar comigo agora; Até tem, mas pra que dispensar o conselho de meu irmão querido e uma opinião de um ex da Claudia? - Mesmo ter errado feio, eu não sou menina de perder nenhum joguinho. Essa sou eu, Jennifer Lawrence.

Fora De Cena ( Out Of Scene)Onde histórias criam vida. Descubra agora