- Maria! - Escutei um sussurro perto do meu ouvido. - Maria, acorda, nós chegamos!
- Só mais 5 minutos, Ben! - Eu disse, apertando meus olhos. Foi uma questão de segundos para eu perceber o que eu tinha falado e abrir os olhos de uma vez dando de cara com Benjamin. De alguma maneira, da qual eu não faço ideia, eu acabei entrelaçando meu braço com o dele e colocando minha cabeça em seu ombro. - Onde é que nós estamos?
- Nós acabamos de aterrissar no Havaí, Connor está esperando lá fora no carro.
- Então vamos. - Eu disse, tirando meu cinto de segurança e começando a me levantar. Quando eu estava quase saindo do avião, Ben segurou em meu braço fazendo com que eu parasse e olhasse para ele.
- Maria, eu queria te pedir desculpas. - Ele começou. - Por ter te colocado nessa confusão inteira.
- Ben, não é como se eu não pudesse ter dito não. Eu podia muito bem ter falado com sua mãe dizendo que tudo isso era só uma brincadeira do Connor, aposto que dessa vez ela dá umas palmadas nele. - Dei um passo para a frente, ficando mais perto dele. - Eu quero estar aqui, é o Havaí, afinal de contas, e com tudo pago. Sem falar que eu gosto desse Benjamin fora do escritório, eu não sou a única que parece só está sobrevivendo. - Estendi o dedo mindinho para ele. - Vamos fazer uma promessa: nós vamos aproveitar tudo o que se pode aproveitar no Havaí, isso quer dizer, sem trabalho em nenhuma forma. A gente vai parar de sobreviver e vai viver, que tal?
- O que acontece no Havaí, fica no Havaí? - Ele entrelaçou seu mindinho no meu.
- O que acontece no Havaí, fica no Havaí.
- Nesse caso. - Benjamin deu um passo para a frente, fazendo com que eu quase tombasse para trás, porém ele me segurou pela cintura. - Lembra o que aconteceu em Paris?
Alguém estava torcendo por mim lá no céu porque essa foi a hora que o piloto escolheu pra entrar e avisar que eles tinham que voltar. Eu agradeci mentalmente ao cara lá de cima enquanto andava a passos largos em direção ao carro. Claro que eu lembrava o que tinha acontecido em Paris, na maldita convenção das empresas Hastings onde Benjamin mostrou um lado dele que eu não sabia que ele tinha. Eu nunca mais fui capaz de olhar para Benjamin da mesma maneira, não quando ele passou um final de semana me levando para conhecer os monumentos históricos da cidade, explicando tudo sobre a cidade quando nós deveríamos estar assistindo palestras. Pior de tudo foi quando nós decidimos nos despedir da cidade com uma balada, na qual resultou nos dois completamente bêbados, dançando e, claramente, se beijando como se não houvesse amanhã.
Só quando nós dois estávamos no meio do corredor pra entrar no quarto dele foi que eu percebi que estava fazendo: eu estava prestes a dormir com o meu chefe. O mesmo chefe que eu falei mil vezes que odiava. Então eu me afastei dele, disse que aquilo estava errado e o que acontecia em Paris, ficava em Paris. Depois disso nenhum dos dois falou mais no assunto e o nosso relacionamento passou a ser extremamente profissional, com um pouco mais de ódio de ambas as partes.
Connor e Benjamin foram o caminho inteiro conversando enquanto eu mexia no meu celular. Algumas das vezes Connor me incluía na conversa, mas eu estava distraída ligando meu celular outra vez. A primeira coisa que apareceu foi uma mensagem de voz do número de Rose, uma das donas dos orfanatos da qual eu fiquei quando era mais nova.
-"Maria, muito obrigada por proporcionar um natal inesquecível para as nossas crianças. Benjamin Hastings apareceu aqui essa tarde com tudo para que as crianças tivessem um natal maravilhoso, foram tantas comidas e presentes que todas as crianças se envolveram na hora de desembarcar os caminhões. E, oh Maria, ele trouxe uma árvore de natal tão grande, está no meio da praça, todas as crianças fizeram questão decorá-la e ele ainda ajudou." - Ela fungou alto - "Maria, onde é que você estava escondendo esse homem maravilhoso?! E por que você não o trouxe aqui antes, ele é um amor de pessoa e falou que ajudaria em todas as festas que nós pretendêssemos fazer daqui pra frente. Oh Maria, ele não é nada do que você falou, acho que tem mais dele que você precisa conhecer. Até logo, querida, nós vamos sentir sua falta. Feliz Natal. " - A mensagem acabou e logo depois meu celular apitou e Rose tinha me mandado uma serie e fotos de Benjamin com as crianças e em todas elas ele sorria de orelha a orelha. Logo depois eu recebi mais mensagens dos outros orfanatos que eu morei e costumo ajudar todos os natais. Senhor, isso não está muito promissor para o meu autocontrole.
- Você realmente fez. - Eu disse, olhando para Ben.
- Eu não fiz nada! - Connor respondeu automaticamente fazendo com que eu rolasse os olhos.
- Não você, Connor. Benjamin ajudou os orfanatos que ele disse que ia ajudar.
- Você alguma vez pensou que eu não faria? - Ele sorriu de lado antes de sair do carro.
- O único pensamento que eu estou tendo é por que eu não te agarrei ainda.- Arregalei os olhos percebendo que eu tinha falado isso em voz alta. Olhei para o lado para Connor, que segurava o riso. - Não fala nada.
- Eu não disse nada! - Ele riu, saindo do carro. Nós tínhamos parado em frente a uma mansão da qual ficava perto da praia, eu já tinha visto fotos da mansão dos Hastings no Havaí, mas ao vivo era ainda mais linda.
- Mas queria. - Eu o segui para dentro da mansão, enquanto Connor gargalhava alto. Quando nós chegamos a sala, Benjamin estava sorrindo enquanto conversava com sua mãe. Eram raros os momentos que Benjamin sorria, mas nos últimos dias Benjamin sorria tanto que eu estava agradecendo aos céus por ele não fazer isso quando estávamos no escritório porque minha sanidade mental era muito importante, já bastavam os ternos perfeitamente feitos para ele que me assombravam em meus sonhos.
- Maria! - Margo parou em minha frente, me abraçando logo em seguida. - Fico muito feliz que você tenha vindo.
- Fico feliz de estar aqui, muito obrigada.
- De nada, querida. Eu sempre pedi que Connor te chamasse para um de nossos natais, mas você sempre recusava, agora que você está com Benjamin espero te ver mais em festas de família.
- Seria um prazer. - Respondi, vendo Benjamin sorrir sem os dentes.
-Você lembra de Greg, certo? - Ela apontou para o seu marido. Greg não trabalhava na empresa dos Hastings, ele tinha sua própria empresa de advocacia e pelo o que Connor tinha me contado, ele tinha se aposentado na mesma época que Margo porque os dois queriam conhecer o mundo. Agora que já tinham o seu império e os filhos já estavam grandes.
- Senhor Hastings, é claro, um prazer ver o senhor.
- Pode me chamar de Greg, Maria. - Ele sorriu para mim e eu apenas assenti.
- Vocês devem estar cansados, certo?! - Margo começou. - O quarto de vocês está preparado, Maria você vai ficar com Benjamin no quarto dele. - Ela foi para o lado de Greg. - Nós vamos dormir agora, o resto da família chega amanhã. Boa noite. - Os dois desapareceram pela escada.
- Vamos, Maria, eu vou te mostrar nosso quarto. -Ele estendeu sua mão e eu a peguei. Connor veio atrás de nós, Ben me guiou até o seu quarto enquanto Connor dizia que seu quarto ficava em frente ao nosso. Nosso, eu já estava começando a me acostumar a colocar Benjamin nas sentenças, como se nós fossemos um casal.
O quarto era grande então eu imagino que o banheiro também era, tinha uma televisão gigante na parede, um candelabro no teto, um sofá pequeno perto da parede e uma cama no meio do quarto. A janela era uma daquelas que quase ocupava a parede inteira e dava vista para a praia.
- Aqui é lindo. - Me virei para os dois - Um dia eu ainda compro uma casa na praia. - Cruzei os braços. - O único problema é que só tem uma cama.
-Eu posso dormir no sofá. - Benjamin disse, vendo minha cara de apreensiva. - Não tem problema.
- Desculpa gente, vocês vão ter que dormir na mesma cama. - Nós dois olhamos para Connor - Já pensou se a mamãe entra aqui e que te encontra no sofá, Ben?
- Ela pode pensar que nós brigamos. - Eu respondi, dando de ombros.
- Acredite, vai ser bem pior. - Ele se virou pra Ben. - Lembra quando ela obrigava a gente a resolver nossas brigas na frente de todo mundo? Terapia em grupo? - Benjamin fez uma cara de pânico.
- Sua mãe fazia o que? - Eu disse, um pouco mais alto. O que fez minha cabeça doer. - Quer saber?! A esse ponto eu não me importo. - Me virei para Ben que apenas deu de ombros. - Então está ótimo. - Apontei para a cama. - A cama é grande de toda forma, a gente dorme em lados opostos. Ou faz uma barreira de travesseiros.
- Já que isso está resolvido, será que vocês dois podem sair um minuto enquanto eu troco de roupa? - Ben disse, apontando para a porta.
- Por quê? Não é como se eu já não tivesse te visto nu. - Connor deu de ombros. Benjamin olhou para mim, indicado que era eu que tinha que sair do quarto. - Vai dizer que a Maria não sabe?!
- Não sabe do quê? - Connor olhou para mim e depois pra Ben.
- Ah meu Deus, ela nunca viu?! - Connor soltou uma gargalhada. - Nem uma das pequenas?!
- Connor, vai pro inferno!
- Do que vocês dois estão falando?! - Olhei confusa, para os dois.
- Oh, Maria, tudo isso está prestes a ficar mais interessante. - Ele bateu seu ombro no meu, antes de virar para Ben e dizer. - Tira esse terno, Ben.
- Não. - Ele respondeu, cruzando os braços.
- Não é como se uma hora ou outra ela não fosse descobrir. Aliás, é mais do que óbvio que ela já tenha visto a essa altura do campeonato.
- Alguém pode me dizer o que está acontecendo? - Joguei as mãos para o alto.
- Vamos logo, Benjamin, a gente não tem o dia todo.
- Tudo bem! - Frustrado, Benjamin começou a tirar sua roupa. Começou pela gravata, depois desabotoou os punhos e procedeu desabotoando a camisa. A cada botão minha garganta ficava mais seca, Channing Tatum não tinha nada quando Benjamin Hastings tirava a roupa daquela maneira. Em um movimento rápido, Ben tirou o terno e camisa, revelando algo que eu nunca ia imaginar: tatuagens. E não era só uma ou outra aqui e acolá, era, literalmente, o seu tronco inteiro, começando do final do pescoço e indo até o final do seu abdômen; dos seus braços elas começavam do ombro até os punhos.
- Isso é que é presente de natal, hein Maria?! - Ele bateu nas minhas costas, fazendo com que eu olhasse para ele.
- Eu vou tomar banho. - Benjamin murmurou, indo em direção ao banheiro.
- Connor, você lembra quando eu disse que nunca na minha vida eu iria me sentir atraída pelo seu irmão?
- Claro que lembro.
- E se eu comentar que seu irmão é um Deus grego e que eu vou tirar um pouco de proveito dessa situação, você aceita eu colocar a culpa no meu período fértil?
- Aceito.
- Porque aquele ser dento daquele banheiro, é um pedaço de mau caminho. Melhor dizer, quem inventou essa expressão estava pensando nele. Deus, o que está acontecendo comigo?! O que eu estou falando? Eu realmente estou perdendo a cabeça. - Me joguei na cama. Maria, pensa em outra coisa! Gatinhos! Relatórios! Vovó dirigindo carros!
- Maria, tudo bem se sentir atraída por alguém, principalmente por alguém como o Ben, ele é tudo que uma mulher quer.
- Bem sucedido, trabalhador, bonito, gostoso e com um bônus que debaixo daquele terno perfeitamente feito pro seu corpo, tem um monte de tatuagem.
- É, alguma coisa do tipo. - Eu virei meu rosto para o lado, olhando para ele. - Connor, eu preciso te contar uma coisa.
- Agora você me assustou, Maria. - Ele se sentou e eu fiz o mesmo. - Aconteceu alguma coisa?
- Você lembra quando não pode ir praquela convenção em Paris e Benjamin pediu que eu fosse? - Ele assentiu. - Bem, você lembra quando você me perguntou se aconteceu alguma coisa? - Ele assentiu outra vez. - Eu beijei seu irmão. Ou ele me beijou, ou nós nos beijamos. Eu realmente não sei como aconteceu, e não passou de uns amassos, mas me tirou o fôlego e eu não consigo parar de pensar nisso desde que aconteceu. - Eu olhei para ele. - Você não vai dizer nada?
- Era inevitável, Maria, você já deveria saber disso.
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Inevitável
Short Story"Era oficial, eu estava obcecada em beija-lo. Não só em beija-lo, em toca-lo, em vê-lo sem camisa, em vê-lo de terno, no seu sorriso, no jeito que ele sorria de lado, no jeito que ele segurava minha mão ou passava o braço por meus ombros ou segurav...